Líderes Extraordinários

Apresentado por YPO

O que a tecnologia tem a nos ensinar sobre comunicação?

Como a IA Generativa pode contribuir para a construção de uma comunicação corporativa mais saudável, com inovação e criatividade

IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images)

IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images)

Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 08h00.

Dados da consultoria global IDC (International Data Corporation) mostram que, até 2027, as 5 mil principais empresas da América Latina vão alocar 25% dos seus gastos mais relevantes de Tecnologia da Informação (TI) em Inteligência Artificial Generativa. Diante deste avanço no uso da tecnologia popularizada no último ano, somos inadvertidamente forçados a reexaminar um dos desafios centrais da humanidade: a comunicação.

Com a IA Generativa, a nossa interação com as máquinas está cada vez mais no nível conversacional. Ou seja, se você já interagiu com plataformas de prompt de texto, independentemente da finalidade, deve ter observado três importantes características: respostas instantâneas até mesmo para tarefas mais complexas; uma confiança inabalável nas respostas, mesmo que não sejam totalmente precisas; e, por último, o tom sincero, às vezes contundente. Por exemplo, se a IA discordar de uma ideia, ela lhe dirá sem ambiguidades ou meio-termos.

Não defendo que devemos imitar a velocidade de uma máquina ou apresentar respostas com uma confiança inquestionável. No entanto, a franqueza com que a tecnologia nos responde me dá muito o que pensar, principalmente ao espelhar esse fator nas relações e interações profissionais cotidianas.

No mundo corporativo, o que é chamado de “estilo direto” geralmente ocorre em um sentido: de cima para baixo. Mas, quando apenas uma pessoa da equipe pode ser direta, a inovação e a criatividade não se manifestam com facilidade.

O custo disto é bem conhecido: as ideias deixarão de fluir, pensamentos grupais vão assumir o controle, as pessoas sentirão que estão contribuindo menos e que estarão menos engajadas no trabalho. Há uma desvantagem tangível – seja pessoal ou organizacional – quando evitamos o diálogo necessário.

Em um ambiente de ritmo acelerado e em constante evolução, onde a inovação de hoje está destinada a tornar-se obsoleta rapidamente - e a volatilidade do mercado exige grande agilidade de resposta -, um líder precisa se tornar não apenas um mestre comunicador, mas também um facilitador de interações individuais e de grupo.

É necessário prestar atenção à qualidade dessas interações, especialmente as menos confortáveis em relação ao comportamento, ao desempenho e ao impacto que as pessoas têm umas sobre as outras.

Uma valiosa contribuição neste campo foi feita por Kim Scott em seu livro “Radical Candor”. De acordo com Scott, “comunicação eficaz e transparente é aquela em que cuidar pessoalmente e desafiar diretamente coexistem harmoniosamente”. Todas as outras combinações, sem cuidado ou franqueza, não conseguem impactar e mover a engrenagem.

Como colocar isso em prática, todos os dias? Ser intencional e explícito é o primeiro passo. Pela minha experiência pessoal na liderança em grandes empresas de tecnologia, é fundamental a criação de uma cultura de feedback e o espaço para isso.

Não apenas um local físico com salas livres de distrações, onde as pessoas podem ter sessões de brainstorming, check-in individual, conversas de mentoria e coaching, mas que suas atitudes façam parte disso.

Normalizar a prática de feedbacks intencionais, rápidos e frequentes permite a organização como um todo de evoluir como uma maquina di innovacao e alta performance.

Se quisermos transparência, precisamos oferecê-la primeiro e estar dispostos e disponíveis para receber a franqueza radical, de uma forma vulnerável, curiosa e apreciativa. Como líderes, não podemos exigir que nossos liderados manifestem confiança e colaboração uns com os outros a menos que, primeiro, tenhamos seguido o que falamos para, depois, criar um espaço para que conversas importantes e, por vezes, difíceis aconteçam com segurança e frequência, em toda a organização.

Outro ponto fundamental vem dos estudos da Profª. Dra. Emma Seppala que, através de uma investigação realizada junto a veteranos de guerra, comprovou a importância e o efeito positivos de usar técnicas de respiração para normalizar a ansiedade.

Dra. Emma acredita que o autocuidado é o primeiro passo para um líder cuidar de pessoas. A capacidade de acessar o poder calmante da respiração através de técnicas específicas permite que o líder acesse, em segundos, um diferente estado somático, emocional e mental. Com isso, é possível ficar mais presente e atento, ou seja, preparado para enfrentar qualquer desafio do dia a dia de trabalho.

Utilizar a IA Generativa e refletir sobre o trabalho de Scott lembra-me as inúmeras formas como o diálogo genuíno pode manifestar-se e sua importância para um ambiente corporativo saudável. À medida que a tecnologia continua a evoluir, deixe-a servir mais do que como ferramenta: como um espelho para compreender melhor quem somos como humanos, como pensamos, sentimos e comunicamos.

Acompanhe tudo sobre:Líderes Extraordináriosbranded-content

Mais de Líderes Extraordinários

Brasil e China: 50 anos de parceria diplomática e a colaboração no setor de Energia Renovável

Prevenção radical: a nova era do bem-estar

Brasil e o futuro do ESG: oportunidades e desafios em um cenário global de mudanças

A bivalência das empresas familiares e os três horizontes da inovação