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Ban Ki-moon reivindica resposta global em massa contra ebola

O secretário-geral da ONU afirmou que deve haver uma resposta global em massa imediata contra o vírus

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: o ebola "se transformou em uma crise mundial", disse (Haidar Hamdani/AFP)
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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 11h32.

Adis-Abeba  - O secretário-geral das Nações Unidas , Ban Ki-moon, afirmou nesta terça-feira em Adis-Abeba que o ebola se transformou em "uma crise mundial" e, para fazer frente a ele, reivindicou uma "resposta global em massa" imediata.

Ban fez estas declarações depois de se reunir hoje, com o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e com a presidente da comissão da União Africana (AU), Nkosazana Dlamini Zuma, na capital etíope. O surto de ebola na África Ocidental e suas implicações socioeconômicas e de segurança foram o tema central do segundo dia em Adis-Abeba, que Ban visita junto ao líder do Banco Mundial para abordar "assuntos nacionais, regionais e mundiais".

"Isto (o ebola) se transformou em uma crise mundial que requer uma resposta global em massa, e é por isso que estou aqui", disse o principal responsável da ONU.

Ban afirmou que a comunidade internacional tem pela frente "um longo caminho" se quiser reverter à epidemia de ebola e ajudar os países afetados a reconstruir suas economias.

O secretário-geral da ONU também mostrou seu respaldo à Missão de Apoio da UA contra o surto do ebola na África Ocidental (ASEOWA, sigla em inglês), que recentemente apelou à solidariedade para suprir a falta de financiamento e de profissionais da saúde nos países atingidos.

"Encorajo a esta missão a coordenar esforços estreitamente com a Missão da ONU para uma Resposta de Emergência perante o ebola (UNMEER)", declarou Ban.

A UNMEER, a primeira operação de emergência sanitária das Nações Unidas, iniciou seus trabalhos em 19 de setembro na África Ocidental com o objetivo de dar uma reviravolta na luta contra a epidemia do ebola na região em um prazo de 60 dias.

Esta missão da ONU está reivindicando apoio financeiro para a ASEOWA, que insistiu em que precisa de mais financiamento para seu desdobramento e operações. Com essa finalidade, a ONU, a União Europeia, o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Islâmico de Desenvolvimento mobilizarão seus recursos em apoio as equipes médicas voluntárias desdobradas na África Ocidental sob a missão da UA.

Por sua vez, a Noruega assinou hoje em Adis-Abeba um acordo para destinar uma de US$ 2,7 milhões a ASEOWA.

Ban também reiterou seu pedido lançado ontem para que parem de isolar os países afetados pelo ebola - Libéria, Serra Leoa e Guiné, principalmente - já que isso "não irá deter o vírus". Em seus discursos para a imprensa, os três líderes pediram à comunidade internacional para deixar de considerar o ebola como um problema exclusivo da África Ocidental e a atuar em consequência.

O presidente do Banco Mundial criticou a noção que existe no Ocidente sobre o surto de ebola afetar toda África, algo que atribuiu à "simples falta de conhecimento de Geografia que levou a pensar na África como um país".

"Estou aqui para esclarecer, enfaticamente, que a África está aberta a negócios e a maioria dos países africanos não está afetado pelo ebola", especificou.

Por sua vez, a presidente da Comissão da União Africana solicitou à comunidade internacional "fazer mais e o mais rápido o possível".

Os casos de ebola já chegaram a 10.141 em oito países afetados. Desse total, pelo menos 4.922 morreram, segundo os últimos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O vírus ebola tem um índice de mortalidade de 70%. Ao lado da tragédia, o fotógrafo John Moore decidiu retratar os raros sobreviventes da doença na Libéria, o país mais afetado pela epidemia. Na foto, Jeremra Cooper, 16, enxuga o rosto do calor, enquanto espera na seção de baixo risco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em Paynesville, Libéria. O aluno da 8 ª série disse que perdeu seis familiares para a epidemia de Ebola antes de ficar doente e de ser enviado para o centro dos MSF, onde ele se recuperou após um mês.
  • 2. Mohammed Wah, 23

    2 /15(John Moore/Getty Images)

  • Veja também

    O trabalhador da construção civil diz que o Ebola matou cinco membros de sua família e que ele acha que contraiu a doença enquanto cuidava de seu sobrinho.
  • 3. Varney Taylor, 26

    3 /15(John Moore/Getty Images)

  • Perdeu três membros da família para a doença e acredita que contraiu Ebola enquanto carregava o corpo de sua tia após a morte dela.
  • 4. Benetha Coleman, 24

    4 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram em decorrência da doença.
  • 5. Victoria Masah, 28

    5 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram por causa do ebola.
  • 6. Eric Forkpa, 23

    6 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante de engenharia civil, disse que acha que pegou ebola enquanto cuidava de seu tio doente. Ele passou 18 dias no centro dos MSF se recuperando do vírus.
  • 7. Emanuel Jolo, 19

    7 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante do ensino médio perdeu seis membros da família e acredita que contraiu a doença enquanto lavava o corpo de seu pai, que morreu de Ebola.
  • 8. James Mulbah, 2

    8 /15(John Moore/Getty Images)

    O garotinho posa para a foto enquanto é segurado pela mãe, que também se recuperou do ebola.
  • 9. John Massani, 27

    9 /15(John Moore/Getty Images)

    Trabalhador da construção civil, ele acredita que pegou a doença enquanto carregava o corpo de um parente. Ele perdeu seis familiares por causa do ebola.
  • 10. Mohammed Bah, 39

    10 /15(John Moore/Getty Images)

    Bah, que trabalha como motorista, perdeu a mulher, a mãe, o pai e a irmã para o ebola.
  • 11. Vavila Godoa, 43

    11 /15(John Moore/Getty Images)

    O alfaiate diz que o estigma de ter tido Ebola é algo difícil. Ele perdeu todos os seus clientes devido ao medo. "Eles não vêm mais", afirma. Ele acredita que pegou Ebola enquanto cuidava de sua esposa doente.
  • 12. Ami Subah, 39

    12 /15(John Moore/Getty Images)

    Subah, uma parteira, acha que pegou ebola quando fez o parto de um bebé de uma mãe doente. O menino, segundo ela, sobreviveu, mas a mãe morreu. Ela diz que não teve trabalho desde sua recuperação, devido ao estigma de ter tido Ebola. "Não me deixam nem tirar água do poço comunitário", afirma.
  • 13. Peters Roberts, 22

    13 /15(John Moore/Getty Images)

    O aluno do 11º ano perdeu uma irmã, o tio e um primo para o Ebola. Ele acredita que contraiu a doença enquanto cuidava de seu tio.
  • 14. Anthony Naileh, 46, e Bendu Naileh, 34

    14 /15(John Moore/Getty Images)

    Anthony disse que é um estenógrafo no Senado liberiano e planeja voltar a trabalhar na sessão de janeiro. Bendu, uma enfermeira, acha que pegou ebola após colocar as mãos em posição de oração ao rezar por um sobrinho que tinha a doença. Em seguida, ela adoeceu e seu marido cuidou dela.
  • 15. Moses Lansanah, 30

    15 /15(John Moore/Getty Images)

    O trabalhador da construção civil perdeu sua noiva Amifete, com então 22 anos, que estava grávida de 9 meses do seu filho.
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