Submarino: quase 100 parentes de militares aguardam notícias (Magali Cervantes/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 11h57.
Após oito dias de intensas buscas pelo submarino desaparecido no Atlântico Sul com 44 tripulantes, a Argentina investiga se aconteceu uma explosão a bordo da embarcação, depois que uma avaria nas baterias foi informada em sua última comunicação.
Na quarta-feira à noite, a Armada (Marinha de Guerra) informou sobre uma "anomalia hidroacústica" registrada depois da última comunicação do "ARA San Juan", mas se negou a especular se seria compatível com uma explosão.
Com participação de 13 países, a busca na superfície e em profundidade não apresentou resultados, apesar das várias pistas apontadas e depois descartadas.
O novo registro sonoro aconteceu na quarta-feira de 15 de novembro, "quase três horas depois da última comunicação, 30 milhas ao norte de onde foi feito o contato e no caminho para Mar del Plata", revelou o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi.
Um novo boletim oficial da Marinha será divulgado nesta quinta.
"Um grave problema com as baterias pode gerar hidrogênio. Hidrogênio acima de um certo percentual é explosivo. Explode por si mesmo. Se aconteceu uma explosão.... então tudo está perdido", disse à AFP um ex-comandante de submarino que pediu anonimato.
Balbi se recusou a falar sobre uma explosão.
"Não vamos fazer conjeturas", disse, ao anunciar o estudo americano que determinou o registro sonoro atualmente sob análise.
Uma explosão repentina em imersão poderia explicar a ausência de sinais de emergência, como liberar balsas, ou radiobalizas para ajudar no resgate, como indicam os procedimentos navais habituais.
Sete dias de intensas tempestades na zona de busca provocaram a esperança de que o capitão do submarino poderia ter optado por assegurar a navegação submerso, ao invés de emergir como indica o protocolo quando se perde toda a comunicação com as bases em terra.
Agora, considera-se praticamente descartado que o submarino tenha mantido a possibilidade de propulsão, já que não foi localizado na rota que deveria seguir, de Ushuaia, no extremo austral do país, até o porto de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, aonde deveria ter chegado entre domingo e segunda-feira.
O diretor do Centro de Pesquisas Marítimas da Argentina, contra-almirante Guillermo Delamer, pediu paciência.
"O ruído ainda não pode ser atribuído ao submarino", afirmou.
O "ruído" foi detectado a 400 km da costa e 60 km ao norte da última posição comunicada pelo submarino.
"Uma das versões mais verossímeis é a de uma explosão provocada por um curto-circuito no bloco de 960 baterias que dão energia ao TR-1700", afirma o jornal La Nación.
Outro jornal, o Clarín, informa que "a Armada investiga se aconteceu uma explosão no dia do desaparecimento do submarino".
Na base naval de Mar del Plata, quase 100 parentes de militares aguardam notícias e recebem o apoio de psicólogos e médicos.
Cenas de desespero foram observadas na quarta-feira dentro da base.
O acesso da imprensa ao local foi vetado. O alambrado ao redor da base está repleto de mensagens religiosas, bandeiras argentinas e mensagens de força aos tripulantes e suas famílias.