Trabalhador paga em média 24% pela coparticipação do plano de saúde
Estudo da Mercer Marsh Benefícios mostra que nos últimos cinco anos o porcentual de empresas que usam o sistema de coparticipação subiu de 51% para 74%
Marília Almeida
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 17h13.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 12h43.
São Paulo - Em média, funcionários estão pagando até 24% dos valores dos procedimentos médicos em planos de saúde empresariais que utilizam o sistema de coparticipação, compartilhamento do custo do plano entre empregador e funcionário.
Ou seja, quando o trabalhador utiliza o plano de saúde para uma consulta ou exame que custa 100 reais, 24 reais sai do seu bolso. É o que conclui uma pesquisa da consultoria de benefícios Mercer Marsh Benefícios.
O modelo de coparticipação é utilizado em procedimentos de baixo custo, como pagamentos dos valores de consultas, que custam em torno de 90 reais, exames simples, que custam de 5 a 100 reais, terapias e atendimentos em pronto-socorro, que custam em média 250 reais.
Contudo, o compartilhamento de custo de procedimentos médicos entre empregador e empregado pode também incluir exames especiais, como tomografias, que custam cerca de 1 mil reais. Ou seja, nesse caso, o trabalhador paga 240 reais pelo procedimento, em média.
Pela legislação, o desconto em folha de pagamento do funcionáriodos benefícios da empresanão podem somar mais de 30% do salário dos funcionários, mas geralmente, quando é atingido esse limite no mês, o saldo excedido na coparticipação é cobrado pela empresa sobre salários posteriores ou até na rescisão, explica Mariana.
Por isso, é aconselhável o trabalhador se precaver para não tomar um susto ao olhar o holerite do mês. "A dica é conhecer a política de coparticipação da empresa e usar o plano somente para o que é realmente necessário".
O levantamento analisou as práticas de concessão de planos de saúde de 611 empresas no Brasil e identificou que 74% delas já adotam a coparticipação. Em 2015, eram 51%.
Mariana Dias Lucon, diretora de produtos da consultoria, aponta que uma série de fatores colaboram para a adoção do modelo, entre elas o aumento do custo de planos de saúde, envelhecimento da população, inclusão de novos procedimentos médicos no rol mínimo da ANS e o aumento do uso do benefício. "A coparticipação é uma forma para moderar o uso do plano de saúde em uma época de crise econômica. Atualmente usamos o plano como se fosse um cartão de crédito sem limites. Vamos ao pronto socorro ao invés de marcar uma consulta, por exemplo".
Além de mais empresas adotarem nos últimos anos o modelo de coparticipação, a pesquisa da Mercer Marsh Benefícios aponta que outra atitudes foram tomadas de forma a reduzir custos com planos de saúde: enquanto 46% delas incluíram ou alteraram o desenho de coparticipação em procedimentos, 39% migraram de operadora, 28% alteraram a elegibilidade de nível de plano por cargo, enquanto 23% alteraram a contribuição fixa do empregado.
A Mercer Marsh Benefícios não verificou retirada de benefício de plano de saúde das empresas. "Há barreiras jurídicas e contratos coletivos em determinadas categorias que podem impedir um corte total do custo. Por isso as empresas vêm optando por essas alternativas, mas ainda assim com planejamento cuidadoso, pois mesmo modificações no desenho dos planos pode gerar implicações jurídicas e conflitos com sindicatos".
No acumulado de 8 anos, a evolução do custo com saúde foi de 150%, quase três vezes superior à inflação econômica (IPCA) que foi de 64% no mesmo período. Mariana acredita que, em cinco anos, praticamente a totalidade das empresas deve adotar o modelo de compartilhamento de custos.
As empresas que participaram do estudo são de grande e médio portes: 57% são multinacionais e 58% têm faturamento acima de 100 milhões de reais. A amostra analisada abrange 2 milhões de usuários de planos de saúde empresarial (1,5 milhão de trabalhadores mais os seus dependentes nos planos).