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Planos de previdência serão feitos sob medida para cliente

Depois de alta volatilidade em 2013 e 2014 planos devem ficar mais personalizados para atrair clientes


	Fita métrica: Depois de alta volatilidade em 2013 e 2014 planos devem ficar mais personalizados para atrair clientes
 (Stock.xchng/ Michaela Kobyakov)

Fita métrica: Depois de alta volatilidade em 2013 e 2014 planos devem ficar mais personalizados para atrair clientes (Stock.xchng/ Michaela Kobyakov)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 13h17.

São Paulo - Os planos de previdência privada devem ficar cada vez mais personalizados para atender os objetivos específicos de cada investidor e atrair mais clientes.

Essa mudança já começou a ocorrer em 2014 e deve se intensificar nos próximos anos, segundo Osvaldo Nascimento, presidente da Federação Nacional da Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

Em almoço promovido nesta semana pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), Nascimento afirmou que os planos devem ficar mais concentrados em títulos com vencimentos semelhantes para não decepcionar clientes que permanecem no plano, enquanto outros clientes realizam seus resgates.

Essa personalização dos planos ocorre para atender melhor os objetivos de cada cliente para a aposentadoria e reduzir riscos depois que os produtos de previdência passaram por alta volatilidade em 2013 e 2014.

"O setor de previdência deve passar por uma tipificação de produtos. Os planos devem ficar mais focados em produtos específicos para atender o momento de vida do investidor e devem ter uma estratégia mais transparente", afirma Nascimento. 

Ele diz que o investidor poderá passar a investir, por exemplo, em planos de previdência lastreados em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) com vencimento em 2035, ou em NTN-Bs com vencimento em 2050. Esses títulos públicos, negociados pelo Tesouro Direto, pagam juros mais a inflação do período do investimento, medida pelo IPCA. 

Assim, clientes que se aposentarão apenas depois de 2050 contarão com um investimento que atenda melhor seus prazos e, ao mesmo tempo, podem ser menos prejudicados por investidores que planejam resgatar os recursos em um prazo menor, obrigando os fundos a vender os títulos antes do vencimento e, eventualmente, arcar com prejuízos.

"Um jovem de 20 anos passará a investir em planos que possuem produtos com prazos de 50 anos, por exemplo. Com isso, os planos terão títulos mais focados no que cada cliente precisa, reduzindo os riscos", diz o presidente da Fenaprevi.

Nascimento afirma que esse tipo de plano já começou a ser comercializado em 2014 em diversos bancos, dentre eles o Bradesco e o Itaú, e têm sido chamados de PGBL ou VGBL índice de preços (veja as diferenças entre os planos PGBL e VGBL).

Outros planos segmentados que devem surgir com mais força são aqueles que aplicam em títulos privados, como em debêntures, que são títulos de dívidas emitidos por empresas. São os chamados VGBL ou PGBL com lastro em crédito privado. 

"Em vez de escolher apenas entre o plano PGBL ou VGBL, a tendência é que o investidor passe a ter diferentes tipos de produtos VGBL e diferentes tipos de planos PGBL", diz Nascimento.

Questionado se não seria mais interessante investir diretamente no título público do que aplicar em um plano que fará exatamente a mesma coisa e cobrará taxas por isso, Nascimento afirmou que a vantagem do plano pode ser o benefício tributário.

Nos planos da modalidade PGBL, o investidor pode abater as contribuições para a previdência na Declaração de Imposto de Renda - desde que ele utilize o modelo completo - até um limite de 12% da renda tributável (veja como ocorre a dedução do PGBL).

Já ao investir diretamente nos títulos públicos a tributação ocorre pela tabela regressiva do imposto de renda, que varia de 22,5% a 15% sobre o rendimento, sendo que a alíquota é menor quanto maior o prazo do investimento. 

De qualquer forma, apesar da possibilidade de abatimento do imposto no investimento em PGBLs, o imposto não é eliminado, ele apenas é postergado para o momento do resgate. 

Por essa razão, muitos especialistas recomendam investir diretamente nos títulos públicos para a aposentadoria, em vez de investir em planos de previdência que farão as mesmas aplicações e ainda cobrarão taxas - em alguns casos altas - por isso. 

Por que focar pode ser melhor

Nos últimos dois anos, os planos de previdência passaram por maus bocados com as oscilações na taxa básica de juros, Selic

Os planos costumam ser recheados de NTN-Bs, já que esses títulos prometem um rendimento acima da inflação, fator importantíssimo para investimentos para de longo prazo, como é o caso das aplicações para a aposentadoria.

Como o Brasil passou por um período de queda da taxa de juro básica ao longo de 2012, diversas NTN-Bs compradas durante esse período prometiam juros baixos, de 2% a 3% ao ano, compatíveis com a Selic daquele momento, que chegou aos 7,25% ao ano (hoje está aos 11, 75%).

Posteriormente, com o aumento da taxa de juros a partir de 2013, as NTN-Bs compradas no período de juros baixos ficaram desvantajosas em relação às NTN-Bs vendidas a taxa de juros maiores, de 5%, 6% ao ano.

Ainda que esse título pague no vencimento exatamente o que foi prometido no momento da aplicação, eles podem gerar prejuízo ao serem vendidos antes do prazo porque nesse caso serão comprados pelo valor que o mercado está disposto a pagar naquele momento.

Portanto, quando novas NTN-Bs foram emitidas com taxas maiores, aquelas compradas nos tempos de juros menores passaram a ser vendidas com altos descontos. 

Mesmo que os fundos não quisessem vender essas NTN-Bs antes do vencimento, justamente para não realizar esse prejuízo, regras de mercado obrigam os fundos a divulgar os valores atualizados dos títulos diariamente, ou seja, os valores pelos quais eles seriam vendidos antes do vencimento. Essa é a chamada marcação a mercado. 

Ao divulgar esses valores atualizados, clientes se assustaram com as rentabilidades negativas dos títulos e resgataram seus investimentos. Para fazer frente às solicitações de resgate, os fundos tiveram que se desfazer dos títulos, realizando o prejuízo. 

Esses movimentos aconteceram com frequência em 2013 e 2014 e acabaram levando os fundos a registrarem, em alguns momentos, maior número de resgates do que de aplicações, segundo afirmou Osvaldo Nascimento. 

Justamente por essa razão o setor busca personalizar os fundos. Dessa forma, se um plano concentrar apenas investidores com objetivos de longo prazo, por exemplo, os riscos de resgate antecipado e venda dos títulos antes o vencimento, é menor. 

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