Exame Logo

O branco mais caro da história

Stephen Williams vendeu uma garrafa de 1787 por 90 000 dólares -- se virou vinagre, ele não devolve o dinheiro

As jóias raras da coleção - Williams, da Antique Wine, e as garrafas mais antigas de sua adega: um garrafão de Petrus sai por 160 000 dólares
DR

Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h15.

É bastante provável que a garrafa da foto ao lado contenha cerca de 1 litro de vinagre -- trata-se de um vinho produzido no longínquo ano de 1787, um exemplar do lendário Château d'Yquem, o mais consagrado vinho de sobremesa do mundo. No outono daquele ano, enquanto os camponeses colhiam as uvas sémillon e sauvignon blanc na propriedade do château, Maria Antonieta curtia suas últimas festas com a cabeça no lugar e James Watt aperfeiçoava sua máquina a vapor. Desde então a garrafa passou cerca de 200 anos escondida na adega de uma família aristocrata francesa, que a comprou ainda sob o império de Napoleão. No século 20, o comerciante Raymond Baudoin adquiriu a garrafa (que, depois de sua morte, foi comprada de volta pelos donos da vinícola). É praticamente impossível que um vinho mantenha por tanto tempo as características, mas, em fevereiro, um anônimo magnata americano achou que valia a pena arriscar. Ele desembolsou 90 000 dólares pelo exemplar, o que fez do Château d'Yquem 1787 o vinho branco (ou o vinagre) mais caro da história -- o tinto mais caro foi um Château Lafite produzido no mesmo ano.

O responsável pela venda, o empresário inglês Stephen Williams, é o dono da mais conceituada loja de vinhos antigos do mundo: The Antique Wine Company, com sede em Londres. "Só lidamos com as melhores safras", afirma Williams. Entre os rótulos à venda em novembro, havia uma garrafa de Château Lafite-Rothschild 1784 avaliada em 111 000 dólares e outra de Château Petrus 1921 (de 6 litros, formato imperial) oferecida por 160 000 dólares. Nem todos os preços do catálogo ostentam tantos zeros. A Antique Wine tem em estoque -- na sua adega, em Londres, e na de seus fornecedores -- cerca de 100 000 garrafas de mais de 9 000 vinhos diferentes. "Vendemos também safras atuais com potencial para se tornar ícones no futuro", diz Williams. A reputação da Antique Wine não vem de hoje. Quando George Bush pai comemorou 70 anos, em 1994, foi a Stephen Williams que a família encomendou garrafas produzidas nos anos em que ele e sua mulher, Barbara, haviam nascido. Foi também a ele que os executivos da Paramount recorreram na comemoração pelos Oscar arrebatados por Titanic em 1998 -- a festa foi regada a vinhos de 1912, ano em que o transatlântico foi a pique. No mês passado, a Antique Wine voltou ao noticiário especializado: numa transação de mais de 1 milhão de euros, em leilão promovido pela prefeitura de Paris, Williams arrematou cerca de 400 garrafas da adega que Jacques Chirac montou à frente da prefeitura de Paris. "Gostamos de saber a quem os vinhos pertenceram, visitar a adega em que estavam guardados, por isso preferimos a compra de colecionadores particulares", diz Williams.

Veja também

É bastante provável que a garrafa da foto ao lado contenha cerca de 1 litro de vinagre -- trata-se de um vinho produzido no longínquo ano de 1787, um exemplar do lendário Château d'Yquem, o mais consagrado vinho de sobremesa do mundo. No outono daquele ano, enquanto os camponeses colhiam as uvas sémillon e sauvignon blanc na propriedade do château, Maria Antonieta curtia suas últimas festas com a cabeça no lugar e James Watt aperfeiçoava sua máquina a vapor. Desde então a garrafa passou cerca de 200 anos escondida na adega de uma família aristocrata francesa, que a comprou ainda sob o império de Napoleão. No século 20, o comerciante Raymond Baudoin adquiriu a garrafa (que, depois de sua morte, foi comprada de volta pelos donos da vinícola). É praticamente impossível que um vinho mantenha por tanto tempo as características, mas, em fevereiro, um anônimo magnata americano achou que valia a pena arriscar. Ele desembolsou 90 000 dólares pelo exemplar, o que fez do Château d'Yquem 1787 o vinho branco (ou o vinagre) mais caro da história -- o tinto mais caro foi um Château Lafite produzido no mesmo ano.

O responsável pela venda, o empresário inglês Stephen Williams, é o dono da mais conceituada loja de vinhos antigos do mundo: The Antique Wine Company, com sede em Londres. "Só lidamos com as melhores safras", afirma Williams. Entre os rótulos à venda em novembro, havia uma garrafa de Château Lafite-Rothschild 1784 avaliada em 111 000 dólares e outra de Château Petrus 1921 (de 6 litros, formato imperial) oferecida por 160 000 dólares. Nem todos os preços do catálogo ostentam tantos zeros. A Antique Wine tem em estoque -- na sua adega, em Londres, e na de seus fornecedores -- cerca de 100 000 garrafas de mais de 9 000 vinhos diferentes. "Vendemos também safras atuais com potencial para se tornar ícones no futuro", diz Williams. A reputação da Antique Wine não vem de hoje. Quando George Bush pai comemorou 70 anos, em 1994, foi a Stephen Williams que a família encomendou garrafas produzidas nos anos em que ele e sua mulher, Barbara, haviam nascido. Foi também a ele que os executivos da Paramount recorreram na comemoração pelos Oscar arrebatados por Titanic em 1998 -- a festa foi regada a vinhos de 1912, ano em que o transatlântico foi a pique. No mês passado, a Antique Wine voltou ao noticiário especializado: numa transação de mais de 1 milhão de euros, em leilão promovido pela prefeitura de Paris, Williams arrematou cerca de 400 garrafas da adega que Jacques Chirac montou à frente da prefeitura de Paris. "Gostamos de saber a quem os vinhos pertenceram, visitar a adega em que estavam guardados, por isso preferimos a compra de colecionadores particulares", diz Williams.


ENTREGA EM MÃOS
A clientela de Williams, que conta com cerca de 10 000 colecionadores, é formada basicamente por milionários americanos -- mas essa proporção tende a diminuir à medida que vão crescendo os novos mercados, especialmente em países asiáticos, como Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Tailândia, Cingapura e China. Do Brasil, Williams afirma ter poucos, mas bons clientes. "São colecionadores muito sérios, que compram alguns de nossos melhores vinhos." Ele dá apenas pistas sobre a identidade desses compradores -- entre eles "um grande proprietário de terras em escala intercontinental, um banqueiro e um empresário do ramo mobiliário". Williams gasta boa parte de seu tempo mimando os clientes. Para levar o Château d'Yquem 1787 ao comprador americano, o dono da Antique Wine pilotou o próprio jatinho e entregou a garrafa em mãos. "A 16 000 dólares a taça, a última coisa que você quer é deixar o cliente com um retrogosto amargo na boca", diz ele. Claro, o jatinho serve também para fugir antes que o comprador descubra se gastou 90 000 dólares numa garrafa de vinagre -- nesses casos, Williams não devolve o dinheiro.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame