"Não dá mais para viver do juro alto", diz diretor da Franklin
Brasileiro é otimista em relação a investimentos e deseja altos retornos com baixo risco; mas serão necessários novos riscos daqui para a frente, diz especialista
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2012 às 14h57.
São Paulo - Brasil, o país ainda acostumado à alta taxa de juros, é também o país da confiança quase cega do investidor. É o que revela uma pesquisa feita pela Franklin Templeton Investments com 20.000 investidores de 19 países que representam 70% do PIB mundial. O estudo mostra que os níveis de otimismo dos brasileiros sobre o retorno dos investimentos supera o de muitos outros países.
Essa postura, porém, deve passar por uma forte mudança, segundo Heitor Lima, diretor da Franklin Templeton no Brasil. Baseado nos resultados da pesquisa, ele avalia que o investidor brasileiro ainda se guia muito pelo retrovisor das altas taxas de juros e será forçado a mudar. “O brasileiro continua com a cabeça nos altos retornos das taxas de juros dos últimos 10 anos. Mas, se ele quer ter o mesmo nível de retorno hoje, ele terá que assumir novos riscos. Não dá mais pra viver de alta taxa de juros”, afirma Lima.
Altas expectativas
O estudo mostra que, em relação às perspectivas sobre a economia local, os brasileiros só não são os mais otimistas (64%), porque perdem para os indianos (71%).
Sobre os investimentos, 30% dos entrevistados acreditam que obterão um retorno de nada menos que 15% a 25%, 48% esperam um retorno entre 5% e 15% e somente 16% indicam retornos variando entre 4% negativos e 4%.
Mais detalhadamente, o brasileiro espera uma rentabilidade de 6,8% em investimentos de renda fixa em 2012 - patamar próximo ao dos rendimentos atrelados à Selic atual, em 9%. Eles só são superados pelos indianos, que esperam retorno de 9,8% e ficam bem acima da média global, de 3,27%.
Questionados sobre as expectativas dos investimentos em renda variável, os brasileiros dizem esperar um retorno de 7,2%, enquanto o resultado global foi de 2,7% e o dos japoneses, os mais conservadores, foi de -1,8%. Somente os investidores dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Chile, Mexico ,China, Hong Kong, Malasia, India e Brasil esperam retornos positivos para suas bolsas de valores.
Aversão ao risco
Apesar de esperar altos retornos, o investidor brasileiro não tem muita disposição para correr risco, conforme mostra o estudo.
Aproximadamente 56% dos entrevistados consideram que a renda variável é muito arriscada. E, quando questionados sobre a importância que dão para o tema “garantia de retorno”, 50,7% afirmaram ser “muito importante” e 29,7% classificaram como “importante”.
Mudança de comportamento
Por um lado, com a perspectiva de queda na taxa de juros, muitos especialistas orientam que os investidores comecem a diversificar os investimentos e não fiquem restritos à renda fixa. Mas por outro, eles também não devem se despir de toda a cautela para investir no mercado de renda variável. Basta observar a volatilidade do Ibovespa, o principal índice da Bolsa paulista, que na segunda-feira apresentou a maior queda em oito meses e nesta terça-feira já apresenta alta novamente.
Hoje, uma das poucas afirmações que pode ser feita no campo dos investimentos pessoais é que muita coisa mudou em menos de um mês. Um outro nível de educação financeira se impõe àqueles que desejam manter os investimentos alinhados às expectativas anteriores. Isto é, a básica noção da poupança pode não mais ser o suficiente para quem quiser manter altos retornos ao investir.
“Quantas gerações foram criadas com juros altos? Nós estamos passando por uma grande mudança cultural que requer outro tipo de educação financeira”, diz Heitor Lima.
Aposentadoria
A pesquisa também concluiu que as decisões sobre investimentos para a aposentadoria são mais influenciadas pela família do que por profissionais especializados em investimentos.
A opinião de familiares é avaliada como “muito importante” ou “importante” por 78,8% dos entrevistados, quando eles avaliam suas aposentadorias. E a porcentagem cai para 63% quando considerada a opinião de profissionais especializados.
Em contrapartida, 80,8% dos entrevistados classificaram como “muito importante” ou “importante” a opinião dos especialistas em outros investimentos e 47,7% sobre a opinião de familiares.
Metodologia
Durante a pesquisa, foram consultadas 20.623 pessoas em 19 países: Brasil, Chile, México, Canadá e Estados Unidos nas Américas; Austrália, China, Japão, Hong Kong, Índia, Malásia, Coréia do Sul e Cingapura na região Ásia-Pacífico (APAC); e Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido na Europa.
As entrevistas foram realizadas de 30 de janeiro a 13 de fevereiro em todos os países, exceto no Canadá, onde ela foi realizada de 2 a 8 de março.
