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Análise em peixes sugere poluição no mar próximo à Antártica

Alterações em amostras de sangue e órgãos de espécie estudada indicam contaminação por petróleo

Mar da Antártica: pesquisa analisou brânquias, fígado e sangue de peixe como possíveis biomarcadores (Warren Talbot/Flickr)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 09h57.

São Paulo - Estudos realizados na região do mar póxima à base brasileira na Antártica apontou que um dos tecidos do peixe Trematomus newnesi, nativo daquela região, estava contaminado por partículas de petróleo . A constatação dos cientistas, feita em 2006, indica que aquela região não está isenta do poluente. As análises foram realizadas no Laboratório de Histofisiologia Evolutiva do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP.

O objetivo da dissertação de mestrado do cientista Alfonso Braga Bartolini Salimbeni Vivai, foi checar se a espécie em questão seria um bom bioindicador — um animal que serve para testes de contaminação do ambiente — para o petróleo, e quais de seus tecidos seriam bons biomarcadores — partes desse animal em que são feitos os testes.

Entretanto, a pesquisa, intitulada Efeitos da fração solúvel de petróleo (FSA) no peixe antártico Trematomus newnesi, não foi conclusiva nesse aspecto. O grupo controle, que não foi exposto ao petróleo, apresentou contaminação e não houve diferenças significativas entre os grupos. Nota-se que as amostras foram trazidas antes do incêndio na base brasileira, em fevereiro deste ano.

O Trematomus newnesi é um peixe que tem entre seis e dez centímetros de comprimento, e pesa entre três e cinco gramas. A sua aparência lembra a de uma manjuba, mas ele não tem um nome popular, por ser encontrado somente na região da antártica, onde há poucos habitantes. As amostras coletadas foram divididas, no laboratório, em três grupos: expostas a uma concentração de 0,8 partes por milhão (ppm) de partículas petróleo em água; expostas a 0,4 ppm; e o grupo controle, sem exposição. Em nenhum dos tecidos estudados de nenhum dos grupos apareceram alterações estatísticas, o valor médio de contaminação foi sempre próximo.

Tecidos

Para análise, foram utilizados três tecidos do peixe antártico: as brânquias, o fígado e o sangue. “As brânquias são o único tecido que está em contato com o ambiente. Por isso, é o primeiro a ser contaminado”, explica Vivai. “O fígado é alvo de objetos estranhos ao corpo. Foi analisado o hepatócito, a célula funcional do tecido. Ele neutraliza as toxinas”. O sangue foi escolhido pois, nos peixes, quando ele é infectado, ocorre uma formação de um micronúcleo dentro do eritrócito, uma das células sanguíneas.


No grupo controle, a análise dos eritrócitos indicou que já havia poluição nas amostras utilizadas. As frações de petróleo afetaram o sangue dos peixes, o que causou formação do micronúcleo, verificada pelo pesquisador.

Expedição

Vivai fez a análise em laboratório das amostras da pesquisa. Na expedição à Antártica, esteve presente seu orientador, o professor José Roberto Machado Cunha da Silva, junto com a equipe das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) liderada pelo professor João Carlos Shimada Borges (coordenador do projeto). Além destes, esteve na viagem uma equipe do Instituto de Oceanografia (IO) da USP, liderada pelo professor Vicente Gomes.

O projeto inicial do professor Borges, já publicado no periódico Polar Biology, era utilizar um ouriço-do-mar da região como bioindicador do petróleo. “Sempre que se faz uma viagem a um lugar como este, é preciso aproveitar todo material colhido para obtenção de resultados complementares ou para realização de projetos paralelos”, conta o pesquisador. A dificuldade de ir, o preço elevado, além dos empecilhos administrativos a base é comandada militares — que nem sempre são totalmente permissivos com a presença e atuação de cientistas — exige que cada expedição possibilite mais do que apenas uma única pesquisa, melhorando o seu custo-benefício.

Na coleta dos ouriços-do-mar, alguns peixes da espécie Trematomus newnesi vinham junto. Assim, surgiu a ideia de utilizar também este animal. Dessa forma, haveria outra possibilidade de bioindicador e biomarcadores, além de proporcionar uma comparação entre um invertebrado e um vertebrado.

