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Migração para investimentos passivos atingirá marco em 2019

Nos últimos anos, os investidores dispensaram as gestoras de perfil ativo em favor de ETFs e outros fundos de índices

Investimentos (Westend61/Getty Images)

Investimentos (Westend61/Getty Images)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 4 de janeiro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 4 de janeiro de 2019 às 05h00.

A separação entre estratégias passivas e ativas de investimento deve cruzar uma linha importante em 2019.

Entre os fundos mútuos e fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs) que compram ações nos EUA, os que acompanham índices de forma passiva agora detêm 48 por cento dos ativos, segundo estimativas da Morningstar. Se a tendência se mantiver, vão passar de 50 por cento neste ano.

Seria um marco na indústria de investimentos, que por décadas se ergueu sobre a escolha de ações e títulos com desempenho superior ao dos mercados. Nos últimos anos, os investidores dispensaram as gestoras de perfil ativo em favor de ETFs e outros fundos de índices, que geralmente oferecem exposição aos mercados cobrando taxas bem menores. Essa migração prosseguiu em 2018, mesmo enquanto as referências acompanhadas pelos fundos passivos caiam.

“Espero que a tendência [de estratégia] ativa para passiva continue”, disse o consultor Benjamin Phillips, da Casey Quirk. “Não se trata apenas de investidores que tentam aproveitar os ganhos do mercado, é uma mudança secular na forma como as carteiras são construídas.”

Fundos de ações dos EUA administrados passivamente chegaram a 48,1 por cento de participação em 30 de novembro, vindo de 45,7 por cento um ano antes, de acordo com dados da Morningstar.

Além das ações americanas, os fundos de índices ganharam poder de fogo em 2018. O movimento foi menos pronunciado no mercado de renda fixa, onde os gestores de recursos superam as referências de modo mais consistente. Aproximadamente US$ 150 bilhões foram resgatados de fundos administrados ativamente nos primeiros 11 meses do ano, mas entraram US$ 395 bilhões nos fundos passivos, segundo a Morningstar.

Divisão dramática

A divisão foi especialmente dramática em novembro, quando a volatilidade disparou. Os fundos ativos sofreram mais de US$ 50 bilhões em resgates, enquanto os fundos de índices absorveram quantia similar.

As saídas dos fundos mútuos podem se acelerar se os investidores que resgatam recursos por causa da volatilidade optarem por ETFs quando voltarem a aplicar dinheiro.

“Investidores de fundos mútuos ativos têm um histórico de entrar em pânico quando as coisas se complicam”, disse Eric Balchunas, analista sênior da Bloomberg Intelligence. “As estratégias passivas tendem a ganhar fatia de mercado em ambientes difíceis.”

Nem tudo foi bem para os fundos passivos em 2018. A participação deles aumentou, mas os fluxos foram bem menores do que o recorde de 2017, de quase US$ 700 bilhões em contribuições.

Este é o quadro para as maiores gestoras de fundos dos EUA:

Vanguard Group

A instituição lançou seu primeiro fundo mútuo indexado para investidores individuais em 1976. Nos primeiros 11 meses de 2018, entraram US$ 168 bilhões em fundos passivos, segundo cálculos da Morningstar. Em 2017, foram US$ 329 bilhões.

Sediada em Valley Forge, na Pensilvânia, a Vanguard sente o impacto da redução dos fluxos para ETFs. O setor inteiro provavelmente atraiu pouco mais de US$ 300 bilhões, comparado a US$ 467 bilhões em 2017.

BlackRock

A instituição sediada em Nova York registrou US$ 108 bilhões em aplicações em instrumentos passivos até novembro, segundo a Morningstar. Em 2017, foram US$ 213 bilhões. O ritmo se acelerou em novembro, quando a BlackRock atraiu mais de US$ 25 bilhões para ETFs nos EUA, um recorde mensal para a instituição, que é a maior fornecedora mundial de ETFs.

A maior queda para a instituição foi observada nos fundos mais sensíveis a oscilações das ações.

Fidelity

A instituição sediada em Boston registrou aumento de fluxos para os produtos passivos em 2018, captando US$ 64 bilhões até novembro, segundo a Morningstar, comparado com US$ 52 bilhões em 2017.

Dos produtos passivos da instituição saíram US$ 17 bilhões, pelos cálculos da Morningstar. Mas é boa notícia porque, para os profissionais da Fidelity que escolhem ações e títulos, seria o menor volume de saídas desde 2014.

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