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Novo índice da Bolsa de Valores vai avaliar sustentabilidade empresarial

Segundo o pesquisador Mario Monzoni, desempenho de índices de sustentabilidade empresarial é superior ao dos índices convencionais

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Até 40 empresas das 150 emissoras das ações mais líquidas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vão compor a partir de 1º de dezembro um novo portfólio, selecionado a partir de critérios de sustentabilidade empresarial. Além de aspectos de governança corporativa e desempenho econômico-financeiro, as candidatas serão avaliadas em suas práticas de responsabilidade social e ambiental. Quando for definida a nova cesta de ações, seu desempenho será retratado no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces).

"Não se trata de um índice acadêmico, mas de uma demanda do mercado", diz Roberto Gonzalez, da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Há hoje três fundos de investimento socialmente responsável no Brasil: dois do Banco Real ABN Amro, lançados em 2001, e um do Banco Itaú, no ano passado. "Esses fundos estão referenciados ao Ibovespa ou ao Ibrx-50 [índice da bolsa para os 50 papéis mais líquidos], e reclamam da falta de referência mais afinada a suas especificidades", explica Gonzalez. Em sua avaliação, o estabelecimento do ISE é um forte indutor para a formação de novos fundos do tipo no mercado brasileiro.

O ISE também não é meramente um selo de bom-mocismo corporativo. Segundo Mario Monzoni, pesquisador do GVces e coordenador executivo do ISE, o desempenho de índices de sustentabilidade empresarial é historica e consistentemente superior ao dos índices convencionais. Para Ricardo Nogueira, superintendente de operações da Bovespa, um dos fatores que explica a melhor performance são os baixos passivos ambientais e trabalhistas, que refletem na precificação das ações.

O ISE será o quarto índice do tipo no mundo. O primeiro, lançado em 1999 pela Dow Jones em parceria com um gestora de recursos suíça, inclui 318 companhias de 24 países, excluindo empresas do setor de defesa com mais de 50% do faturamento obtido com venda de armas. A bolsa de valores de Londres e o grupo Financial Times lançaram em 2001 índice semelhante, batizado de FTSE4Good. Ficam de fora as indústrias bélica, nuclear e tabagista. A terceira iniciativa partiu da bolsa de Johanesburgo (África do Sul) em 2003 e não exclui setores econômicos.

Discordância

No Brasil, a permissão de fabricantes de produtos considerados nocivos participarem da seleção do índice causou divergências e a saída de um integrante do conselho do ISE. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) foi voto vencido em sua proposta de excluir previamente a Ambev e a Souza Cruz e decidiu retirar-se do projeto.

Os demais participantes do conselho são: Apimec, Ministério do Meio Ambiente, International Finance Corporation, Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social, além da própria Bovespa.

Audiência pública

A partir de amanhã (21/7), o questionário para seleção das empresas estará disponível no site da GVces para avaliação e envio de sugestões e críticas. Em 10 de agosto haverá uma audiência pública no auditório da FGV em São Paulo para definir a versão final.

Logo depois, começa a fase de preenchimento das questões objetivas (na versão atual, 136 perguntas), que será feito online, sem a intervenção de entrevistadores. "Faremos depois auditorias por amostragem para evitar questionários viciados", diz Nogueira, da Bovespa.

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