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Tesouro paga 7,5% mais inflação, maior rendimento em 8 anos

Será a hora de comprar?


	Notas de real: a forte alta dos juros dos papéis reflete o aumento do custo que o país terá para se financiar no mercado internacional
 (Stock.xchng/ Afonso Lima)

Notas de real: a forte alta dos juros dos papéis reflete o aumento do custo que o país terá para se financiar no mercado internacional (Stock.xchng/ Afonso Lima)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2015 às 10h34.

São Paulo - Os juros reais das Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) subiram ainda mais hoje, repercutindo a perda do grau de investimento de baixo risco do Brasil pela agência internacional Standard & Poor’s.

Os papéis com juros no final, as NTN-B Principal, pagavam juros reais de 7,53% além do IPCA para aplicações até 2019.

Para 2024, a taxa era de 7,58% e, para 2035, 7,57%. São as maiores taxas para esses papéis desde 2008, ano da crise mundial que obrigou o país a subir os juros, segundo dados do site do Tesouro Direto.

Também os papéis prefixados subiram hoje, para mais de 15% ao ano, as maiores taxas também desde 2008. a Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em 2018 pagava 15,26%, mais de 1 ponto percentual acima dos juros básicos da Selic de hoje, de 14,25%.

Para 2021, a taxa era de 15,19% ao ano. Já outro papel prefixado, a NTN-F, que paga juros semestrais, com vencimento em 2025, oferecia 15,36% ao ano pelos próximos 10 anos.

A forte alta dos juros dos papéis reflete o aumento do custo que o país terá para se financiar no mercado internacional após perder o grau de investimento.

Hoje, o Brasil já paga 3,7 pontos percentuais além dos juros americanos e, sem o selo de bom pagador, o governo e as empresas terão de pagar mais para se financiar no exterior, o que terá reflexos nas taxas locais.

Há também o receio de o dólar continuar em alta, podendo chegar a 4% no fim deste ano e a 4,25% no próximo, conforme projeções do Banco Itaú Unibanco e do Bank of América Merrill Lynch. A desvalorização do real pressionaria a inflação, que também seria alimentada pelos déficit fiscais do governo.

Juros ainda podem subir mais

E as taxas podem continuar subindo, uma vez que ainda existe o risco de as outras agências, Fitch e Moody’s, rebaixarem o Brasil nos próximos meses. Se uma delas retirar o grau de investimento do país, vários investidores serão obrigados a vender seus papéis brasileiros, já que suas regras exigem o selo de baixo risco de duas agências pelo menos.

Há ainda a indefinição fiscal e o desafio do governo em ajustar as contas públicas e zerar o déficit de 0,5% previsto para 2016. E, em meio a tudo isso, ainda a instabilidade política que ameaça a presidente Dilma Rousseff. Isso sem contar a alta dos juros nos Estados Unidos, que pode ocorrer ainda este ano.

Juro real da LTN perto de 8% ao ano

No caso dos prefixados, as taxas estão bastante elevadas considerando as condições atuais da economia brasileira.

A taxa de 15% ao ano, descontando uma inflação no limite da meta do Banco Central (BC), de 6,5%, representaria um ganho real de 7,98%, acima até do pago pelas NTN-B.

Mas há sempre o risco de a inflação disparar em caso de descontrole fiscal do governo nos próximos anos, um cenário pouco provável, mas possível. Por isso, alguns analistas sugerem a diversificação com esses prefixados, mas sem grandes concentrações. E recomendam também a NTN-B Principal mais curta como opção de proteção para uma disparada da inflação.

NTN-B a 8% ao ano

O mercado ainda deve ver taxas de NTN-B ainda mais altas, na casa dos 8%, 8,25% ao ano além da inflação, afirma Marcelo Villela, sócio da gestora independente de recursos MVP Capital.

Mas, para ele, as taxas já estão boas para o investidor que pensa em fazer uma aplicação de longo prazo ou para a aposentadoria, por exemplo.

“Para o fundo, essas taxas de 7,5% hoje ainda não animam, mas para quem quer fazer uma alocação de longo prazo, faz sentido botar o pé”, diz o gestor.

“Mas o investidor pode ir com calma, comprando aos poucos, pois não retornaremos ao ’investment grade’ tão cedo, estamos em outro ambiente agora”, diz Villela.

Quem comprar os papéis corrigidos pela inflação deve se preparar, porém, para oscilações nos preços dos títulos. Como são papéis longos, qualquer alta dos juros provoca perdas no valor de mercado dos papéis antigos.

Mas essa oscilação é apenas virtual e vale somente para quem for vender o papel antecipadamente.

Para quem for levar o papel até o vencimento, a taxa será a pactuada na compra. Por isso é importante também aplicar somente o dinheiro que não vai ser necessário por um prazo longo, para não correr risco de ter de vender o papel no momento de queda dos preços.

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