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Os carros com o preço mais afetado pelo IPI maior

Entre os importados mais vendidos atingidos, estão o Hyundai i30, o Chery QQ e o Kia Soul

Porsche Cayenne: carros de luxo devem sofrer os maiores aumentos de preços com novo IPI (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 11h18.

São Paulo – A decisão do governo de elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros importados não vai afetar o mercado de maneira linear. De acordo com a norma editada pelo governo, não devem ter alteração de preços os carros que são trazidos da Argentina e do México. Esse é o caso da maioria dos veículos importados pelas maiores montadoras do país: Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford.

Já boa parte dos demais carros ficará mais cara. Abaixo são apresentados os preços dos dez carros mais vendidos no Brasil entre os importados que serão afetados pela medida, ainda sem contar o impacto do IPI:

Posição entre os mais vendidosModeloVersão de entradaPreço de tabela da montadora no começo de setembro (em reais)Tabela FipeTabela Molicar
1Hyundai i30GLS 2.0 16V mecânico57.00056.00057.000
2Chery QQ1.1 16V23.99024.19124.000
3Kia Soul1.6 16V flex52.90056.92752.900
4Kia Cerato1.6 16V mecânico53.40055.74453.900
5JAC J31.4 16V37.90038.75037.900
6Kia Sorento2.4 16V98.400105.61698.400
7Hyundai ix 352.0 16V 4x285.00086.60085.000
8JAC J3 Turim1.4 16V39.90040.79139.900
9Mitsubishi ASX2.0 16V mecânico79.99080.60780.000
10Kia SportageLX 2.0 16V 166 cavalos83.90082.93383.500

A alíquota maior do IPI para os veículos que não se encaixam nas exceções acima subirá para ao menos 37% - hoje a menor alíquota é de 7%. Especialistas estimam que o aumento do valor final dos veículos vai variar entre 25% e 28%. A medida deve encarecer os carros à medida que os modelos já trazidos do exterior sejam todos vendidos. Neste final de semana, houve uma corrida às concessionárias de interessados em comprar um carro importado com o IPI antigo.

Segundo a Fipe e a Molicar, as duas principais empresas de pesquisa de preços de carros no país, os atuais estoques podem demorar algumas semanas para ser desovados e, até lá, não será possível mensurar o impacto total da medida do governo. O efeito deve começar a ser sentido no final de setembro ou começo de outubro, mas especialistas já tentam antever onde o impacto será maior.

Segundo Vitor Meizikas Filho, analista da Molicar, as concessionárias que vendem carros importados com similares nacionais terão mais dificuldade em repassar o aumento integral do IPI ao consumidor final.

É grande a probabilidade de que essas empresas negociem com as montadoras no exterior uma redução dos preços e também abram mão de parte da margem de lucro para continuarem com preços atrativos o suficiente para não encolherem excessivamente. Além da forte concorrência no segmento que vai de 24.000 a 70.000 reais, Meizikas Filho lembra que esses consumidores são os mais sensíveis a preço e não devem digerir bem um aumento de até 28% no valor de um veículo de um dia para o outro.

Outro nicho que deverá ser bastante afetado é o dos carros de entrada das montadoras de luxo europeias, como Audi, BMW, Mercedes e Volvo. Antes do aumento do IPI, essas três montadoras ofereciam ao menos um modelo por menos de 100.000 reais ( veja algumas opções ). Valores como esse ainda cabem no bolso da classe média – não é à toa que as vendas desses veículos cresciam vertiginosamente antes das medidas.


Com a alta do dólar para 1,80 real e com o novo IPI, é improvável que essas montadoras não percam clientes. Um pequeno ajuste de preços pode ser fatal porque muitos executivos que estavam à procura de um sedã de cerca de 80.000 reais, por exemplo, percebiam que podiam comprar um modelo de uma montadora de luxo tirando só mais um pouquinho de dinheiro do bolso. O novo IPI deve mudar completamente as regras desse jogo.

Os aumentos mais representativos, entretanto, devem ocorrer no segmento de alto luxo, que engloba carros de 200.000 a 1,5 milhão de reais. Nesses casos, praticamente todos os carros vendidos no Brasil são importados e terão de pagar IPI maior. Como não há um similar nacional que possa tirar vantagem da situação, é provável que as concessionárias repassem toda alta do IPI ao consumidor final.

“Os modelos de luxo vão ficar mais caros, mas seus consumidores são bem menos sensíveis a preços”, diz Meizikas Filho. “Quem quer um carro como esse pode até adiar, mas não vai deixar de levar para a garagem o automóvel dos sonhos porque tem dinheiro para isso, independentemente do aumento.”

Por último, a medida do governo ainda poderá ter um efeito colateral negativo sobre os preços dos carros fabricados no Brasil. Com preços e estratégias de marketing agressivas, muitos veículos importados da Coreia do Sul e da China vinham obrigando as montadoras nacionais a trabalhar com margens menores de lucro para não perder mercado.

A reação das montadoras nacionais não vinha sob a forma de uma redução do preço de tabela dos carros. A maioria preferia oferecer descontos na instalação de uma série de opcionais nos veículos forma a não perder competitividade frente a chineses e coreanos ( veja alguns exemplos ). Esse movimento tende agora perder força. Outro efeito colateral negativo é que as montadoras nacionais poderão investir menos em melhorias dos modelos sem deixar de ser competitivas. Quando são anunciadas medidas protecionistas que reduzem a concorrência, definitivamente não são os consumidores que saem ganhando.

