A americana Advanced Micro Devices (AMD) anunciou nesta segunda-feira (24/7) a compra da canadense ATI por 5,4 bilhões de dólares. O negócio - que envolve 4,2 bilhões em dinheiro e 1,2 bilhão em ações - deverá redesenhar o mercado de semicondutores, num momento em que a indústria vem chamando a atenção dos investidores.

"A operação coloca a AMD em pé de igualdade com a Intel", diz Samir Bhavnani, um analista da empresa de pesquisas Current Analysis, ouvido pelo jornal The New York Times. Segundo ele, a compra dará à AMD a possibilidade de expandir seus negócios, conquistando espaço nos mercados de celular e palm top. Isso porque a ATI é famosa pela fabricação de chips que processam gráficos e recuperam dados de memória, muito utilizados nestes equipamentos, além de computadores de última geração e videogames. Esses chips, conhecidos como chipsets, conectam o processador e a memória a outros componentes, facilitando o fluxo de dados.

Mas, de acordo com The New York Times, a operação também trará grandes desafios. Durante todo o ano passado, as duas companhias contabilizaram forte crescimento. Agora, porém, as vendas de computadores vêm caindo, sobretudo dos de alta tecnologia, que utilizam os chips da ATI. Além disso, a situação faz aumentar a concorrência de preços entre a AMD e a Intel no mercado de microprocessadores, o que significa menores lucros para ambas as companhias.

Marca

Com a aquisição, a AMD não descarta a possibilidade de extinção da marca ATI a partir do próximo ano. "A princípio, os produtos continuarão a ser comercializados cada um com a sua marca. Em menos de quatro meses, não deve haver mudanças, mas já há um trabalho de integração das empresas", afirma o vice-presidente de Vendas e Marketing da ADM para América Latina, José Antonio Scodiero.

Segundo ele, a empresa conquistou 30% do mercado de microprocessadores em três anos e, com a compra da ATI, espera elevar o faturamento para até 8 bilhões de dólares este ano. No primeiro semestre, a AMD faturou 2,5 bilhões de dólares. "Nossas perspectivas são de crescimento, principalmente no segmento corporativo", afirma Scodiero.