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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Os investidores mostraram-se confiantes nesta segunda-feira (22/8), depois que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negou envolvimento em esquema de corrupção quando prefeito de Ribeirão Preto (SP). "O fechamento de hoje mostra que o mercado deu um voto de confiança ao ministro", diz Mário Mesquita, economista-chefe do ABN Amro Real.
O alívio dos investidores se refletiu nos números. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu 27 261 pontos, com alta de 2,32%. O dólar comercial encerrou o dia a 2,385 reais, com recuo de 2,65%; e o risco-país caiu para 2,63%, para 408 pontos. Na sexta-feira, quando Rogério Tadeu Buratti, ex-assessor de Palocci, acusou o ministro de receber cerca de 50 mil reais por mês de uma empreiteira, a Bovespa recuou 0,95%, para 26 643 pontos. O dólar registrou alta de 2,90% e bateu em 2,45 reais. Já o risco-país fechou em 419 pontos, cerca de 1% mais que na quinta-feira.
"O mercado reagiu bem não só ao discurso de Palocci, mas à sua ação. O ministro não titubeou e convenceu, num primeiro momento", afirma Alex Agostini, economista-chefe da Global Invest Asset Management. Para Agostini, o não-surgimento de nenhum fato novo, durante o final de semana, e a entrevista coletiva concedida pelo ministro no domingo ajudaram os investidores a iniciar a semana mais tranqüilos.
Ilusões perdidas
Os investidores já sabem, porém, que nada será como antes. O episódio serviu para mostrar que mesmo Palocci, que até sexta-feira, era tido como inatacável, pode ser envolvido no escândalo político a qualquer momento e, no limite, deixar o governo. O próprio Palocci fez questão de ressaltar, ontem, que não é "insubstituível".
"Sem dúvida, o mercado abriu os olhos e perdeu a esperança de que Palocci está blindado", diz Agostini, da Global Invest. Mesquita, do ABN Amro Real, concorda. "O mercado está melhor do que sexta-feira, mas pior do que estava na quinta-feira", afirma. "A crise ainda não acabou, e não dá mais para manter o bom humor", diz Mesquita.
Entre as dúvidas que começam a surgir nas mesas de operação dos bancos, estão os possíveis substitutos de Palocci, no caso de as denúncias se agravarem. Mesmo que o eventual escolhido fosse alguém alinhado à atual política econômica, como o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Murilo Portugal, o mercado demoraria para se tranqüilizar por completo. "Haveria dúvidas sobre a habilidade política do novo ministro de negociar com o Congresso, como Palocci vem fazendo", diz Mesquita.