Arábia Saudita é criticada após morte de peregrinos
Neste sentido, o Irã exigiu nesta sexta participar na investigação sobre as causas do tumulto que deixou 717 mortos, inclusive 131 iranianos
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2015 às 15h49.
A Arábia Saudita virou alvo de inúmeras críticas nesta sexta-feira por sua organização da peregrinação a Meca, um dia depois do tumulto que causou a morte de mais de 700 pessoas pisoteadas durante o ritual de apedrejamento de Satã.
Neste sentido, o Irã exigiu nesta sexta participar na investigação sobre as causas do tumulto que deixou 717 mortos, inclusive 131 iranianos.
"Países como o Irã, que muito sofreram, devem ter representantes nas investigações para determinar as causas da catástrofe e obter a certeza de que nunca se repetirá", declarou o primeiro vice-presidente iraniano Es-hagh Jahanguiri à televisão estatal.
"Não há dúvidas sobre a má gestão e a falta de experiência das autoridades. O governo saudita é responsável e deve responder" pela tragédia, acrescentou.
As autoridades sauditas prometeram uma investigação rápida e transparente e o rei Salman ordenou uma revisão da organização do evento, muito criticada pelos fieis que temem prosseguir com o Hajj (peregrinação).
Mesmo assim, os fieis muçulmanos que participam da peregrinação anual à Meca retomaram o ritual de apedrejamento de Satã.
Depois de passar a noite em Mina, uma das cidades dormitórios situadas a 5 km de Meca, os peregrinos se sucediam em uma longa fila pela manhã para cumprir com o ritual, que consiste em jogar pedras contra três colunas que, segundo os muçulmanos, representam o demônio.
A multidão era menos compacta do que na véspera, quando ao menos 717 pessoas morreram e 863 ficaram feridas no tumulto, na segunda tragédia a atingir os fiéis em menos de duas semanas na região.
Mohamed Hassan, um egípcio de 39 anos, declarou que teme novos tumultos e criticou a má gestão dos deslocamentos dos quase dois milhões de fiéis reunidos em Mina.
"A Arábia Saudita gasta muito dinheiro com o Hajj, mas a organização é negligente", opinou Ahmed, outro peregrino egípcio, que considera que o fluxo de peregrinos de Mina deveria ser melhor gerenciado.
De acordo com uma fonte do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu perto de uma das colunas quando várias pessoas que deixavam o local ficaram diante de um grande grupo de peregrinos que desejava ter acesso à mesma área.
O rei Salman recebeu os responsáveis pela organização do Hajj. O monarca declarou que espera os resultados da investigação e disse que ordenou "uma revisão do projeto" de organização da peregrinação para que os fiéis "celebrem seus ritos em segurança".
Em uma primeira reação oficial, o ministro da Saúde, Khaled al Falih, atribuiu o acidente à falta de disciplina dos peregrinos.
Já o porta-voz do ministério do Interior, general Mansur Turki, disse que "o forte calor e o cansaço dos peregrinos também influenciaram no número elevado de vítimas".
Cerca de dois milhões de pessoas estão na Arábia Saudita para celebrar o Hajj.
O Irã anunciou que pelo menos 131 cidadãos do país faleceram na tragédia e culpou as autoridades sauditas pelo tumulto.
Mas o responsável pela Organização iraniana do Hajj, Said Ohadi, citado pelas agências iranianas, afirmou que "cerca de 1.500 pessoas morreram na catástrofe". Segundo ele, "365 peregrinos iranianos ainda não foram contactados".
Em Nova York, onde participou na Assembleia Geral da ONU, o presidente iraniano Hassan Rohani pediu ao governo saudita que assuma a responsabilidade da catástrofe.
Em Teerã, as autoridades convocaram a manifestação para protestar contra a incompetência de Riad
Sucessão de tragédias
Na oração desta sexta-feira, o imã da Grande Mesquita, xeque Saleh al Taleb, defendeu que o reino saudita é capaz de organizar o Hajj. "É inaceitável ignorar os esforços realizados por este país", destacou.
No Afeganistão, os talibãs exigiram que os sauditas façam "todo o possível para evitar este tipo de acidente no futuro".
Na Turquia, que teve 5 cidadãos mortos, o presidente do partido islamita-conservador Justiça e Democracia (AKP), Recep Tayyip Erdogan, se manteve prudente.
