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Esta é a habilidade que aprendi com Viola Davis para a minha carreira

Autobiografia da atriz negra mais indicada a premiações de cinema dos EUA me fez refletir sobre a importância de sermos verdadeiras nossa vida profissional, e o quanto isso impacta outras mulheres

Viola Davis: no posto de atriz negra mais indicada ao Oscar e a outras premiações do cinema e do teatro, Viola admitiu para Oprah que escreveu seu livro de memórias em meio a uma crise existencial (Emma McIntyre/Getty Images)

Viola Davis: no posto de atriz negra mais indicada ao Oscar e a outras premiações do cinema e do teatro, Viola admitiu para Oprah que escreveu seu livro de memórias em meio a uma crise existencial (Emma McIntyre/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 15 de agosto de 2022 às 08h13.

Última atualização em 15 de agosto de 2022 às 18h34.

*Por Carolina Cavenaghi

Na varanda de sua casa em Maui, no Havaí, a apresentadora Oprah Winfrey conversa com Viola Davis sobre o lançamento do “Em Busca de Mim”, uma autobiografia da atriz. O bate-papo foi produzido e divulgado pela Netflix. A produção inteira é incrível e inspiradora, mas um ponto me chamou atenção, me fez pensar e compartilhar essa reflexão aqui. A nossa incansável busca de nos encontrarmos. O título da autobiografia de Viola representa o processo de busca da atriz pela própria verdade, por ela mesma, e o livro é ainda mais inspirador.

No posto de atriz negra mais indicada ao Oscar e a outras premiações do cinema e do teatro, Viola admitiu para Oprah que escreveu seu livro de memórias em meio a uma crise existencial. Ao olhar para a própria trajetória, ela reconhece que viveu uma grande ascensão artística e atingiu a fama global, e que acreditava que esse combo traria sentido para a vida, mas isso não aconteceu. Foi então que Viola percebeu a necessidade de ser verdadeira, ser ela mesma, se encontrar e deixar de vestir a “máscara” que usava para se apresentar ao mundo.

A história é inspiradora por si só, mas, ao assistir e ler o livro, fiz um paralelo com a atitude de muitas pessoas, sobretudo, pensando nas mulheres. Percebo que hoje, no mercado de trabalho como um todo, muitas mulheres vestem essa máscara para tentar se enquadrar a um padrão. Em tempos de tanta exposição, há uma busca por mostrar uma vida perfeita, questões pessoais e profissionais muito bem separadas e resolvidas. Mais ou menos como acontece nas redes sociais, onde postamos um recorte de uma vida plena e feliz, sem problemas. A positividade do ambiente corporativo segue a mesma lógica. Sentimos a necessidade de mostrar no LinkedIn como as coisas estão dando certo, como foi nossa trajetória, ressaltando as partes boas, não as dificuldades. Não sei para você, mas por aqui eu sinto que isso tudo está um pouco chato.

Agora, você deve estar se perguntando: ‘Mas, Carol, qual é o grande problema disso?’. Nenhum, necessariamente. Mas, como eu disse, a questão me trouxe uma grande reflexão sobre sermos verdadeiras, primeiro com a gente mesma e umas com as outras. E o quanto isso impacta nas decisões de outras mulheres.

Quando eu decidi empreender, tudo foi difícil, passei e ainda passo por diversos desafios, obstáculos, incertezas. Pensei em desistir muitas vezes, as coisas pareciam que não dariam certo. Por outro lado, é difícil buscar essa verdade no externo, onde só ouvimos histórias de sucesso e conquistas. A questão é que poucas pessoas contam como é a realidade, nós achamos que o problema é apenas conosco. Se tudo dá certo para os outros, então só não funciona com a gente?

Sinto que além de frustração, isso também causa uma imensa desconexão. As pessoas não estão se sentindo mais parte. Enquanto todo esse movimento ainda acontece, eu tenho observado muitas mulheres, nesse mesmo momento da Viola, em busca de si mesmas. Essas mulheres estão em busca de verdade e lugares e conexões que estejam alinhadas com seus propósitos.

Passamos uma vida tentando nos enquadrar a padrões do que é certo, ou do que é felicidade. Só que uma hora essa conta chega, para alguns mais cedo e para outros demora um pouco mais e, olhar para dentro se torna inevitável.

Viola Davis me inspirou com sua autobiografia e me fez refletir quais são as pessoas de verdade que de fato fazem parte da minha rede. Ao ler sobre a sua busca, me fez lembrar a importância das pausas para olhar para dentro e não nos perdermos em nossa própria caminhada. Ela me fez sentir a importância de honrarmos a nossa história, nossas vulnerabilidades e reconhecermos que não somos perfeitas e está tudo bem.

E, afinal, o que ela fez de tão extraordinário? Apenas teve coragem de olhar para dentro e ser verdadeira.

Te convido a ter coragem de ir em busca de você mesma e ser verdadeira, com o que acredita e com quem está a sua volta.

*Carolina Cavenaghi é cofundadora e CEO da Fin4she, uma plataforma que conecta e impulsiona negócios e pessoas através da diversidade. É responsável por liderar e implementar projetos que promovem o protagonismo e a independência financeira feminina, buscando ampliar e fortalecer a presença de mulheres no mercado de trabalho. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil e do Young Women Summit, eventos que já reuniram milhares de pessoas. Foi executiva da Franklin Templeton por mais de dez anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. Atualmente mora em Teresina, no Piauí, é mãe do Tom e do Martin e, através da Fin4she, tem a missão de transformar a forma como o mercado e as pessoas se conectam com a equidade de gênero.

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