Os melhores e os piores investimentos de setembro
Com alta de 9,33% no mês, dólar deixa outros investimentos "no chinelo"
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2014 às 14h59.
São Paulo – O dólar foi a aplicação com maior alta no ranking de investimentos do mês de setembro, com valorização expressiva de 9,33%.
O ouro ficou em segundo lugar, com alta de 2,7% no mês, seguido pela Nota do Tesouro Nacional série B Principal - NTN-B Principal, título público atrelado à inflação -com vencimento em 2015, que subiu 1,04%.
O anúncio de redução dos estímulos do banco central norte-americano e o pessimismo diante da perspectiva de vitória da presidente Dilma Rousseff nas eleições puxaram a alta do câmbio. A insegurança sobre os rumos da economia também motivaram a valorização do ouro.
Já as NTN-Bs que vencem em 2015 se beneficiam com a expectativa de estabilidade dos juros básicos da economia no curto prazo.
Veja na tabela a seguir o ranking do desempenho de algumas das principais aplicações do mercado em setembro e no acumulado de 2014:
Aplicação | Desempenho em setembro | Desempenho no ano |
---|---|---|
Dólar | 9,33% | 4,68% |
Ouro | 2,70% | 4,97% |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2015)* | 1,04% | 9,03% |
NTN-B (vencimento em 15/05/2015)* | 1,03% | 8,97% |
Fundos Multimercado Macro* | 1,01% | 4,94% |
Fundos referenciados DI* | 0,96% | 7,83% |
Fundos Multimercado Multiestratégia* | 0,94% | 7,03% |
Selic* | 0,90% | 7,85% |
LFT (vencimento em 07/03/2015)* | 0,90% | 7,87% |
CDI* | 0,90% | 7,78% |
LTN (vencimento em 01/01/2015)* | 0,87% | 7,77% |
Fundos de Renda Fixa* | 0,87% | 8,41% |
Fundos Multimercados Juros e Moedas* | 0,85% | 7,55% |
LFT (vencimento em 07/03/2017)* | 0,81% | 7,76% |
Poupança antiga* | 0,61% | 5,19% |
Poupança nova* | 0,57% | 5,19% |
Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) | 0,55% | 3,36% |
IPCA (estimativa do Banco Central)** | 0,43% | 4,46% |
IGP-M (estimativa do Banco Central)** | 0,35% | 1,90% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2017)* | -1,13% | 8,79% |
LTN (vencimento em 01/01/2018)* | -2,46% | - |
Fundos de ações livre* | -3,56% | 2,34% |
Fundos de ações Small Caps* | -4,22% | -4,27% |
Fundos de ações Ibovespa Ativo* | -4,91% | 1,57% |
Fundos de ações dividendos* | -5,51% | 5,75% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2025)* | -6,02% | - |
NTN-B (vencimento em 15/05/2035)* | -7,86% | 11,88% |
NTN-B (vencimento em 15/08/2050)* | -10,48% | 11,93% |
Ibovespa | -11,70% | 5,06% |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2035)* | -14,82% | 13,48% |
Fontes: Banco Central, BM&FBovespa, Tesouro Nacional e Anbima.
(*) O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
(**) Expectativa de inflação para o mês de agosto e para o acumulado em 2014 até setembro, segundo o Banco Central.
À exceção dos fundos de investimento imobiliário, os resultados dos rendimentos de todos os fundos da tabela foram fechados no dia 25 de setembro.
As expectativas sobre o IGP-M e o IPCA foram fechadas no dia 19.Os dados sobre a poupança nova e antiga, taxa Selic, CDI e ouro foram fechados no dia 29 de setembro. E as rentabilidades do dólar, Ibovespa, do IFIX e dos títulos públicos são referentes ao fechamento do dia 30 de setembro.
Renda fixa
Dentre os investimentos de renda fixa , que têm sua forma de remuneração definida no momento da aplicação, o grande destaque foram as NTN-Bs, títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto que pagam uma taxa de juro pré-fixada, mais a variação da inflação, medida pelo IPCA.
As NTN-Bs que se beneficiaram foram aquelas com prazo de vencimento em 2015. “Como ficou clara a perspectiva de menor crescimento da economia para 2015, os juros não devem subir no curto prazo, a expectativa é de queda ou estabilidade”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Sem expectativa de alta nos juros até 2015 - já que o aumento dos juros pode frear ainda mais o crescimento da economia - as NTN-Bs com prazo de vencimento em 2015 se valorizam. Isso acontece porque a taxa de juro paga por essas NTN-Bs, que foram emitidas lá atrás, tornam-se mais vantajosas diante das perspectivas de taxas menores.
