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China chama EUA de "egoístas" por quererem reviver carvão

Decisão de Donald Trump de retroceder nas regulações ambientais do governo Obama corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa

Governo Trump: EUA e China concordam que é necessário agir para acabar com o arsenal nuclear da Coreia do Norte (Kevin Lamarque/Reuters)

Governo Trump: EUA e China concordam que é necessário agir para acabar com o arsenal nuclear da Coreia do Norte (Kevin Lamarque/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 31 de março de 2017 às 15h38.

Última atualização em 31 de março de 2017 às 18h29.

São Paulo - A China está absolutamente perplexa com a decisão do governo americano de reverter os regulamentos ambientais da era Obama e resolver investir novamente nas poluentes usinas a carvão.

As medidas de Donald Trump para retroceder no Plano de Energia Limpa corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa assumidos no histórico Acordo de Paris, após anos de negociações climáticas.

Em um editorial altamente crítico à reviravolta nas intenções americanas, o tabloide chinês The Global Times afirma que o que os EUA estão fazendo prejudica os esforços de outros países no combate às mudanças climáticas e crava: "a opinião ocidental deve continuar a pressionar a administração de Trump. O egoísmo político de Washington deve ser desencorajado".

O carvão sempre foi central no desenvolvimento da China, mas, nos últimos anos, o país tem feito grandes avanços na adoção de energia renovável e no sentido de fechar sua minas de carvão, responsáveis pela péssima qualidade do ar na região.

Enquanto isso, Trump caminha na direção oposta, e tem elogiado o retorno de carvão, apesar de toda a evidência do crescimento das energias renováveis e até mesmo a realidade da mudança climática.

O editorial também destaca que Pequim se sente desconfortável com a perspectiva de assumir a liderança da luta contra a mudança climática global e não poderia preencher o vácuo deixado pelos EUA.

"A China continuará a ser o maior país em desenvolvimento do mundo por um longo tempo. Como se pode esperar que o país sacrifique seu próprio espaço de desenvolvimento para as potências desenvolvidas do ocidente?"

De fato, a negligência de Trump com o acordo de Paris prejudica a reputação dos EUA, ao passo que cria uma oportunidade para a China preencher a vaga deixada e assumir um papel de liderança maior na luta contra as mudanças climáticas e envolver-se mais na cooperação bilateral e na governança global.

Porém, como observa o jornal britânico The Guardian, a retórica de Pequim muitas vezes supera seus compromissos de reduzir as emissões e, não se pode esquecer que o país também consome mais carvão do que o resto do mundo combinado, embora esse uso tenha se estabilizado nos últimos anos.

"A China não é o tipo de líder em termos de mudanças climáticas que atrairá outros países", disse ao jornal Lauri Myllyvirta, do Greenpeace, com sede em Pequim. "O governo chinês só vai se comprometer com metas que é muito confortável entregar e ele precisa trabalhar com outros grandes países. A China não vai atacar por conta própria."

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