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Mercado vê com cautela oferta da CSN por Cimpor

Por Alberto Alerigi Jr. SÃO PAULO (Reuters) - A oferta de compra da Cimentos de Portugal (Cimpor) pela CSN é vista como um movimento audacioso do grupo brasileiro, conhecido principalmente como produtor de aço e que estreou há pouco tempo no fragmentado mercado cimenteiro no mundo.   No curto prazo, a preocupação de analistas é […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - A oferta de compra da Cimentos de Portugal (Cimpor) pela CSN é vista como um movimento audacioso do grupo brasileiro, conhecido principalmente como produtor de aço e que estreou há pouco tempo no fragmentado mercado cimenteiro no mundo.

No curto prazo, a preocupação de analistas é sobre o nível de endividamento da CSN se a operação for bem-sucedida, embora no médio e longo prazos a aquisição possa ajudar na estratégia do grupo de diversificar seus negócios.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) fez nesta sexta-feira o lançamento preliminar de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de 5,75 euros por ação da Cimpor, o que representa um prêmio de cinco por cento sobre o fechamento dos papéis da empresa portuguesa na véspera.

Considerando 100 por cento do capital da Cimpor e dívida líquida da empresa-alvo de 1,8 bilhão de euros no final do terceiro trimestre, o negócio alcançaria 5,7 bilhões de euros (8,1 bilhões de dólares).

Enquanto as ações da Cimpor disparavam na bolsa de Lisboa em reação à notícia, as da CSN recuavam na Bovespa, com baixa de 6,35 por cento, a 54,89 reais, às 14h56.

"O que assusta é o valor da operação... Ela vai dobrar a dívida líquida da CSN. Isso, num primeiro momento, assusta", afirmou o analista Pedro Galdi, da corretora SLW.

A CSN informou que pretende usar recursos próprios e tomar empréstimos para financiar a compra da Cimpor.

A companhia brasileira encerrou o terceiro trimestre com endividamento bruto de 14,8 bilhões de reais e com 8,9 bilhões de reais em recursos disponíveis. Assim, a dívida líquida em setembro era de 6,3 bilhões de reais --quase uma vez e meia a geração de caixa anualizada.

Apesar do viés negativo no curto prazo, Galdi acredita que num horizonte maior a compra reforça o posicionamento do grupo de criar divisões fortes no setor de infra-estrutura --que receberá pesados investimentos devido à Copa do Mundo no país em 2014 e às Olimpíadas no Rio em 2016.

A tese de diversificação da CSN é compartilhada pelos analistas Gilberto Cardoso, da Banif Investment, e Antonio Emilio Ruiz, do BB Investimentos.

"A companhia vislumbra um consenso do mercado de que a infra-estrutura no Brasil vai se expandir por conta dos dois eventos grandiosos. Com a aquisição, a empresa começa a ser um grande player nesse setor", afirmou Cardoso.

"A compra da Cimpor está ligada à diversificação dos negócios e mesmo dos negócios internacionais. Mas o valor me parece muito alto e não está muito claro o objetivo", observou Ruiz.

A CSN faria uma teleconferência para dar mais detalhes sobre a operação, mas postergou a conversa com analistas e investidores para data indefinida.

Para o analista do BB, apesar de a CSN apresentar caixa confortável, a companhia pode contar "com alguma coisa dos ativos de mineração". Em 2008, a CSN vendeu 40 por cento da mineradora Namisa para um consórcio asiático por 3,12 bilhões de dólares.

Nesta semana, o Conselho de Administração da CSN aprovou a cisão dos ativos de minério de ferro do grupo em uma nova empresa, o que abrirá caminho para uma eventual oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

NOVO EIKE?

Os analistas da Banif e da SLW veem a estratégia do presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, como parecida com a do empresário Eike Batista, que montou o grupo EBX para controlar empresas de capital aberto nos setores de infra-estrutura, petróleo e mineração.

"O que ele (Steinbruch) quer fazer é o que o Eike Batista fez. Você tem uma empresa holding por cima e embaixo as empresas de capital aberto, cada uma no seu segmento. Ele pode abrir o capital da empresa de cimento do grupo lá na frente, e não só a de mineração", comentou Galdi.

A Cimpor tem atividades em 13 países e a presença em mercados emergentes gera cerca de 60 por cento de sua receita. No Brasil, o grupo português é o terceiro maior em vendas de cimento e o quarto em capacidade produtiva, com 6,4 milhões de toneladas por ano.

A CSN começou a operar em maio sua primeira fábrica de cimento, que aproveita sobras de sua usina siderúrgica em Volta Redonda (RJ). A unidade deve produzir e vender 300 mil toneladas em 2009, atingindo 2,5 milhões de toneladas em 2011.

(Reportagem adicional de Cesar Bianconi)

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