Dinheiro: para quem faz a declaração simplificada, porém, não há vantagem, pois nela só há o desconto padrão de 20% (Thinkstock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 16h00.
Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 16h27.
Quem é assalariado e costuma fazer a declaração completa do imposto de renda pode aproveitar para aumentar a dedução do ano que vem aplicando em um fundo de previdência Plano Gerador de Benefício Definido (PGBL).
As aplicações feitas até o fim deste mês podem ser deduzidas até o limite de 12% da renda tributável. Por isso, o indicado é calcular de quanto foi a renda do ano, sem esquecer ganhos ocasionais, e quando já foi investido até agora no PGBL e completar a diferença até os 12%.
Para quem faz a declaração simplificada, porém, não há vantagem, pois nela só há o desconto padrão de 20%.
Uma forma de saber se vale a pena fazer a declaração completa é justamente somar todas as deduções com saúde, educação, INSS e o que pode ser abatido de previdência privada e ver se elas superam os 20% da renda.
O prazo final para garantir o benefício fiscal, que coincide com o pagamento do 13º salário e com o fim do ano, que permite saber a renda total e o limite exato de dedução, faz com que dezembro seja o melhor mês para a previdência privada, que neste ano já vem registrando volume recorde de aplicações.
Até novembro, a captação líquida da previdência estava em R$ 38 bilhões, o maior valor já registrado e 17,6% acima dos R$ 32,3 bilhões do mesmo período de 2015.
Cuidado com o limite
O investidor deve estar atento para não aplicar além dos 12% da renda, pois aí não há vantagem fiscal e o melhor é aplicar em um Vida Gerador de Benefício (VGBL).
É que o ganho fiscal obtido agora será pago no momento em que o investidor for sacar o PGBL. O imposto será cobrado não só sobre o rendimento, mas sobre o principal também.
Ou seja, a tributação que será deduzida agora será na verdade diferida, adiada para o resgate. Mas a vantagem é que o imposto sobre a renda cobrado hoje é de 27,5%, enquanto no resgate do PGBL pode ser de 10% após 10 anos.
Só dinheiro de longo prazo
Por isso, outra recomendação é que o dinheiro que vai para o PGBL neste fim de ano não pode ser de curto prazo, mas destinado realmente para a aposentadoria ou pelo menos para daqui 10 anos.
Se não, o que se ganha agora na declaração vai ser perdido no resgate antecipado.
Cuidado com as taxas de administração e carregamento
Além do imposto, é recomendável também escolher bem o fundo PGBL em que se vai aplicar. Sabendo do interesse dos investidores pela vantagem fiscal, muitos bancos oferecem fundos de previdência com taxas de administração altas, acima de 2% ao ano para uma carteira de renda fixa, e ainda cobram taxas de carregamento, descontadas de cada valor aplicado, de até 5%.
E quanto menor o valor aplicado, maiores essas taxas.
O ideal é negociar com o banco um fundo mais barato, usando outras aplicações ou serviços que se utilize da instituição.
O maior impacto é o da taxa de administração do banco, pois ela é cobrada sobre o principal também e, pelo prazo mais longo, consumirá boa parte das economias. Uma taxa de 2% ao ano significará 21% em 10 anos e uma de 3% ao ano, de 34%.
Gestoras independentes
Uma alternativa são empresas independentes que oferecem planos PGBL de gestoras não ligadas a grandes bancos, mas de grandes seguradoras.
Essas gestoras costumam cobrar taxas de administração mais baixas e, no lugar da taxa de carregamento, cobram taxas de saída, ou seja, o investidor só pagará se sacar o dinheiro antes de cinco anos, normalmente.
Planos empresariais
Outra opção é para quem trabalha em empresas que oferecem planos de previdência. Em geral, as empresas negociam com os bancos e esses planos têm taxas de administração bem mais baixas e não cobram carregamento.
Mesmo que a empresa não acompanhe as aplicações, como normalmente acontece com as parcelas mensais, vale a pena aproveitar para fazer um aporte maior no fundo da firma, em vez de entrar em um plano particular mais caro.
E vale inclusive continuar investindo nesses planos mesmo depois de sair da empresa, pois muitos bancos permitem que o ex-funcionário continue usando o mesmo fundo com as mesmas vantagens.
Opção para ajudar no planejamento financeiro
Se bem escolhidos, os fundos de previdência podem ser uma boa opção não só para reduzir o imposto de renda, mas para ajudar no planejamento da aposentadoria.
Além do imposto de renda menor no resgate, de 10% após 10 anos, menos que os 15% cobrados nos demais fundos ou aplicações de renda fixa, como Tesouro Direto ou CDB, as carteiras de previdência não pagam o chamado come-cotas, antecipação de imposto que incide sobre os fundos de investimentos a cada seis meses, em maio e novembro.
Além disso, como são considerados seguros, PGBL e VGBL não entram nas regras de inventário em caso de morte do titular, o que permite seu resgate imediato pelos beneficiários.
Por isso, os fundos de previdência, especialmente os VGBL, são usados como instrumento de planejamento financeiro por grandes investidores. Alguns Estados, porém, cobram imposto sobre herança sobre o valor resgatado desses fundos.
André Luís Nascimento, gerente de Relacionamento da Rio Bravo Investimentos, conta que muitas pessoas não conhecem o funcionamento dos fundos de previdência e tiveram experiências ruins em bancos, com planos com taxas de administração ou de carregamento muito altas.
“Já tivemos casos de pessoas que tinham previdência privada em outras instituições vindo conversar conosco e vimos que o fundo que ela tinha não fazia sentido para ela, como por exemplo, pela classe de ativos, com renda variável para uma pessoa que não tem tolerância a risco ou um PGBL para quem não faz a declaração completa”, diz.
Nesses casos, a pessoa mal assessorada acaba perdendo dinheiro pois aplica num PGBL que vai pagar IR sobre aplicação toda, e não só sobre o rendimento, como ocorreria num VGBL.
“E o pior é que a pessoa nem pode sacar porque pagará mais imposto pelo prazo mais curto”, diz.
Para Nascimento, muitos acham que previdência privada é muito complicado, mas isso ocorre porque não tiveram suporte e orientação correta.
“É preciso não pensar só na alocação, mas no planejamento financeiro inteiro do cliente, desde o benefício da parte sucessória, a parte tributária, a estrutura familiar, e não só oferecer plano”, diz.
Ele diz que gestores independentes normalmente cobram taxas de administração ao redor de 1% ao ano em carteiras de renda fixa. Já carteiras mais sofisticadas, com ações e multimercados, têm taxas mais altas, de 1,5% a 2% ao ano.
“Nos grandes bancos, as taxas chegam a 3% ao ano no varejo, mas diminuem para os segmentos de maior renda”, explica.