Candidatura mexicana ao FMI não conseguiu o apoio dos emergentes
Segundo especialistas, candidatura de Agustín Carstens carece de peso político
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2011 às 19h51.
MÉXICO, México (AFP) - A candidatura de Agustín Carstens para dirigir o FMI ante a francesa Christine Lagarde, não conseguiu seduzir as potências emergentes porque, segundo especialistas, carece de peso político para conseguir uma mudança no Fundo Monetário Internacional que reflita a nova configuração da economia mundial.
Vindo da Universidade de Chicago, Carstens é "percebido como um monetarista ortodoxo e estamos numa crise que demonstrou que o monetarismo ortodoxo não funciona", disse à AFP Oscar Ugarteche, economista e pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México.
O candidato mexicano, que ocupou o terceiro cargo mais importante dentro do FMI, tem "como credencial uma queda do PIB mexicano de 6,5% em 2009. Isso é mal visto pelo mundo porque nada fez para prevenir a crise", informou Ugarteche.
O especialista acredita que esse é um sinal da falta de independência de Carstens em relação ao departamento de Tesouro dos Estados Unidos.
Atualmente, há uma mudança geral na estrutura da economia mundial que o organismo teria que refletir. As economias líderes mostram um crescimento lento, má perspectiva de futuro e suas moedas se desvalorizam, considerou o especialista.
Os dois candidatos fizeram esta semana suas apresentações orais ao conselho de administração do FMI, que decidirá antes de 30 de junho quem será o próximo diretor-gerente do organismo.
Em seu pronunciamento, Carstens ofereceu dar mais peso às economias emergentes, integradas principalmente pelo grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assim como aumentar o fundo disponível que é atualmente de 660 bilhões de dólares, o mais alto da história.
Os países emergentes, no entanto, não estão de acordo para votar num mesmo sentido. Os países do Brics, que representam 40% da população mundial, compartilham a característica de serem emergentes, mas carecem de políticas comuns, assinalou por sua vez Jayshree Sengupta do Observatório de Pesquisas de Nova Délhi.
"Eles juntos poderiam ser um poder no futuro, mas o cimento entre eles ainda não existe", acrescentou Sengupta.
Carstens e Lagarde fizeram intensa campanha no Brasil, na China e na Índia, mas nenhum dos dois conseguiu o apoio aberto destas nações que se pronunciaram contra a velha regra de que o diretor-gerente do FMI seja um europeu e o dirigente do Banco Mundial, um americano.
O candidato mexicano lançou-se nesta aventura apostando que a europeia não obtivesse consenso, mas não conseguiu maior visibilidade, comentou por sua vez Raúl Feliz, do Centro de Pesquisas e Docência Econômicas.
Os países europeus expressaram apoio total à candidata francesa, que, durante sua apresentação ao conselho de administração, comprometeu-se a não ser indulgente com as nações do velho continente que passam por dificuldades econômicas.
Os Estados Unidos, que possuem 16,78% do total de votos no FMI, tampouco concederam apoio aberto aos dois, limitando-se a qualificá-los de candidatos "sólidos".
MÉXICO, México (AFP) - A candidatura de Agustín Carstens para dirigir o FMI ante a francesa Christine Lagarde, não conseguiu seduzir as potências emergentes porque, segundo especialistas, carece de peso político para conseguir uma mudança no Fundo Monetário Internacional que reflita a nova configuração da economia mundial.
Vindo da Universidade de Chicago, Carstens é "percebido como um monetarista ortodoxo e estamos numa crise que demonstrou que o monetarismo ortodoxo não funciona", disse à AFP Oscar Ugarteche, economista e pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México.
O candidato mexicano, que ocupou o terceiro cargo mais importante dentro do FMI, tem "como credencial uma queda do PIB mexicano de 6,5% em 2009. Isso é mal visto pelo mundo porque nada fez para prevenir a crise", informou Ugarteche.
O especialista acredita que esse é um sinal da falta de independência de Carstens em relação ao departamento de Tesouro dos Estados Unidos.
Atualmente, há uma mudança geral na estrutura da economia mundial que o organismo teria que refletir. As economias líderes mostram um crescimento lento, má perspectiva de futuro e suas moedas se desvalorizam, considerou o especialista.
Os dois candidatos fizeram esta semana suas apresentações orais ao conselho de administração do FMI, que decidirá antes de 30 de junho quem será o próximo diretor-gerente do organismo.
Em seu pronunciamento, Carstens ofereceu dar mais peso às economias emergentes, integradas principalmente pelo grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assim como aumentar o fundo disponível que é atualmente de 660 bilhões de dólares, o mais alto da história.
Os países emergentes, no entanto, não estão de acordo para votar num mesmo sentido. Os países do Brics, que representam 40% da população mundial, compartilham a característica de serem emergentes, mas carecem de políticas comuns, assinalou por sua vez Jayshree Sengupta do Observatório de Pesquisas de Nova Délhi.
"Eles juntos poderiam ser um poder no futuro, mas o cimento entre eles ainda não existe", acrescentou Sengupta.
Carstens e Lagarde fizeram intensa campanha no Brasil, na China e na Índia, mas nenhum dos dois conseguiu o apoio aberto destas nações que se pronunciaram contra a velha regra de que o diretor-gerente do FMI seja um europeu e o dirigente do Banco Mundial, um americano.
O candidato mexicano lançou-se nesta aventura apostando que a europeia não obtivesse consenso, mas não conseguiu maior visibilidade, comentou por sua vez Raúl Feliz, do Centro de Pesquisas e Docência Econômicas.
Os países europeus expressaram apoio total à candidata francesa, que, durante sua apresentação ao conselho de administração, comprometeu-se a não ser indulgente com as nações do velho continente que passam por dificuldades econômicas.
Os Estados Unidos, que possuem 16,78% do total de votos no FMI, tampouco concederam apoio aberto aos dois, limitando-se a qualificá-los de candidatos "sólidos".