Homem caminha e área destruída por terremoto no Paquistão: "há áreas em que não há ninguém fornecendo ajuda", disse prefeito de região atingida (Naseer Ahmed/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2013 às 10h14.
Quetta - O terremoto que atingiu o sudoeste do Paquistão na terça-feira já matou 349 pessoas e este número deve subir, mas a prioridade das autoridades no momento é ajudar os feridos e os milhares de desabrigados pelo desastre.
"Há áreas em que não há ninguém fornecendo ajuda. As pessoas seguem esperando ao lado dos escombros de suas casas, sem água nem alimentos", lamentou hoje em declarações à Agência Efe o prefeito de Awaran, Abdur Rashid.
Awaran é a zona mais afetada pelos efeitos do terremoto, com mais de 300 mortos, e segundo Rashid, 80% das casas (cerca de 24 mil imóveis) ficaram danificadas total ou parcialmente na região.
"Faltam instalações médicas e não há espaço para atender mais pessoas nos hospitais locais, por isso tentamos levar os feridos para outras zonas do país", disse ontem o porta-voz do Executivo regional, Mohammad Khan Buledi.
"Não há nada, os pacientes morrem. Não há médicos nem equipes médicas", disse ao jornal local "Dawn" um sobrevivente, Rahmatula Hassani.
Até o momento, os dados oficiais indicam mais de 600 feridos e 349 mortos, embora as fontes consultadas pela Efe em Quetta -capital do Baluchistão, província onde Awaran se localiza, dizem que estes números irão aumentar.
Diante do enorme desafio de fornecer ajuda aos afetados em uma região enorme (o distrito mais afetado, Awaran, tem 21.000 quilômetros quadrados) e com uma rede de comunicação muito deficiente, aumentam as queixas pela ineficiência do governo.
Os deputados da oposição protestaram contra o Executivo ao sair do plenário do Parlamento após a votação de uma série de medidas para acelerar a ajuda aos desabrigados.
A quantidade de pessoas afetadas começa a ser objeto de controvérsia: enquanto as autoridades da província de Baluchistão falam de até 300.000 pessoas desabrigadas, outras instâncias afirmam que este número é menor.
"Trezentos mil são os habitantes dos seis distritos da zona golpeada, mas provavelmente menos pessoas realmente necessitam ajuda", disse hoje o porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres (NDMA), Kamran Zia.
"Nosso problema neste momento não é a falta de mantimentos e artigos de primeira necessidade, mas as dificuldades para levá-los para as pessoas", explicou Zia, que descartou por enquanto a necessidade de receber ajuda da comunidade internacional.
Segundo o porta-voz, há áreas praticamente inacessíveis, como os municípios de Mashke o Malar (em Awaran), e é urgente entregar alimentos, remédios e proteção contra o sol para os sobreviventes.
Outro motivo de preocupação é a falta de água em muitas zonas, pois a tubulação muito antiga foi danificada em várias partes.
O exército, que nas primeiras 24 horas já desdobrou mais de mil soldados para ajudar nos trabalhos de resgate, está encaminhando boa parte da ajuda por meio de comboios que estão chegando das cidades de Khuzdar e Karachi. Além disso, os militares trabalham com seis helicópteros para fornecer ajuda.
Os serviços de resgate sofreram hoje um sobressalto com o ataque a um helicóptero no qual viajavam várias autoridades civis e militares e que foi atacado por insurgentes com projéteis quando aterrissava no município de Mashke.
"Os foguetes não impactaram a aeronave", disse o porta-voz da NDMA, que acrescentou que "os passageiros (entre eles o diretor do) órgão) nem sequer se deram conta do ataque e continuaram sua visita sem problemas".