Passageiros aguardam o aeroporto de Berlim-Tegel: ainda não é possível determinar uma nova data de abertura até meados do ano, disse o chefe da equipe técnica de obras (Hannibal Hanschke/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 10h45.
Berlim - A sequência de atrasos na abertura do novo aeroporto de Berlim, previsto inicialmente para ficar pronto em 2010, além de outros problemas em grandes obras públicas na Alemanha, mancham o setor de infraestrutura do país, considerado bastante confiável e eficiente.
O suspenso envolve a inauguração do aeroporto Berlim-Brandeburgo (BBI), orçado em 4,3 bilhões de euros, o dobro do inicialmente previsto, depois que o chefe da equipe técnica de obras, Horst Amann, admitiu que surgiram problemas durante sua construção.
Amann revelou ainda que não é possível determinar uma nova data de abertura até meados do ano. Um dia antes, o prefeito da capital alemã, o social-democrata Klaus Wowereit, anunciou uma nova postergação da entrega do aeroporto.
Este foi o quinto adiamento da obra. Mais de vinte anos depois da queda do Muro, Berlim continua sem um aeroporto internacional condizente com sua condição de capital da primeira economia europeia.
A alta popularidade do prefeito sofreu uma queda quando ele anunciou o terceiro adiamento da obra, em junho de 2012, apenas duas semanas antes do prazo previsto de entrega, o que ocasionou enormes perdas para companhias aéreas e empresas que se programaram para operar no BBI.
Sobre Wowereit pesa agora a ameaça de uma moção de censura na câmara regional. Se algo pode salvar o prefeito, é o fato do Partido Social-Democrata (SPD) fazer parte da coalizão de governo ao lado da União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel. Além disso, a responsabilidade também recai sobre o Ministério de Obras Públicas.
Por isso, o caso do BBI também se tornou parte do jogo político, e os protestos contra os atrasos são incentivados pela esquerda e os partidos Verde e Pirata.
Em função dos adiamentos, a cidade continua precisando de seus dois aeroportos, Tegel e Schonefeld, que embora defasados, são práticos e ficam a meia hora do centro via transporte público.
As companhias aéreas, como a Lufthansa e Air Berlin, cobram das autoridades e pedem indenizações em função dos problemas logísticos causados pela demora e a necessidade de sanearem suas finanças.
O caso do BBI, que terá o nome do ex-prefeito de Berlim e ex-chanceler social-democrata Willy Brandt, não é o único exemplo de grandes projetos que não decolam na Alemanha de Merkel.
Outro exemplo famoso é a futura estação ferroviária de Stuttgart, projeto nascido em 1995 e orçado em 2,5 bilhões de euros, que sofreu sucessivos atrasos tanto pela oposição da população como por problemas técnicos.
A obra foi paralisada por várias vezes, seus custos duplicaram até 5,6 bilhões de euros e não há data definida para sua abertura. Os cidadãos resistiram ao projeto, com manifestações semanais e até enfrentamentos com a polícia, por considerá-lo caro e desnecessário.
Outras iniciativas tachadas de megalomaníacas são o Grande Teatro de Ópera, em Hamburgo, e o novo metrô de Colônia. Em todos esses casos existem acusações de má gestão e críticas à utilidade das obras para a população alemã, tradicionalmente contrária ao desperdício.