Mercado israelense prefere ataques contra líderes militares palestinos
De acordo com estudo, bolsa de Tel Aviv registra alta quando Israel ataca alto escalão de organizações da Palestina
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
Mais um entre os refém da escalada de violência no Oriente Médio, o mercado financeiro israelense tem sofrido perdas por conta das incertezas quanto ao futuro. Mensurar os prejuízos registrados após ataques ao país foi o objetivo de um estudo conduzido pelo Banco de Israel e pelos irmãos e economistas Asaf e Noam Zussman, da Universidade de Cornell, que descobriu, com alguma surpresa, que algumas das investidas têm até causado altas na bolsa israelense.
De acordo com a revista The Economist, a pesquisa relacionou mais de 100 tentativas de assassinato realizadas por Israel entre 2000 e 2004. O resultado mostrou que o índice das25 principais empresas da Bolsa de Valores de Tel Aviv caiu em média 1,1% em resposta a uma investida contra um líder político palestino. Já quando o atacado foi um líder militar palestino, o índice mostrou, em geral, alta de 0,6%. A pesquisa também procurou mensurar a reação do mercado ao terrorismo praticado contra Israel, e revelou que os ataques derrubam a bolsa de Tel Aviv em 1,2%, em média. Só entre os dias 10 e 13 de julho, a queda acumulada na bolsa israelense foi de 9,4%.
Para o estudo, as oscilações do mercado são um bom termômetro da eficiência das medidas bélicas, já que o terrorismo tem prejudicado a economia de Israel e os agentes financeiros refletem a percepção que o público tem das notícias. A meta que os israelenses perseguem com a eliminação de líderes palestinos é o enfraquecimento de organizações terroristas.
O que os pesquisadores descobriram foi que o assassinato de líderes militares da Palestina seria encarado como mais "produtivo", pois estas pessoas recrutam e treinam terroristas - suas mortes causariam um abalo maior na organização. Já as investidas contra líderes políticos podem motivar uma escalada na violência, porque os ataques seriam vistos pela população palestina como a quebra de um compromisso por parte de Israel.
A pesquisa também analisou os efeitos do conflito no índice Al-Quds da bolsa palestina, e descobriu que as reações são parecidas às apuradas no mercado israelense - talvez porque as duas economias estejam extremamente ligadas. De acordo com a Economist, a causa do ritmo semelhante pode estar simplesmente no fato de que os dois lados entendem que o melhor para ambos é que exista uma liderança política palestina capaz de auxiliar as negociações.