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Nossa Caixa paga R$ 2,1 bi a SP por contas de servidores

A Nossa Caixa anunciou hoje o fechamento de um acordo com o Governo do Estado de São Paulo para ter a exclusividade das contas dos servidores estaduais paulistas pelos próximos 60 meses. Em troca, o banco vai pagar à vista R$ 2,084 bilhões ao governo paulista. O fechamento do acordo atende aos interesses do governador […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

A Nossa Caixa anunciou hoje o fechamento de um acordo com o Governo do Estado de São Paulo para ter a exclusividade das contas dos servidores estaduais paulistas pelos próximos 60 meses. Em troca, o banco vai pagar à vista R$ 2,084 bilhões ao governo paulista. O fechamento do acordo atende aos interesses do governador de São Paulo, José Serra, que, junto com outras lideranças políticas e bancos, pressionou para que o governo federal adiasse o início da vigência da conta-salário, mecanismo que permitirá aos correntistas transferir recursos de um banco para outro automaticamente e sem custos. O governo paulista vai gastar os mais de R$ 2 bilhões obtidos com a venda da folha de pagamento em projetos de transportes. Serão R$ 1,084 bilhão para o Rodoanel, R$ 300 milhões para estradas vicinais, R$ 600 milhões para obras do Metrô e da CPTM e R$ 100 milhões para fóruns de Justiça em vários municípios.

A Nossa Caixa já havia anunciado no ano passado acordo com o governo paulista para a transferência das contas dos servidores, que até então estavam nas mãos do Santander Banespa. Hoje, em comunicado, a Nossa Caixa informou que o acordo inclui as contas de um total de 1,1 milhão de servidores públicos ativos e inativos do estado, que devem tomar aproximadamente R$ 2 bilhões em crédito ao mês. De acordo com o comunicado, o valor do direito de exclusividade sobre a folha de pagamento foi proposto pela Secretaria de Fazenda de São Paulo, mas é "compatível com o apurado pela Nossa Caixa, por meio de metodologia utilizada para aquisições de folha de pagamento de prefeituras do estado de São Paulo e apresenta coerência em relação a valores praticados em transações similares recentes".

O mercado temia pelo valor da folha a ser pago pela Nossa Caixa. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirmou, entretanto, que o preço relativo aceito pela Nossa Caixa por cliente é menor que o pago pelo Itaú para ficar com as contas dos servidores do município de São Paulo e pelo Santander pelos servidores cariocas. Segundo a Austin, o Itaú aceitou pagar R$ 40,48 por mês para ter a conta de cada servidor paulistano - o banco pagou R$ 510 milhões por 210 mil contas. Já na cidade do Rio de Janeiro o Santander fechou um acordo de R$ 336 milhões por 166 mil servidores, ou R$ 33,74 por mês. No caso da Nossa Caixa, cada funcionário do governo do estado terá um custo de R$ 31,58. "Se a Nossa Caixa pagasse o mesmo preço por cliente que o Itaú com a prefeitura, teria de desembolsar R$ 2,778 bilhões", afirmou Agostini.

Ele lembrou, entretanto, que outras variáveis, como o salário médio dos servidores e a maturidade do mercado de crédito consignado em cada local também devem ter sido avaliadas pela Nossa Caixa para se chegar ao preço. Por outro lado, o mercado não avaliou o acordo de forma positiva. As ações ordinárias do banco, que chegaram a atingir o pico de R$ 56 no ano passado, seguem há várias semanas em tendência de baixa e hoje, às 15h28, caíam 2,47%, para R$ 35,60.

Para atender os servidores, a Nossa Caixa informou, em seu balanço do ano passado, que os investimentos alcançaram R$ 214 milhões. Foram abertas 39 agências e 53 postos de atendimento, além da realização de investimentos em tecnologia. Até dezembro, 92,1% dos servidores estaduais já eram correntistas do banco. Já o total de clientes saltou de 4,6 milhões para 5,4 milhões.

A conta-salário, uma das principais apostas do governo federal para aumentar a competição entre bancos e reduzir as taxas de juros, deveria ter entrado em vigor em janeiro. No entanto, o governo decidiu adiar a medida para entre abril de 2007 e 2012. A regulamentação aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) estabelece que funcionários públicos cujos governos estaduais tenham acordo de leilão da folha de pagamento poderão se beneficiar apenas em 2012. Já os funcionários de empresas privadas que tenham acordos semelhantes com bancos poderão transferir seus recursos automaticamente de um banco para o outro sem custos somente em 2009. Aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) também ficaram de fora das novas regras.

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