"Seria um erro cupar a Arábia Saudita, que faz o melhor para que a Hajj transcorra em paz", afirmou.
A Arábia Saudita havia realizado importantes obras para facilitar o movimento das pessoas e evitar acidentes como o desta quinta-feira.
Mas um peregrino sudanês que estava em Mina no momento do tumulto afirmou que este foi o pior Hajj dos quatro aos quais ele já compareceu.
"As pessoas estavam desidratadas e desmaiavam" antes do tumulto, relatou, acrescentando que "os peregrinos tropeçavam uns nos outros".
A Arábia Saudita mobilizou 100.000 policiais para garantir a segurança durante a peregrinação, depois que, em 11 de setembro, uma grua desabou na Grande Mesquita de Meca e matou 109 pessoas. Mais de 400 ficaram feridas.
O acidente anterior durante a peregrinação aconteceu em 2006. Em 6 de janeiro daquele ano, 76 pessoas morreram no desabamento de um hotel em Meca. Seis dias depois, 364 peregrinos faleceram em outro tumulto durante o ritual de apedrejamento das pilastras de Satã em Mina.
Após o ritual, que pode durar entre dois e três dias, os peregrinos concluem o Hajj com as cerimônias ao redor da Kaaba, a construção em forma de cubo no centro da Grande Mesquita de Meca, para a qual os muçulmanos se dirigem durante a oração.
O vale de Mina fica a poucos quilômetros de Meca, o principal local sagrado do Islã.
Quase 1,5 milhão de muçulmanos de todo o mundo celebram o Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício.
Segundo as autoridades sauditas, o Hajj, um dos cinco pilares do Islã, reuniu 1,4 milhão de pessoas do exterior e quase 600.000 peregrinos que vivem na Arábia Saudita.
Por ocasião da peregrinação, as autoridades anunciaram que estavam em alerta por possíveis atentados, depois que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) atacou as forças de segurança e várias mesquitas xiitas na Arábia Saudita nos últimos meses.
Também haviam sido mobilizados muitos médicos e enfermeiros para enfrentar uma possível epidemia de coronavírus MERS, do qual a Arábia Saudita é um dos principais focos no mundo.
A Arábia Saudita virou alvo de inúmeras críticas nesta sexta-feira por sua organização da peregrinação a Meca, um dia depois do tumulto que causou a morte de mais de 700 pessoas pisoteadas durante o ritual de apedrejamento de Satã.
Neste sentido, o Irã exigiu nesta sexta participar na investigação sobre as causas do tumulto que deixou 717 mortos, inclusive 131 iranianos.
"Países como o Irã, que muito sofreram, devem ter representantes nas investigações para determinar as causas da catástrofe e obter a certeza de que nunca se repetirá", declarou o primeiro vice-presidente iraniano Es-hagh Jahanguiri à televisão estatal.
"Não há dúvidas sobre a má gestão e a falta de experiência das autoridades. O governo saudita é responsável e deve responder" pela tragédia, acrescentou.
As autoridades sauditas prometeram uma investigação rápida e transparente e o rei Salman ordenou uma revisão da organização do evento, muito criticada pelos fieis que temem prosseguir com o Hajj (peregrinação).
Mesmo assim, os fieis muçulmanos que participam da peregrinação anual à Meca retomaram o ritual de apedrejamento de Satã.
Depois de passar a noite em Mina, uma das cidades dormitórios situadas a 5 km de Meca, os peregrinos se sucediam em uma longa fila pela manhã para cumprir com o ritual, que consiste em jogar pedras contra três colunas que, segundo os muçulmanos, representam o demônio.
A multidão era menos compacta do que na véspera, quando ao menos 717 pessoas morreram e 863 ficaram feridas no tumulto, na segunda tragédia a atingir os fiéis em menos de duas semanas na região.
Mohamed Hassan, um egípcio de 39 anos, declarou que teme novos tumultos e criticou a má gestão dos deslocamentos dos quase dois milhões de fiéis reunidos em Mina.
"A Arábia Saudita gasta muito dinheiro com o Hajj, mas a organização é negligente", opinou Ahmed, outro peregrino egípcio, que considera que o fluxo de peregrinos de Mina deveria ser melhor gerenciado.
