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Justiça dos EUA embarga US$ 1,7 mi do BC argentino

O ministro de Economia da Argentina, Amado Boudou, confirmou a decisão do juiz distrital norte-americano Thomas Griesa, de embargar as contas que o Banco Central argentino possui no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). "O embargo é de US$ 1,7 milhão e, em nenhuma circunstância, será de mais de US$ 15 milhões", como chegou […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

O ministro de Economia da Argentina, Amado Boudou, confirmou a decisão do juiz distrital norte-americano Thomas Griesa, de embargar as contas que o Banco Central argentino possui no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). "O embargo é de US$ 1,7 milhão e, em nenhuma circunstância, será de mais de US$ 15 milhões", como chegou a ser veiculado pela imprensa, disse Boudou em entrevista coletiva.

O ministro qualificou o juiz norte-americano de "embargador serial dos ativos argentinos". Ele recordou que, nos últimos anos, Griesa "buscou ativos argentinos de consulados, embaixadas, de ciência e tecnologia, procurando em todos e em cada um dos lugares possíveis, recursos para pagar os credores conhecidos como fundos abutres" (especulativos). "Parece existir uma conspiração para que a Argentina pague mais juros e se endivide mais", disse o ministro. Ele afirmou que o embargo anunciado hoje e a crise em torno da criação do Fundo do Bicentenário e da demissão do presidente do Banco Central, Martín Redrado, surgiram depois dos avanços do governo de Cristina Kirchner para realizar a troca da dívida não paga, nas mãos dos "holdouts", e conduzir o país de volta aos mercados internacionais.

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"Como todos sabem, a partir do momento em que a presidente Cristina Kirchner decidiu aceitar a renúncia do presidente do Banco Central, o risco país aumentou 12% e os preços dos bônus argentinos começaram a cair, como o Discount, que perdeu 8,5%", detalhou. "Há uma forte pressão contra os títulos, contra a troca (de bônus) que estamos levando adiante. Parece que os fundos abutres têm escritório e representantes em Buenos Aires; escritórios e representantes, às vezes, dentro das repartições do Estado", acusou em uma clara alusão a Martín Redrado.

"Parece que estão defendendo os interesses dos fundos abutres, como já fizeram algumas vezes no país. Alguns preferem que a Argentina faça operações de endividamento a taxas elevadas", disse Boudou. O ministro referiu-se a Redrado como ex-presidente do BC e insinuou que ele é um dos representantes dos especuladores. "Recentemente, em uma viagem de volta de Istambul, o presidente do Banco Central estava contente por ter tomado dívida a 14% de juros anuais", relatou o ministro ao defender o Fundo do Bicentenário.

Segundo ele, o fundo foi criado para dar continuidade à política de redução do endividamento. "Se usarmos os recursos do fundo, pagaremos 0,5% de juro por ano, mas se tivermos que ir ao mercado, pagaremos mais de 14%", disse o ministro, repetindo raciocínio exposto pela presidente Cristina Kirchner ontem.

Decreto

O ministro de Economia da Argentina afirmou que o governo não vai mudar o decreto de criação do Fundo do Bicentenário, que será formado por US$ 6,5 bilhões das reservas internacionais, apesar dos embargos das contas do Banco Central nos EUA.

Na entrevista à imprensa hoje, Boudou também reconheceu que a crise institucional e política no país prejudica operação de troca de bônus que o governo pretende realizar com os "holdouts" - credores que se recusaram a participar da reestruturação da dívida não paga em 2005. Contudo, o ministro afirmou que vai "continuar avançando na operação". Segundo ele, o secretário de Finanças, Hernán Lorenzini, está em Londres, negociando a troca de US$ 20 bilhões em bônus que continuam em default nas mãos dos "holdouts".

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