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Venda de ações da Lojas Renner totaliza R$ 775 milhões

Inédita distribuição de 100% do capital no mercado não impede, contudo, que a rede de varejo venha a ter um controlador no futuro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A oferta pública de ações da Lojas Renner é considerada um marco na história do mercado brasileiro de capitais, por introduzir um novo modelo de gestão. Pela primeira vez, uma empresa do país pulverizou 100% de seu capital no mercado, eliminando a tradicional figura do acionista controlador que dá as cartas no negócio. "É a democratização do capital", afirma Nelson Spinelli, vice-presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

No caso da Lojas Renner, foram ofertados 20,923 milhões de ações ordinárias, dos quais, 14,673 milhões pertenciam ao grupo americano J.C. Penney, ex-controlador da empresa e que se desfez de toda a sua parte. Os papéis foram vendidos pelo preço mínimo estimado (37 reais por ação), totalizando uma captação de 775 milhões de reais. A operação atraiu mais de 80 investidores institucionais, como fundos de previdência privada, sendo cerca de 30 brasileiros e o restante estrangeiro. Em termos geográficos, os fundos americanos compraram 43% da empresa, os europeus, 35%, e os brasileiros, 21%.

As pessoas físicas demonstraram pouco interesse pelo negócio apenas 120 investidores individuais, todos do Brasil, participaram da operação, respondendo por cerca de 5 milhões de reais, ou menos de 1% do total emitido.

De acordo com José Olympio Pereira, diretor da área de Investment Banking do Credit Suisse First Boston (CSFB), que coordenou a operação, os maiores investidores serão conhecidos nos próximos dias, já que a legislação brasileira obriga que as companhias divulguem os acionistas com mais de 5% de capital. Olympio afirma que apenas um investidor concentrou mais do que isso: 7%.

"Presidencialismo"

Nas emissões tradicionais, os papéis são divididos em ordinário (com direito a voto) e preferenciais (sem esse direito). O controlador da empresa é aquele que consegue reunir 50% mais um das ações ordinárias. No modelo adotado pela Lojas Renner, todas as ações são ordinárias. Os acionistas, reunidos em assembléia, elegem o Conselho de Administração que, por sua vez, indica a diretoria executiva. "É um sistema semelhante ao de uma eleição presidencial", afirma Francisco Gros, recém-empossado na presidência do Conselho da companhia.

A pulverização, porém, não impede que um investidor ou um grupo de investidores possa assumir, no futuro, o controle da empresa, por meio de sucessivas ofertas de compra de ações. Pelo novo estatuto da rede varejista, todo acionista que atingir uma participação de 20% no capital da empresa terá duas opções: ou vender uma fração das ações, mantendo-se abaixo de 20%, ou fazer uma oferta pública para a compra da totalidade dos papéis.

De acordo com Olympio, da CSFB, caso escolha a segunda opção, o investidor será obrigado a comprar as ações de todos os interessados, mesmo que esses papéis não totalizem 100% do capital. Assim, após uma oferta deste tipo, o investidor pode terminar não com todos, mas com 40% do capital da empresa, por exemplo o que já caracterizaria um grande passo para assumir sozinho seu controle. Além disso, nada impede que o investidor faça uma segunda oferta, posteriormente, ampliando ainda mais sua fatia.

Gros reconhece que essa possibilidade existe, mas destaca que o principal interesse da pulverização e das cláusulas que obrigam o interessado a realizar ofertas públicas é defender o interesse de todos os acionistas. "Caso haja a transferência dos papéis para um controlador, o interesse de todos será preservado", diz.

Sem candidatos

Por ora, Galló garante que não há interessados em adquirir o controle da empresa. O executivo afirma desconhecer eventuais negociações que a J.C. Penney tenha mantido com candidatos a comprar a Lojas Renner. Segundo ele, a opção da J.C. Penney de pulverizar as ações que detinha (equivalentes a 98% do capital da rede), em vez de vender o bloco para outra empresa deve-se à própria cultura da companhia americana, que também tem seu capital pulverizado nas bolsas americanas. "O modelo de pulverização foi um legado da J.C.Penney", diz.

Os recursos obtidos com a emissão das ações serão aplicados na expansão da rede nos próximos anos. Atualmente, a companhia possui 64 lojas e é a terceira maior rede de lojas de departamento e vestuário do país, atrás apenas da C&A e da Riachuelo. Até dezembro, a empresa pretende abrir mais três unidades. A aceleração ocorrerá a partir de 2006, quando a direção iniciará a abertura de oito lojas por ano, pelos próximos quatro anos. Dessas 32 novas unidades, 17 devem ser implantadas no Nordeste região em que a Lojas Renner ainda não atua.

No ano passado, a empresa obteve uma receita bruta de 1,3 bilhão de reais. Apesar do volume, a operação representava apenas 3% das receitas da J.C. Penney, que decidiu se desfazer do negócio para se concentrar na expansão nos Estados Unidos, de acordo com Galló.

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