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JPMorgan explica por que pânico costuma criar oportunidade na bolsa

Estudo do banco mostra que EUA só entraram em recessão duas vezes entre os 30 períodos imediatamente subsequentes a uma queda de 15% ou mais nas bolsas

Nyse: queda das bolsas só antecipou 2 recessões em 30 casos estudados (Mario Tama/ Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2011 às 15h07.

São Paulo – Uma das ironias mais difundidas sobre o trabalho dos economistas é que eles teriam previsto dez das últimas cinco recessões mundiais. A frase reflete a dificuldade dos estudiosos de diversos campos da ciência, sejam economistas ou meteorologistas, diante da tarefa hercúlea de prever o futuro.

Se por um lado ninguém pode cravar neste momento que o preço atual das ações representa uma barganha nem que o pior ainda está por vir, um estudo do banco americano JPMorgan conseguiu mostrar, em números, que geralmente o investidor ganha se entrar na bolsa em momentos de pânico.

O relatório distribuído a clientes, assinado pelo estrategista-chefe, Thomas Lee, mostra que, desde 1939, as bolsas dos EUA registraram 30 grandes mergulhos em que a queda acumulada superou 15% em um período de quatro meses. Em exatamente a metade desses eventos, a economia nunca entrou em recessão. Ou seja, o investidor que entrou na bolsa teve a chance de aproveitar as pechinchas.

Em outros seis casos, os mercados somente desabaram logo que começou uma recessão. Já em sete datas, os mercados só despencaram depois do início do período depressivo. Portanto, em apenas dois casos os investidores e analistas conseguiram antecipar uma recessão e bateram em retirada da bolsa em um período imediatamente anterior ao início de uma espiral econômica negativa.

A partir dos dados levantados, Thomas Lee concluiu que o pânico nas bolsas não serve para indicar que os EUA realmente entrarão em recessão nos próximos meses. Ele acredita que um dado mais relevante para antecipar um período depressivo são os pedidos de seguro-desemprego. Nas sete últimas recessões, escreveu ele, mais de 475.000 pessoas cobravam do governo o seguro-desemprego a cada mês. Vale lembrar que o número atual gira em torno de 410.000 pedidos mensais.


Com base no relatório do JPMorgan, é possível inferir que esse é um bom momento para entrar na bolsa? Infelizmente essa também não parece ser uma conclusão certeira. A maior parte dos analistas acha que os Estados Unidos e a Europa terão um crescimento pífio ou negativo nos próximos dois anos. Não é à toa que o Federal Reserve (o BC dos EUA) anunciou nesta terça-feira que deve manter os juros baixíssimos até 2013.

O chefe de pesquisas econômicas do Standard Bank para países do G10, Steven Barrow, escreveu, em relatório distribuído a clientes nesta quarta-feira, que a possibilidade de que uma recessão abata as economias americana e europeia nos próximos seis meses cresceu consideravelmente. Um dos problemas é que o desempenho já vinha sendo anêmico antes do pânico nas bolsas. “Esse choque deve ser suficiente para conter o consumo e a atividade econômica”, escreveu ele.

Ao contrário do que acontecia no passado distante, quando as recessões aconteciam porque a demanda por produtos caía, hoje em dia as economias entram em depressão devido a “choques de incerteza” que levam a restrições do crédito e derrubam a confiança de empresários e consumidores. Desta vez, com um agravante: o atual choque acontece em um momento em que governos dos EUA e da Europa já não têm muitas ferramentas para reagir devido a restrições fiscais e políticas monetárias frouxas.

Steven Barrow demonstrou otimismo apenas com o tamanho da recessão. Na opinião dele, a queda na produção não seria tão grande quanto em 2009, quando a economia mundial deu um grande mergulho. Dificilmente o PIB dos países desenvolvidos cairia mais do que dois trimestres seguidos, de acordo com ele.

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São Paulo – Uma das ironias mais difundidas sobre o trabalho dos economistas é que eles teriam previsto dez das últimas cinco recessões mundiais. A frase reflete a dificuldade dos estudiosos de diversos campos da ciência, sejam economistas ou meteorologistas, diante da tarefa hercúlea de prever o futuro.

Se por um lado ninguém pode cravar neste momento que o preço atual das ações representa uma barganha nem que o pior ainda está por vir, um estudo do banco americano JPMorgan conseguiu mostrar, em números, que geralmente o investidor ganha se entrar na bolsa em momentos de pânico.

O relatório distribuído a clientes, assinado pelo estrategista-chefe, Thomas Lee, mostra que, desde 1939, as bolsas dos EUA registraram 30 grandes mergulhos em que a queda acumulada superou 15% em um período de quatro meses. Em exatamente a metade desses eventos, a economia nunca entrou em recessão. Ou seja, o investidor que entrou na bolsa teve a chance de aproveitar as pechinchas.

Em outros seis casos, os mercados somente desabaram logo que começou uma recessão. Já em sete datas, os mercados só despencaram depois do início do período depressivo. Portanto, em apenas dois casos os investidores e analistas conseguiram antecipar uma recessão e bateram em retirada da bolsa em um período imediatamente anterior ao início de uma espiral econômica negativa.

A partir dos dados levantados, Thomas Lee concluiu que o pânico nas bolsas não serve para indicar que os EUA realmente entrarão em recessão nos próximos meses. Ele acredita que um dado mais relevante para antecipar um período depressivo são os pedidos de seguro-desemprego. Nas sete últimas recessões, escreveu ele, mais de 475.000 pessoas cobravam do governo o seguro-desemprego a cada mês. Vale lembrar que o número atual gira em torno de 410.000 pedidos mensais.


Com base no relatório do JPMorgan, é possível inferir que esse é um bom momento para entrar na bolsa? Infelizmente essa também não parece ser uma conclusão certeira. A maior parte dos analistas acha que os Estados Unidos e a Europa terão um crescimento pífio ou negativo nos próximos dois anos. Não é à toa que o Federal Reserve (o BC dos EUA) anunciou nesta terça-feira que deve manter os juros baixíssimos até 2013.

O chefe de pesquisas econômicas do Standard Bank para países do G10, Steven Barrow, escreveu, em relatório distribuído a clientes nesta quarta-feira, que a possibilidade de que uma recessão abata as economias americana e europeia nos próximos seis meses cresceu consideravelmente. Um dos problemas é que o desempenho já vinha sendo anêmico antes do pânico nas bolsas. “Esse choque deve ser suficiente para conter o consumo e a atividade econômica”, escreveu ele.

Ao contrário do que acontecia no passado distante, quando as recessões aconteciam porque a demanda por produtos caía, hoje em dia as economias entram em depressão devido a “choques de incerteza” que levam a restrições do crédito e derrubam a confiança de empresários e consumidores. Desta vez, com um agravante: o atual choque acontece em um momento em que governos dos EUA e da Europa já não têm muitas ferramentas para reagir devido a restrições fiscais e políticas monetárias frouxas.

Steven Barrow demonstrou otimismo apenas com o tamanho da recessão. Na opinião dele, a queda na produção não seria tão grande quanto em 2009, quando a economia mundial deu um grande mergulho. Dificilmente o PIB dos países desenvolvidos cairia mais do que dois trimestres seguidos, de acordo com ele.

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