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Arábia Saudita promete fazer "investigação exaustiva" sobre Khashoggi

Jornalista saudita, exilado nos Estados Unidos desde 2017, foi assassinado em consulado por agentes de Riad, dizem funcionários turcos

Jamal Khashoggi: jornalista crítico ao governo de Riad e que trabalhou para o Washington Post desapareceu após ir ao consulado da Arábia Saudita em Istambul em 2 de outubro (Osman Orsal/Reuters)
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AFP

Publicado em 16 de outubro de 2018 às 16h22.

Última atualização em 16 de outubro de 2018 às 16h24.

O secretário de Estado dos Estados Unidos , Mike Pompeo, assegurou que Riad está de acordo em realizar uma investigação "exaustiva" para esclarecer o desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi.

A declaração foi feita nesta terça-feira, 16, após uma reunião com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman e um dia antes de Pompeo viajar para a Turquia, onde o incidente ocorreu.

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O jornalista crítico ao governo de Riad e que trabalhou para o Washington Post, Jamal Khashoggi, de 59 anos, se apresentou ao consulado da Arábia Saudita em Istambul em 2 de outubro e desapareceu.

Diante das fortes repercussões internacionais, a visita de Pompeo com um tom amistoso não deu lugar a nenhum outro anúncio concreto.

O secretário de Estado foi enviado urgentemente a Riad pelo presidente americano, Donald Trump , para enfrentar o impacto global do caso.

Riad e Washington são "antigos e fortes aliados", disse o príncipe herdeiro saudita, de 33 anos. "Enfrentamos juntos desafios, seja no passado, no presente, ou no futuro", acrescentou, segundo jornalistas que compareceram à chegada de Pompeo ao palácio real saudita.

Segundo funcionários turcos, o jornalista, exilado nos Estados Unidos desde 2017 e uma "pedra no caminho" do príncipe herdeiro, foi assassinado no consulado por agentes de Riad, que até o momento nega a informação veementemente.

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, que acompanha Pompeo, declarou que este "agradeceu ao rei (Salman) por seu compromisso de apoiar uma investigação exaustiva, transparente e em um prazo razoável" sobre o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

Trump, após falar por telefone com o rei Salman na segunda-feira, sugeriu que o desaparecimento de Khashoggi "poderia ser o resultado de assassinos fora de controle". A imprensa americana, por sua vez, afirma que a Arábia Saudita estaria disposta a admitir que o jornalista morreu durante um interrogatório no consulado.

Segundo a CNN, que citou duas fontes anônimas, Riad teria preparado um relatório para tentar minimizar seu envolvimento no desaparecimento de Khashoggi. Para o Wall Street Journal, isto permitira à família real "afastar-se de um envolvimento direto" na morte de Khashoggi.

AMOSTRAS

Na segunda-feira à noite, policiais turcos inspecionaram durante oito horas o consulado e levaram diferentes itens, incluindo amostras da terra do jardim do consulado, segundo um responsável presente no local.

A polícia turca também inspecionará a residência do cônsul saudita, situada perto do consulado. O cônsul Mohammad Al Otaibi saiu de Istambul para Riad nesta terça-feira, em plena investigação.

Nesta terça-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu a suspensão da imunidade dos agentes sauditas que podem estar envolvidos no caso.

 

 

"Levando em consideração a gravidade da situação do desaparecimento de Khashoggi, acredito que a inviolabilidade ou a imunidade dos locais e dos funcionários envolvidos acordada por tratados como a Convenção de Viena de 1963 sobre as relações consulares teria que ser suspensa imediatamente", afirmou Bachelet em um comunicado.

Trump, grande aliado de Riad, considerou no sábado, pela primeira vez, um possível envolvimento da Arábia Saudita no desparecimento e ameaçou o país com um "castigo severo". A Arábia Saudita prometeu no domingo responder a possíveis sanções.

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