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Mercado espera crescimento de 50% na emissão de debêntures

Expansão será puxada pelas empresas de leasing e pela pequena disposição das companhias em se endividarem em dólar. A reportagem é a primeira da série Onde captar que será publicada no Portal EXAME

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

As emissões de ações começaram o ano com boas perspectivas, depois que a Renar, terceira maior produtora de maçãs do Brasil, abriu seu capital com uma oferta pública de 16 milhões de reais no final de fevereiro. Mas, para os analistas, o mercado de capitais continuará sendo dominado pelas debêntures. Em 2004, 54% do total captado pelas empresas no mercado de capitais foi feito através desses papéis. No ano, o volume aumentou 82% em relação ao ano anterior. Para 2005, a supremacia dos títulos de dívida das empresas será mantida, e a expansão deve continuar forte. "Esperamos que esse mercado cresça 50%", afirma Luiz Fernando Resende, vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).
Parte desse crescimento será sustentado pelas empresas de leasing, que encontraram nas debêntures uma forma barata de captar recursos para financiar suas operações. Um exemplo do interesse desse setor pelos papéis é a Itauleasing, que liderou a maior emissão registrada nesse início do ano, 4 bilhões de reais. O montante equivale a 72% do total de debêntures lançado até agora.

Outro motivo para a expansão continuar forte é a baixa disposição das empresas em captar recursos no exterior. Apesar do risco-país baixo e do apetite dos investidores internacionais por papéis de países emergentes, a desvalorização do dólar elevou os custos de hedge. "As empresas não querem se endividar em dólar", afirma Resende.

Além disso, o mercado interno está aceitando papéis de maior prazo, o que estimula essas operações. "Esse tipo de operaçãopermite captações de longo prazo e dá mais flexibilidade para as empresas", afirma Átila Noaldo, superintendente de Mercado de Capitais do Banif Investment Banking. Ao vender papéis de dívida, o dono da empresa ganha apenas credores, a quem precisa agradar pagando o que prometeu e nada mais. Ao vender ações, o empresário ganha sócios que podem vir a interferir na administração da empresa.

Os números não deixam, definitivamente, dúvidas sobre a preferência das companhias por esses papéis. Até o dia 21 de março, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estava analisando um total de 10,98 bilhões de reais em emissões de todos os tipos. As debêntures respondiam por 98% do montante,ou seja, 10,86 bilhões de reais, mais do que o total captados nos 12 meses do ano passado. Em 2004, as empresas captaram 9,614 bilhões de reais em debêntures e 4,469 bilhões em ações. No ano retrasado, foram 5,282 bilhões em debêntures e apenas 230 milhões em ações. Das ofertas já registradas pela CVM em 2005, um total de 6,687 bilhões de reais, 5,535 bilhões são debêntures. Nesta mesma comparação, a oferta registrada de ações somou apenas 16 milhões de reais, composta unicamente pela operação da Renar.

Vantagens

A primeira razão para a preferência das empresas por esses papéis é o custo. A maior parte das emissões é remunerada tendo como referência a variação do CDI mais um prêmio de risco que varia conforme a saúde financeira do ofertante. Ainda assim, é uma opção mais barata do que uma linha convencional de crédito. Segundo o Banco Central, em dezembro de 2004, os custos de financiamento (juros mais spread bancário) com recursos livres (aqueles que os bancos podem emprestar a taxas não determinadas pelo governo) somavam 30,95% ao ano para as pessoas jurídicas, contra 16% ao ano do CDI em dezembro.

As captações externas são opções mais baratas, mas acessíveis apenas a um pequeno grupo de grandes empresas com sólido lastro financeiro e de exportações. Por isso, as debêntures surgem como uma alternativa para boa parte dos que precisam de dinheiro para rolar dívidas ou investir na expansão de suas atividades.

Mercado acionário

Apesar da invencibilidade das debêntures, os analistas prevêem um bom ano para o mercado de ações, mas seu desempenho ainda será inferior ao das debêntures. O fator que mais restringe as ofertas são os critérios de governança que as empresas precisam adotar para atrair os investidores. "Quem não quiser aderir aos níveis de governança ficará sem acesso ao mercado de capitais", afirma Noaldo.

A Renar é um exemplo. Embora a empresa tenha realizado uma oferta de pequeno porte para os padrões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), foi preciso que aderisse ao Novo Mercado para fortalecer a confiança dos investidores em seus papéis. No ano passado, as sete empresas que ofertaram ações na Bovespa também precisaram se listar em algum nível de governança corporativa.

Além disso, a abertura de capital é uma decisão estratégica de longo prazo. Os primeiros estudos da Renar para entrar no mercado de capitais, por exemplo, foram feitos há cinco anos. A conclusão é que o pregão não é o lugar mais adequado para levantar recursos num espaço de tempo relativamente curto.

Promissórias

Depois das debêntures, as notas promissórias são os papéis mais usados pelas companhias brasileiras para levantar dinheiro. Segundo Noaldo, a principal vantagem desse instrumento é a agilidade para captar recursos de curto prazo, emitindo papéis com vencimento entre seis meses e um ano.

No início de março, a CVM estava analisando um total de 810,545 milhões de reais em emissões de notas promissórias. Outros 300 milhões já haviam sido aprovados e registrados pelo órgão público. No ano passado, as empresas emitiram 2,241 bilhões de reais em promissórias.

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