Já as NTN-Bs de prazo longo sentiram o efeito oposto. “As perspectivas de juros mais altos nos Estados Unidos e a expectativa de reeleição da presidente Dilma resultaram em uma expectativa de alta nos juros mais longos”, afirma Perfeito.
Com o aumento dos juros nos EUA, investidores de todo o mundo tendem a migrar seus recursos para o país, já que seus títulos oferecem o menor risco do mundo, e passam a oferecertambémremunerações maiores. Assim, para atrair recursos, países emergentes precisam aumentar ainda mais suas taxas de juros, de forma a compensaro maior risco do paíspela maior remuneração.
Além disso, a insegurança do mercado sobre os rumos da economia brasileira , que aumenta com a chance de vitória da presidente Dilma, também provoca um aumento das taxas, já que o governo atual representa mais risco aos olhos de investidores estrangeiros - novamente o juro sobe para compensar a menor segurança ao investir no país.
Assim sendo, com o aumento das expectativas de juros no longo prazo, as NTN-Bs com prazos mais longos sofrem desvalorização porque suas taxas ficam desvantajosas frente à perspectiva de aumento dos juros.
Cenário oposto ocorreuhá algumas semanas,quando o mercado previa uma vitória de Marina Silva (PSB) e o aumento da confiança no país. Diante dessa perspectiva, a curva de juros de longo prazo apresentou queda, valorizando as NTN-Bs de longo prazo que apresentavam juros atraentes frente à expectativa de redução dos juros.
Isso explica porque as NTN-BS de longo prazo sofreram queda em setembro, mas registram alta no acumulado do ano.
Apesar dessas oscilações, os títulos públicos não geram prejuízos, tampouco ganhos acentuados, se forem levados até o vencimento. Quando carregados até o final do prazo eles pagam exatamente o que foi acordado no momento da aplicação.
As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos públicos atrelados à Selic, também apresentaram bom resultado no mês, uma vez que a taxa básica se encontra em um patamar elevado na comparação, por exemplo, com o rendimento da poupança, de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR, taxa média dos títulos comercializados entre bancos).
Apesar de ser isenta de imposto de renda, a remuneração da poupança é desvantajosa porque enquanto diversos títulos de renda fixa acompanham a alta da Selic, a caderneta continua rendendo 0,5% mais a TR, quando a Selic passa dos 8,5% ao ano.
Os fundos referenciados DI também aparecem como uma boa opção de investimento. Esses fundos de investimento acompanham a variação da taxa DI (taxa de depósito interfinanceiro que representa os juros médios praticados entre bancos), que fica muito próxima à taxa Selic.
Dentre os títulos mostrados na tabela, estão disponíveis para compra: NTN-B Principal (15/05/2035), NTN-B (15/05/2035), NTN-B (15/08/2050), LFT (07/03/2017), LTN (01/01/2018).
Renda variável
O dólar deixou os outros investimentos do ranking "no chinelo" com a alta de 9,33%. “Além dos processo eleitoral, o FED anunciou o fim do quantative easing [os estímulos monetários], enxugando a liquidez da moeda no país e no mundo”, afirma André Perfeito.
Sem os estímulos do FED, uma quantidade menor de dólar circula pela economia americana e a moeda se valoriza. Soma-se a isso a perspectiva de aumento dos juros básicos no país, que atrai ainda mais investimentos.
Com a insegurança na economia brasileira, o real também se enfraquece, contribuindo ainda mais para a valorização cambial, e resultando na alta expressiva verificada no mês.
O ouro foi o segundo investimento com melhor resultado em setembro. Por ser tido como uma reserva de segurança, já que possui lastro, o metal se valoriza em momentos de insegurança do mercado. Com as incertezas no cenário internacional e doméstico, o investimento se valorizou.
Já o desempenho da Bolsa, medido pelo Ibovespa, foi desastroso. O índice registrou o pior resultado mensal desde 2012, recuando 11,7%.
“Não só a Bolsa brasileira caiu, como o conjunto das bolsas emergentes. A explicação novamente é a diminuição da liquidez global, ocasionada pelo fim dos estímulos do FED. Adicionalmente, nos últimos dias parece que ‘caiu a ficha’ do mercado de que a história da Marina não é certa e de que a Dilma tem boas chances de ganhar”, diz Perfeito.
A perspectiva de reeleição da presidente, acrescenta ele, é refletida principalmente nas ações de estatais, com destaque para a Petrobras, que por ter um grande peso no Ibovespa influencia o índice na veia.