O estudo foi desenvolvido em parceria com Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental da Duke University. Os entrevistados foram selecionados entre voluntários de pesquisas on-line com idade mínima de 18 anos.
São Paulo - Brasil, o país ainda acostumado à alta taxa de juros, é também o país da confiança quase cega do investidor. É o que revela uma pesquisa feita pela Franklin Templeton Investments com 20.000 investidores de 19 países que representam 70% do PIB mundial. O estudo mostra que os níveis de otimismo dos brasileiros sobre o retorno dos investimentos supera o de muitos outros países.
Essa postura, porém, deve passar por uma forte mudança, segundo Heitor Lima, diretor da Franklin Templeton no Brasil. Baseado nos resultados da pesquisa, ele avalia que o investidor brasileiro ainda se guia muito pelo retrovisor das altas taxas de juros e será forçado a mudar. “O brasileiro continua com a cabeça nos altos retornos das taxas de juros dos últimos 10 anos. Mas, se ele quer ter o mesmo nível de retorno hoje, ele terá que assumir novos riscos. Não dá mais pra viver de alta taxa de juros”, afirma Lima.
Altas expectativas
O estudo mostra que, em relação às perspectivas sobre a economia local, os brasileiros só não são os mais otimistas (64%), porque perdem para os indianos (71%).
Sobre os investimentos, 30% dos entrevistados acreditam que obterão um retorno de nada menos que 15% a 25%, 48% esperam um retorno entre 5% e 15% e somente 16% indicam retornos variando entre 4% negativos e 4%.
Mais detalhadamente, o brasileiro espera uma rentabilidade de 6,8% em investimentos de renda fixa em 2012 - patamar próximo ao dos rendimentos atrelados à Selic atual, em 9%. Eles só são superados pelos indianos, que esperam retorno de 9,8% e ficam bem acima da média global, de 3,27%.
Questionados sobre as expectativas dos investimentos em renda variável, os brasileiros dizem esperar um retorno de 7,2%, enquanto o resultado global foi de 2,7% e o dos japoneses, os mais conservadores, foi de -1,8%. Somente os investidores dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Chile, Mexico ,China, Hong Kong, Malasia, India e Brasil esperam retornos positivos para suas bolsas de valores.
Aversão ao risco
Apesar de esperar altos retornos, o investidor brasileiro não tem muita disposição para correr risco, conforme mostra o estudo.
Aproximadamente 56% dos entrevistados consideram que a renda variável é muito arriscada. E, quando questionados sobre a importância que dão para o tema “garantia de retorno”, 50,7% afirmaram ser “muito importante” e 29,7% classificaram como “importante”.
Mudança de comportamento
Por um lado, com a perspectiva de queda na taxa de juros, muitos especialistas orientam que os investidores comecem a diversificar os investimentos e não fiquem restritos à renda fixa. Mas por outro, eles também não devem se despir de toda a cautela para investir no mercado de renda variável. Basta observar a volatilidade do Ibovespa, o principal índice da Bolsa paulista, que na segunda-feira apresentou a maior queda em oito meses e nesta terça-feira já apresenta alta novamente.
Hoje, uma das poucas afirmações que pode ser feita no campo dos investimentos pessoais é que muita coisa mudou em menos de um mês. Um outro nível de educação financeira se impõe àqueles que desejam manter os investimentos alinhados às expectativas anteriores. Isto é, a básica noção da poupança pode não mais ser o suficiente para quem quiser manter altos retornos ao investir.
“Quantas gerações foram criadas com juros altos? Nós estamos passando por uma grande mudança cultural que requer outro tipo de educação financeira”, diz Heitor Lima.
Aposentadoria
A pesquisa também concluiu que as decisões sobre investimentos para a aposentadoria são mais influenciadas pela família do que por profissionais especializados em investimentos.
A opinião de familiares é avaliada como “muito importante” ou “importante” por 78,8% dos entrevistados, quando eles avaliam suas aposentadorias. E a porcentagem cai para 63% quando considerada a opinião de profissionais especializados.
Em contrapartida, 80,8% dos entrevistados classificaram como “muito importante” ou “importante” a opinião dos especialistas em outros investimentos e 47,7% sobre a opinião de familiares.
Metodologia
Durante a pesquisa, foram consultadas 20.623 pessoas em 19 países: Brasil, Chile, México, Canadá e Estados Unidos nas Américas; Austrália, China, Japão, Hong Kong, Índia, Malásia, Coréia do Sul e Cingapura na região Ásia-Pacífico (APAC); e Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido na Europa.
As entrevistas foram realizadas de 30 de janeiro a 13 de fevereiro em todos os países, exceto no Canadá, onde ela foi realizada de 2 a 8 de março.
O estudo foi desenvolvido em parceria com Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental da Duke University. Os entrevistados foram selecionados entre voluntários de pesquisas on-line com idade mínima de 18 anos.