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Arábia Saudita se aproxima da China, sem dar as costas aos EUA

A visita do presidente chinês, Xi Jinping, à Arábia Saudita, consagrou a aproximação dos dois países e significou, para Riade, um exercício de equilíbrio entre a China e os Estados Unidos, seus aliados tradicionais

O príncipe-herdeiro saudita Mohamed Bin Salman (D) aperta a mão do presidente chinês, Xi Jinping, durante cúpula CCG-China, em Riade. (agência saudita de imprensa, SPA/AFP)
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AFP

Publicado em 10 de dezembro de 2022 às 13h19.

A visita do presidente chinês, Xi Jinping, à Arábia Saudita, consagrou a aproximação dos dois países e significou, para Riade, um exercício de equilíbrio entre a China e os Estados Unidos, seus aliados tradicionais.

Xi Jinping defendeu vínculos mais estreitos e seguros em várias cúpulas na Arábia Saudita com as monarquias árabes do Golfo, uma região rica em hidrocarbonetos com fortes laços com os Estados Unidos.

Também assinou com os dirigentes sauditas cerca de 40 acordos em diferentes áreas, do hidrogênio à habitação.

No entanto, a aparente falta de avanços em temas delicados, como a defesa e as telecomunicações, deveriam acalmar os ânimos dos Estados Unidos, que não deixaram de advertir contra "certas associações" que poderiam arranhar as relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.

Há décadas, a Arábia Saudita e os Estados Unidos estão vinculados em uma associação chamada "petróleo por segurança". Riade garante o fornecimento do petróleo, enquanto Washington promete seu apoio militar através de vendas maciças de armas.

No entanto, estas relações históricas ficaram tensas devido à questão das violações dos direitos humanos e do petróleo.

Os americanos, exasperados pela recente queda da produção de petróleo da Opep+, anunciaram que estavam revendo sua relação com a Arábia Saudita.

A Opep+ inclui os 13 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderados pela Arábia Saudita, aos quais se somam outros parceiros, como a Rússia.

"Influência crescente" da China

Na quarta-feira, durante a visita de Xi Jinping a Riade, a Casa Branca se disse "consciente da influência crescente" da China no Oriente Médio, não propícia, segundo Washington, à preservação "da ordem internacional".

Mas Washington assinalou que não pede "a nenhum país que escolha entre os Estados Unidos e a China".

Riade informou não ter a intenção de fazê-lo. "Continuaremos trabalhando com todos os nossos parceiros. Não acreditamos na polarização", destacou na sexta-feira o chefe da diplomacia saudita, Faisal ben Farhan.

"A concorrência é boa", acrescentou, assegurando que seu país continuará mantendo relações sólidas com os Estados Unidos "em todos os âmbitos".

A associação com a China é mais recente.

A Arábia Saudita foi o último país árabe a estabelecer relações diplomáticas com o país asiático, no começo da década de 1990, e as relações bilaterais só floresceram nos últimos 20 anos, muito concentradas nos intercâmbios no setor da energia.

A China é o maior importador de petróleo cru do mundo e a Arábia Saudita é o maior exportador mundial da commodity.

O petróleo saudita representou 17% das importações chinesas em 2021.

Riade se compromete "com muita prudência" em setores que preocupam mais Washington, particularmente a defesa, as telecomunicações e a energia nuclear, ressalta Naser al Tamimi, especialista em relações Golfo-China do instituto italiano de estudos políticos internacionais.

Durante a cúpula China-Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), na sexta-feira, Xi Jinping quis "explorar" com os países árabes "novos campos de ação, como a aeronáutica, o espaço, a economia digital e o uso pacífico da energia nuclear".

O gigante asiático quer relançar e ampliar sua esfera de influência, em particular através de sua iniciativa chamada Novas Rotas da Seda, um amplo projeto internacional de investimentos.

Os países do Golfo, por sua vez, têm como objetivo diversificar suas relações estratégicas e reduzir a dependência de suas economias em hidrocarbonetos.

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