Autor de massacre em igreja faz a própria defesa em julgamento
Roof se dirigiu diretamente aos 12 membros do júri que devem decidir sobre sua vida porque escolheu abrir mão de seus advogados
EFE
Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 21h21.
Washington - Dylann Roof, o homem que em 2015 matou nove fiéis negros em uma histórica igreja de Charleston, nos Estados Unidos, representou a si mesmo nesta quarta-feira em seu julgamento e assegurou que tinha faculdades mentais plenas no momento do massacre .
"Não há nada errado comigo psicologicamente", garantiu Roof hoje, no primeiro dia da fase final do julgamento, perante o júri que deve decidir se será condenado à morte ou à prisão perpétua.
Roof, de 22 anos, se dirigiu diretamente aos 12 membros do júri que devem decidir sobre sua vida porque escolheu abrir mão de seus advogados e se representar na fase final do processo, na qual não pretende chamar nenhuma testemunha nem apresentar novas provas.
Embora sua defesa tenha qualificado a atitude de Roof de "delirante" e "anormal", o juiz Richard M. Gergel, da corte do distrito sul da Carolina do Sul, considerou nesta segunda-feira que o jovem tem competência mental e emocional para defender a si mesmo.
Uma defesa baseada em uma incapacidade mental poderia ser a melhor oportunidade de Roof para livrar-se da pena de morte, mas o jovem garantiu hoje que estava em pleno exercício de suas faculdades mentais quando, na noite de 17 de junho de 2015, matou nove fiéis negros e feriu outros cinco.
"Não vou mentir pra vocês, nem pra mim mesmo nem a ninguém mais", disse hoje Roof com um tom de voz muito baixo e enquanto seus avôs presenciavam seus argumentos da segunda fila da sala, segundo informou a imprensa local.
O jovem já tinha comunicado ao juiz que não chamará para testemunhar nenhum especialista de saúde mental porque não acredita que a psicologia seja uma ciência confiável, segundo escreveu em seu diário pessoal, de acordo com o jornal "The New York Times".
"Quero declarar que me oponho moralmente à psicologia", escreveu Roof em seu diário, acrescentando que a psicologia "é uma invenção judia e não faz mais que inventar doenças e dizer às pessoas que têm problemas quando não os tem".
No mês passado, os próprios membros do júri que hoje escutaram Roof o declararam culpado das 33 acusações que pesavam contra ele, incluindo crimes de ódio e posse ilegal de armas.
Se o júri não pronunciar um veredicto unânime a favor da pena capital, Roof passará o resto da sua vida em prisão.
Durante a audiência de hoje, os promotores voltaram a retratar Roof como um "frio e calculista" supremacista branco que planejou durante meses o ataque e o cometeu com o objetivo de desencadear uma guerra racial em um momento de grande tensão social nos EUA pela morte de afro-americanos em ações de policiais brancos.
Para demonstrar que Roof deve ser condenado à morte, o promotor Nathan Williams leu trechos de um texto escrito pelo acusado seis semanas depois do massacre nos quais assegurava que, embora já não pudesse ir ao cinema ou comer boa comida, o ataque à igreja da comunidade afro-americana tinha "valido a pena".
Durante o processo, Roof confessou os crimes e reconheceu que escolheu atacar a igreja metodista de Charleston por ser uma das mais antigas congregações do sul dos Estados Unidos e uma das mais firmes na defesa dos direitos dos negros.