Em relação aos resultados, o ouriço-do-mar mostrou-se um bom bioindicador, enquanto o peixe apontou presença de frações de petróleo. “Essa diferença provavelmente existe pois os peixes têm mais mobilidade e chegam mais perto da costa, onde deve haver mais poluentes, enquanto os ouriços coletados vêm mais de longe”, esclarece Silva.

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O objetivo da dissertação de mestrado do cientista Alfonso Braga Bartolini Salimbeni Vivai, foi checar se a espécie em questão seria um bom bioindicador — um animal que serve para testes de contaminação do ambiente — para o petróleo, e quais de seus tecidos seriam bons biomarcadores — partes desse animal em que são feitos os testes.

Entretanto, a pesquisa, intitulada Efeitos da fração solúvel de petróleo (FSA) no peixe antártico Trematomus newnesi, não foi conclusiva nesse aspecto. O grupo controle, que não foi exposto ao petróleo, apresentou contaminação e não houve diferenças significativas entre os grupos. Nota-se que as amostras foram trazidas antes do incêndio na base brasileira, em fevereiro deste ano.

O Trematomus newnesi é um peixe que tem entre seis e dez centímetros de comprimento, e pesa entre três e cinco gramas. A sua aparência lembra a de uma manjuba, mas ele não tem um nome popular, por ser encontrado somente na região da antártica, onde há poucos habitantes. As amostras coletadas foram divididas, no laboratório, em três grupos: expostas a uma concentração de 0,8 partes por milhão (ppm) de partículas petróleo em água; expostas a 0,4 ppm; e o grupo controle, sem exposição. Em nenhum dos tecidos estudados de nenhum dos grupos apareceram alterações estatísticas, o valor médio de contaminação foi sempre próximo.

Tecidos

Para análise, foram utilizados três tecidos do peixe antártico: as brânquias, o fígado e o sangue. “As brânquias são o único tecido que está em contato com o ambiente. Por isso, é o primeiro a ser contaminado”, explica Vivai. “O fígado é alvo de objetos estranhos ao corpo. Foi analisado o hepatócito, a célula funcional do tecido. Ele neutraliza as toxinas”. O sangue foi escolhido pois, nos peixes, quando ele é infectado, ocorre uma formação de um micronúcleo dentro do eritrócito, uma das células sanguíneas.


No grupo controle, a análise dos eritrócitos indicou que já havia poluição nas amostras utilizadas. As frações de petróleo afetaram o sangue dos peixes, o que causou formação do micronúcleo, verificada pelo pesquisador.

Expedição

Vivai fez a análise em laboratório das amostras da pesquisa. Na expedição à Antártica, esteve presente seu orientador, o professor José Roberto Machado Cunha da Silva, junto com a equipe das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) liderada pelo professor João Carlos Shimada Borges (coordenador do projeto). Além destes, esteve na viagem uma equipe do Instituto de Oceanografia (IO) da USP, liderada pelo professor Vicente Gomes.

O projeto inicial do professor Borges, já publicado no periódico Polar Biology, era utilizar um ouriço-do-mar da região como bioindicador do petróleo. “Sempre que se faz uma viagem a um lugar como este, é preciso aproveitar todo material colhido para obtenção de resultados complementares ou para realização de projetos paralelos”, conta o pesquisador. A dificuldade de ir, o preço elevado, além dos empecilhos administrativos a base é comandada militares — que nem sempre são totalmente permissivos com a presença e atuação de cientistas — exige que cada expedição possibilite mais do que apenas uma única pesquisa, melhorando o seu custo-benefício.

Na coleta dos ouriços-do-mar, alguns peixes da espécie Trematomus newnesi vinham junto. Assim, surgiu a ideia de utilizar também este animal. Dessa forma, haveria outra possibilidade de bioindicador e biomarcadores, além de proporcionar uma comparação entre um invertebrado e um vertebrado.

Em relação aos resultados, o ouriço-do-mar mostrou-se um bom bioindicador, enquanto o peixe apontou presença de frações de petróleo. “Essa diferença provavelmente existe pois os peixes têm mais mobilidade e chegam mais perto da costa, onde deve haver mais poluentes, enquanto os ouriços coletados vêm mais de longe”, esclarece Silva.

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