Novos produtos para quem quer investir no campo
O investidor que deseja fazer aplicações financeiras com raízes fincadas na terra, como a compra de Cédulas de Produto Rural (CPR), terá maior liberdade de escolha a partir do próximo mês. Novos produtos vão chegar ao mercado para concorrer com os encontrados no Banco do Brasil e na corretora Hedging-Griffo. O Banco Santander pretende tirar […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O investidor que deseja fazer aplicações financeiras com raízes fincadas na terra, como a compra de Cédulas de Produto Rural (CPR), terá maior liberdade de escolha a partir do próximo mês. Novos produtos vão chegar ao mercado para concorrer com os encontrados no Banco do Brasil e na corretora Hedging-Griffo.
O Banco Santander pretende tirar proveito do cadastro de clientes herdado do Banespa para incrementar seus negócios na área rural. A instituição começará a dar aval para a emissão de CPR, papéis que são utilizados pelos produtores rurais para financiar suas pastagens e lavouras. O novo negócio será anunciado na próxima Agrishow, uma feira agrícola programada para acontecer de 28 de abril a 3 de maio em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O investidor poderá comprar a CPR do Santander no próprio banco ou por meio de uma corretora que atue na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
A BM&F, por sinal, vai oferecer mais um canal de negociação de CPR. A partir de abril, começa a funcionar o mercado secundário organizado pela Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), uma instituição que pertence majoritariamente à BM&F. A idéia da bolsa é criar um ambiente de negociação diária do papel, atenuando a dificuldade do investidor que queira sair do negócio antes do vencimento.
Hoje, o comprador de CPR praticamente se casa com ela , diz Edilson Alcantara, diretor-executivo da BBM. Agora ele terá uma forma transparente de negociação, que pode atrair mais investidores para a disputa pelos títulos. Os sistemas da BBM estarão interligados com a internet (www.bbmnet.com.br), pela qual o investidor poderá comprar e vender papéis.
Já o Banco Santos está entrando aos poucos nos negócios agropecuários. Como o Santander, a instituição vai avalizar a emissão de até 8 milhões de reais em CPR neste ano. Será uma forma de aprofundar nosso relacionamento com os clientes , diz Carlos Guerra, diretor de fundos de investimento do banco. Além de atuar na ponta da emissão dos papéis, o Banco Santos pretende criar dois fundos com lastro em CPR, para facilitar a aplicação do investidor. Um deles será semelhante ao HG Café, da corretora Hedging-Griffo, só que atrelado à arroba do boi. O outro terá características de renda fixa. Vamos criar um produto que não existe no mercado, com rentabilidade atraente e baixa oscilação das cotas , diz Guerra.
Seja qual for o modo de negociação escolhido, o investidor que busca algo além da rentabilidade poderá encontrar na CPR um motivo de satisfação adicional, que a diferencia de outras aplicações financeiras. Não estou aplicando em capital especulativo , diz o analista de sistemas Cláudio Brito, dono de uma CPR avalizada pelo Banco do Brasil. Sei que meu dinheiro vai diretamente para a produção.
Fazendeiro virtual | |||||
Ao comprar uma Cédula de Produto Rural (CPR), o investidor estará financiando a atividade agropecuária. Em contrapartida, ele receberá, no vencimento, seu dinheiro de volta acrescido dos juros combinados. Cada CPR corresponde a um lote de produto rural, como sacas de arroz, de soja ou arrobas de boi gordo. O investidor não corre, no entanto, o risco de pragas, geadas ou febre aftosa - ou mesmo de calote por parte do produtor - porque a operação é avalizada por um banco ou seguradora. A CPR pode ser adquirida pela internet. Para ter uma idéia dos produtos, valores, prazos e taxas de juro, veja a tabela abaixo, que mostra o resultado do leilão de CPR financeiras de preço fixo do Banco do Brasil em 10 de março de 2003. | |||||
Produto | Preço de venda (R$) | Valor de resgate (R$)* | Vencimento (dias) | Taxa de juro (ao ano) | Quantidade |
Arroz em casca natural | 12 362 | 13 369 | 109 | 29.5% | 1 150 sacas |
Arroz em casca natural | 13 715 | 17 344 | 295 | 33.2% | 1 300 sacas |
Soja em grãos | 15 100 | 16 354 | 112 | 29.2% | 660 sacas |
Boi magro | 15 451 | 16 341 | 77 | 29.9% | 48 bois |
Soja em grãos | 17 020 | 17 700 | 51 | 31.9% | 1 000 sacas |
Boi magro | 18 224 | 19 746 | 112 | 29.4% | 58 bois |
Soja em grãos | 20 969 | 23 169 | 137 | 30.0% | 850 sacas |
Boi gordo | 22 598 | 23 902 | 77 | 30.0% | 640 arrobas |
Milho em grãos | 23 364 | 26 535 | 172 | 30.5% | 1 800 sacas |
Soja em grãos | 28 664 | 29 983 | 60 | 31.0% | 1 210 sacas |
Bezerro | 30 259 | 35 338 | 214 | 29.8% | 173 bezerros |
Arroz em casca natural | 31 170 | 33 278 | 88 | 30.7% | 2 374 sacas |
Laranja pêra Rio | 46 410 | 50 700 | 112 | 32.9% | 390 000 quilos |
Milho em grãos | 50 020 | 56 826 | 176 | 29.8% | 4 100 sacas |
Soja em grãos | 60 862 | 63 932 | 66 | 30.8% | 2 580 sacas |
Suíno vivo | 63 083 | 70 000 | 142 | 30.2% | 83 334 quilos |
Vaca gorda | 63 394 | 74 280 | 214 | 30.6% | 2 900 arrobas |
Suíno vivo | 65 750 | 70 000 | 80 | 32.6% | 83 334 quilos |
Milho em grãos | 97 090 | 101 330 | 57 | 31.0% | 7 311 sacas |
Soja em grãos | 123 353 | 128 756 | 57 | 31.1% | 5 196 sacas |
Soja em grãos | 194 810 | 203 344 | 57 | 31.1% | 8 206 sacas |
Boi gordo | 392 560 | 517 734 | 340 | 34.1% | 14 000 arrobas |
Boi gordo | 653 516 | 743 225 | 177 | 29.9% | 19 900 arrobas |
*Antes de descontar 20% de imposto de renda sobre o ganho nominal | |||||
Fonte: Banco do Brasil/Diretoria de Agronegócios |