De acordo com uma fonte do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu perto de uma das colunas quando várias pessoas que deixavam o local ficaram diante de um grande grupo de peregrinos que desejava ter acesso à mesma área.
O rei Salman recebeu os responsáveis pela organização do Hajj. O monarca declarou que espera os resultados da investigação e disse que ordenou "uma revisão do projeto" de organização da peregrinação para que os fiéis "celebrem seus ritos em segurança".
Em uma primeira reação oficial, o ministro da Saúde, Khaled al Falih, atribuiu o acidente à falta de disciplina dos peregrinos.
Já o porta-voz do ministério do Interior, general Mansur Turki, disse que "o forte calor e o cansaço dos peregrinos também influenciaram no número elevado de vítimas".
Cerca de dois milhões de pessoas estão na Arábia Saudita para celebrar o Hajj.
O Irã anunciou que pelo menos 131 cidadãos do país faleceram na tragédia e culpou as autoridades sauditas pelo tumulto.
Mas o responsável pela Organização iraniana do Hajj, Said Ohadi, citado pelas agências iranianas, afirmou que "cerca de 1.500 pessoas morreram na catástrofe". Segundo ele, "365 peregrinos iranianos ainda não foram contactados".
Em Nova York, onde participou na Assembleia Geral da ONU, o presidente iraniano Hassan Rohani pediu ao governo saudita que assuma a responsabilidade da catástrofe.
Em Teerã, as autoridades convocaram a manifestação para protestar contra a incompetência de Riad
Sucessão de tragédias
Na oração desta sexta-feira, o imã da Grande Mesquita, xeque Saleh al Taleb, defendeu que o reino saudita é capaz de organizar o Hajj. "É inaceitável ignorar os esforços realizados por este país", destacou.
No Afeganistão, os talibãs exigiram que os sauditas façam "todo o possível para evitar este tipo de acidente no futuro".
Na Turquia, que teve 5 cidadãos mortos, o presidente do partido islamita-conservador Justiça e Democracia (AKP), Recep Tayyip Erdogan, se manteve prudente.
"Seria um erro cupar a Arábia Saudita, que faz o melhor para que a Hajj transcorra em paz", afirmou.
A Arábia Saudita havia realizado importantes obras para facilitar o movimento das pessoas e evitar acidentes como o desta quinta-feira.
Mas um peregrino sudanês que estava em Mina no momento do tumulto afirmou que este foi o pior Hajj dos quatro aos quais ele já compareceu.
"As pessoas estavam desidratadas e desmaiavam" antes do tumulto, relatou, acrescentando que "os peregrinos tropeçavam uns nos outros".
A Arábia Saudita mobilizou 100.000 policiais para garantir a segurança durante a peregrinação, depois que, em 11 de setembro, uma grua desabou na Grande Mesquita de Meca e matou 109 pessoas. Mais de 400 ficaram feridas.
O acidente anterior durante a peregrinação aconteceu em 2006. Em 6 de janeiro daquele ano, 76 pessoas morreram no desabamento de um hotel em Meca. Seis dias depois, 364 peregrinos faleceram em outro tumulto durante o ritual de apedrejamento das pilastras de Satã em Mina.
Após o ritual, que pode durar entre dois e três dias, os peregrinos concluem o Hajj com as cerimônias ao redor da Kaaba, a construção em forma de cubo no centro da Grande Mesquita de Meca, para a qual os muçulmanos se dirigem durante a oração.
O vale de Mina fica a poucos quilômetros de Meca, o principal local sagrado do Islã.
Quase 1,5 milhão de muçulmanos de todo o mundo celebram o Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício.
Segundo as autoridades sauditas, o Hajj, um dos cinco pilares do Islã, reuniu 1,4 milhão de pessoas do exterior e quase 600.000 peregrinos que vivem na Arábia Saudita.
Por ocasião da peregrinação, as autoridades anunciaram que estavam em alerta por possíveis atentados, depois que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) atacou as forças de segurança e várias mesquitas xiitas na Arábia Saudita nos últimos meses.
Também haviam sido mobilizados muitos médicos e enfermeiros para enfrentar uma possível epidemia de coronavírus MERS, do qual a Arábia Saudita é um dos principais focos no mundo.