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São Paulo – A decisão do governo de elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os carros importados não vai afetar o mercado de maneira linear. De acordo com a norma editada pelo governo, não devem ter alteração de preços os carros que são trazidos da Argentina e do México. Esse é o caso da maioria dos veículos importados pelas maiores montadoras do país: Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford.

Já boa parte dos demais carros ficará mais cara. Abaixo são apresentados os preços dos dez carros mais vendidos no Brasil entre os importados que serão afetados pela medida, ainda sem contar o impacto do IPI:

Posição entre os mais vendidosModeloVersão de entradaPreço de tabela da montadora no começo de setembro (em reais)Tabela FipeTabela Molicar
1Hyundai i30GLS 2.0 16V mecânico57.00056.00057.000
2Chery QQ1.1 16V23.99024.19124.000
3Kia Soul1.6 16V flex52.90056.92752.900
4Kia Cerato1.6 16V mecânico53.40055.74453.900
5JAC J31.4 16V37.90038.75037.900
6Kia Sorento2.4 16V98.400105.61698.400
7Hyundai ix 352.0 16V 4x285.00086.60085.000
8JAC J3 Turim1.4 16V39.90040.79139.900
9Mitsubishi ASX2.0 16V mecânico79.99080.60780.000
10Kia SportageLX 2.0 16V 166 cavalos83.90082.93383.500

A alíquota maior do IPI para os veículos que não se encaixam nas exceções acima subirá para ao menos 37% - hoje a menor alíquota é de 7%. Especialistas estimam que o aumento do valor final dos veículos vai variar entre 25% e 28%. A medida deve encarecer os carros à medida que os modelos já trazidos do exterior sejam todos vendidos. Neste final de semana, houve uma corrida às concessionárias de interessados em comprar um carro importado com o IPI antigo.

Segundo a Fipe e a Molicar, as duas principais empresas de pesquisa de preços de carros no país, os atuais estoques podem demorar algumas semanas para ser desovados e, até lá, não será possível mensurar o impacto total da medida do governo. O efeito deve começar a ser sentido no final de setembro ou começo de outubro, mas especialistas já tentam antever onde o impacto será maior.

Segundo Vitor Meizikas Filho, analista da Molicar, as concessionárias que vendem carros importados com similares nacionais terão mais dificuldade em repassar o aumento integral do IPI ao consumidor final.

É grande a probabilidade de que essas empresas negociem com as montadoras no exterior uma redução dos preços e também abram mão de parte da margem de lucro para continuarem com preços atrativos o suficiente para não encolherem excessivamente. Além da forte concorrência no segmento que vai de 24.000 a 70.000 reais, Meizikas Filho lembra que esses consumidores são os mais sensíveis a preço e não devem digerir bem um aumento de até 28% no valor de um veículo de um dia para o outro.

Outro nicho que deverá ser bastante afetado é o dos carros de entrada das montadoras de luxo europeias, como Audi, BMW, Mercedes e Volvo. Antes do aumento do IPI, essas três montadoras ofereciam ao menos um modelo por menos de 100.000 reais ( veja algumas opções ). Valores como esse ainda cabem no bolso da classe média – não é à toa que as vendas desses veículos cresciam vertiginosamente antes das medidas.


Com a alta do dólar para 1,80 real e com o novo IPI, é improvável que essas montadoras não percam clientes. Um pequeno ajuste de preços pode ser fatal porque muitos executivos que estavam à procura de um sedã de cerca de 80.000 reais, por exemplo, percebiam que podiam comprar um modelo de uma montadora de luxo tirando só mais um pouquinho de dinheiro do bolso. O novo IPI deve mudar completamente as regras desse jogo.

Os aumentos mais representativos, entretanto, devem ocorrer no segmento de alto luxo, que engloba carros de 200.000 a 1,5 milhão de reais. Nesses casos, praticamente todos os carros vendidos no Brasil são importados e terão de pagar IPI maior. Como não há um similar nacional que possa tirar vantagem da situação, é provável que as concessionárias repassem toda alta do IPI ao consumidor final.

“Os modelos de luxo vão ficar mais caros, mas seus consumidores são bem menos sensíveis a preços”, diz Meizikas Filho. “Quem quer um carro como esse pode até adiar, mas não vai deixar de levar para a garagem o automóvel dos sonhos porque tem dinheiro para isso, independentemente do aumento.”

Por último, a medida do governo ainda poderá ter um efeito colateral negativo sobre os preços dos carros fabricados no Brasil. Com preços e estratégias de marketing agressivas, muitos veículos importados da Coreia do Sul e da China vinham obrigando as montadoras nacionais a trabalhar com margens menores de lucro para não perder mercado.

A reação das montadoras nacionais não vinha sob a forma de uma redução do preço de tabela dos carros. A maioria preferia oferecer descontos na instalação de uma série de opcionais nos veículos forma a não perder competitividade frente a chineses e coreanos ( veja alguns exemplos ). Esse movimento tende agora perder força. Outro efeito colateral negativo é que as montadoras nacionais poderão investir menos em melhorias dos modelos sem deixar de ser competitivas. Quando são anunciadas medidas protecionistas que reduzem a concorrência, definitivamente não são os consumidores que saem ganhando.

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