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Clinton e Lagarde tentam quebrar teto de vidro para mulheres

Para uma das primeiras candidatas à presidência dos EUA e a primeira mulher a dirigir o FMI, as mulheres ainda enfrentam obstáculos no local de trabalho

Hillary Clinton: “é importante que olhemos isso de modo global e digamos ‘sim, progredimos. Mas ainda temos um longo caminho pela frente”, disse (Gary Cameron/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 15h10.

Washington - Cada vez mais titãs de maior perfil na política, nas finanças e na indústria têm algo em comum: são mulheres .

Ontem à noite, em um evento cheio de estrelas em Manhattan, ocorreu uma entrevista conjunta com Hillary Clinton , uma das primeiras candidatas às eleições presidenciais de 2016 nos EUA, e Christine Lagarde, a primeira mulher a dirigir o FMI.

Em Washington, a presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, e a CEO da General Motors Co., Mary Barra, a primeira mulher a dirigir uma grande montadora americana, sobreviveram nesta semana a um interrogatório historicamente reservado aos homens.

Contudo, a diretora financeira da Morgan Stanley, Ruth Porat, lamentou em 2 de abril a “vergonha” dos dados que mostram que as mulheres não estão ocupando posições de liderança nas empresas americanas.

A evidência conflitante é um lembrete para algumas mulheres de uma característica fundamental do caminho para a conquista do poder: os mesmos marcos que indicam o quão longe elas chegaram também indicam a distância que ainda há pela frente.

“É importante que olhemos isso de modo global e digamos ‘sim, progredimos’”, disse Clinton ontem sobre as melhorias para as mulheres no mundo nas últimas duas décadas. “Mas ainda temos um longo caminho pela frente”.

Clinton, 66, e Lagarde, 58, disseram que as mulheres ainda enfrentam obstáculos no local de trabalho, incluindo homens que não querem saber de mulheres no poder.

“Ainda existe esse elemento do teto de vidro”, disse Lagarde. “Toda vez que eu vejo aquele sorrisinho imperceptível, eu digo ‘sim, sou a lunática que fala sobre mulheres’”.


Candidatas presidenciais

Ambas as mulheres são consideradas potenciais candidatas presidenciais, Clinton como líder dos EUA e Lagarde na França ou como diretora da Comissão Europeia.

Ambas enfatizaram a importância de compilar, analisar e difundir dados sobre as formas em que a melhoria do tratamento às mulheres pode ajudar a economia de um país.

“Para muitas de nós, o argumento da equidade das mulheres, dos direitos das mulheres, era acima de tudo um argumento moral e um argumento político”, disse Clinton.

“Mas eu acredito que onde agora isso é um argumento econômico se trate em muitos casos de um amadurecimento do argumento de que os direitos das mulheres são direitos humanos, mas também uma forma muito importante de conseguir maior apoio”.

Embora Clinton, Lagarde, Yellen e Barra forneçam evidência incontestável de que as mulheres podem chegar à elite política e econômica, os dados sugerem que as filas não são robustas.

Somente 4,6 por cento das empresas no ranking Fortune 1000 são dirigidas por mulheres, conforme a Catalyst, organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, focada em dar poder às mulheres no local de trabalho. Sétima colocada na lista da Fortune, a GM é a empresa de classificação mais elevada com uma mulher no comando.


Números vergonhosos

As estatísticas são “uma vergonha”, disse Porat em comentários na Japan Society, em Nova York. “Não é uma fraqueza das mulheres. Somos talentosas e inteligentes”.

Disparidades existem em ambos os extremos da escala econômica no mundo. Em 2012, uma pesquisa da Gallup para o Banco Mundial mostrou que somente 47 por cento das mulheres possuem uma conta bancária, comparado com 55 por cento dos homens. No sul da Ásia, a brecha era de 16 pontos porcentuais, e só 25 por cento das mulheres informaram que tinham uma conta.

Nesta semana no Capitólio, onde um recorde de 20 dos 100 senadores agora são mulheres, Barra descobriu que seu gênero não era uma vantagem.

A senadora Barbara Boxer, democrata pela Califórnia, repreendeu Barra por não conseguir criar uma melhor atmosfera na GM desde que assumiu o controle da montadora, em janeiro.

A avalanche de reprimendas de legisladoras – incluindo a senadora democrata pelo Missouri, Claire McCaskill; a senadora republicana por New Hampshire, Kelly Ayotte; e a deputada democrata pelo Colorado, Diana DeGette – sinalizou “progresso” para certas mulheres.

“Observação: as audiências da GM ilustram quão longe as mulheres chegaram”, escreveu a repórter da CNN Dana Bash no Twitter nesta semana. “Primeira CEO mulher de montadora recebe as questões mais duras de legisladoras”.

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Washington - Cada vez mais titãs de maior perfil na política, nas finanças e na indústria têm algo em comum: são mulheres .

Ontem à noite, em um evento cheio de estrelas em Manhattan, ocorreu uma entrevista conjunta com Hillary Clinton , uma das primeiras candidatas às eleições presidenciais de 2016 nos EUA, e Christine Lagarde, a primeira mulher a dirigir o FMI.

Em Washington, a presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, e a CEO da General Motors Co., Mary Barra, a primeira mulher a dirigir uma grande montadora americana, sobreviveram nesta semana a um interrogatório historicamente reservado aos homens.

Contudo, a diretora financeira da Morgan Stanley, Ruth Porat, lamentou em 2 de abril a “vergonha” dos dados que mostram que as mulheres não estão ocupando posições de liderança nas empresas americanas.

A evidência conflitante é um lembrete para algumas mulheres de uma característica fundamental do caminho para a conquista do poder: os mesmos marcos que indicam o quão longe elas chegaram também indicam a distância que ainda há pela frente.

“É importante que olhemos isso de modo global e digamos ‘sim, progredimos’”, disse Clinton ontem sobre as melhorias para as mulheres no mundo nas últimas duas décadas. “Mas ainda temos um longo caminho pela frente”.

Clinton, 66, e Lagarde, 58, disseram que as mulheres ainda enfrentam obstáculos no local de trabalho, incluindo homens que não querem saber de mulheres no poder.

“Ainda existe esse elemento do teto de vidro”, disse Lagarde. “Toda vez que eu vejo aquele sorrisinho imperceptível, eu digo ‘sim, sou a lunática que fala sobre mulheres’”.


Candidatas presidenciais

Ambas as mulheres são consideradas potenciais candidatas presidenciais, Clinton como líder dos EUA e Lagarde na França ou como diretora da Comissão Europeia.

Ambas enfatizaram a importância de compilar, analisar e difundir dados sobre as formas em que a melhoria do tratamento às mulheres pode ajudar a economia de um país.

“Para muitas de nós, o argumento da equidade das mulheres, dos direitos das mulheres, era acima de tudo um argumento moral e um argumento político”, disse Clinton.

“Mas eu acredito que onde agora isso é um argumento econômico se trate em muitos casos de um amadurecimento do argumento de que os direitos das mulheres são direitos humanos, mas também uma forma muito importante de conseguir maior apoio”.

Embora Clinton, Lagarde, Yellen e Barra forneçam evidência incontestável de que as mulheres podem chegar à elite política e econômica, os dados sugerem que as filas não são robustas.

Somente 4,6 por cento das empresas no ranking Fortune 1000 são dirigidas por mulheres, conforme a Catalyst, organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, focada em dar poder às mulheres no local de trabalho. Sétima colocada na lista da Fortune, a GM é a empresa de classificação mais elevada com uma mulher no comando.


Números vergonhosos

As estatísticas são “uma vergonha”, disse Porat em comentários na Japan Society, em Nova York. “Não é uma fraqueza das mulheres. Somos talentosas e inteligentes”.

Disparidades existem em ambos os extremos da escala econômica no mundo. Em 2012, uma pesquisa da Gallup para o Banco Mundial mostrou que somente 47 por cento das mulheres possuem uma conta bancária, comparado com 55 por cento dos homens. No sul da Ásia, a brecha era de 16 pontos porcentuais, e só 25 por cento das mulheres informaram que tinham uma conta.

Nesta semana no Capitólio, onde um recorde de 20 dos 100 senadores agora são mulheres, Barra descobriu que seu gênero não era uma vantagem.

A senadora Barbara Boxer, democrata pela Califórnia, repreendeu Barra por não conseguir criar uma melhor atmosfera na GM desde que assumiu o controle da montadora, em janeiro.

A avalanche de reprimendas de legisladoras – incluindo a senadora democrata pelo Missouri, Claire McCaskill; a senadora republicana por New Hampshire, Kelly Ayotte; e a deputada democrata pelo Colorado, Diana DeGette – sinalizou “progresso” para certas mulheres.

“Observação: as audiências da GM ilustram quão longe as mulheres chegaram”, escreveu a repórter da CNN Dana Bash no Twitter nesta semana. “Primeira CEO mulher de montadora recebe as questões mais duras de legisladoras”.

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