Investidores terão mais opções com mudança em regra de fundos
Descubra o que muda nos seus investimentos com a permissão para fundos aplicarem no exterior
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a medida que permite aos fundos de investimento aplicarem parte de seus recursos no exterior. Até então, somente os fundos classificados como de dívida externa podiam aplicar lá fora - e, ainda assim, apenas para a compra de títulos da dívida externa brasileira. Com a mudança, todo fundo poderá investir até 10% de sua carteira em ações e títulos estrangeiros. No caso de fundos multimercados, a parcela será de até 20%.
Na prática, isso significa mais possibilidades de diversificação para o investidor. "Além de se criar uma nova categoria, já que será possível ter fundos que investem e que não investem no exterior, os bancos internacionais poderão ofertar a seus clientes produtos que foram desenvolvidos em outros países e que, agora, estarão disponíveis para investimento no Brasil", afirma o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank Storfer. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) discute, ainda, a criação de um fundo que possa aplicar até 100% de seus recursos no exterior. O produto, no entanto, seria disponibilizado apenas para investidores qualificados, capazes de aplicar no mínimo 1 milhão de reais.
Para os fundos que já existem, a decisão de passar a investir ou não no exterior virá dos cotistas, explica o gerente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Ricardo Nardini. "Os administradores que considerarem os investimentos lá fora interessantes para a estratégia do fundo deverão convocar os cotistas para uma assembléia e propor a mudança no fundo", diz Nardini.
O fato de um fundo poder aplicar parte de seus recursos no exterior não quer dizer que ele necessariamente terá maior rentabilidade ou menor risco. Isso vai depender da estratégia do gestor. "O grande desafio dos gestores será encontrar ativos que garantam o melhor retorno com o menor risco. Com a mudança na regulamentação, cresce o leque de opções, já que os papéis podem estar tanto aqui no Brasil quanto lá fora", afirma Nardini.
A escolha do gestor, no entanto, deverá seguir alguns critérios. Só será permitida a aplicação em ativos estrangeiros que sejam negociados em mercado regulamentado e desde que o país em questão tenha acordo bilateral com a CVM para troca de informações ou tenha subscrito o memorando de entendimento da Iosco, a organização mundial das CVMs. "Isso confere certa segurança ao investidor. A idéia é permitir que ele sinta as mudanças aos poucos, para que futuramente seja possível elevar o percentual para aplicação lá fora", diz Storfer.
É um bom negócio?
Desde agosto de 2005, a taxa Selic vem apresentando trajetória contínua de queda, tendo passado de 19,75% para os atuais 12,5%. E, ao que tudo indica, a taxa deve continuar caindo nos próximos meses. A previsão dos economistas, de acordo com um levantamento do Banco Central, é de que a Selic caia para 11,25% até o final do ano e para 10% ao término de 2008.
Para Storfer, a permissão para que os fundos possam investir no exterior é uma sinalização do governo de que o retorno dos investimentos no Brasil não vai ficar sempre tão alto. "Logo, a rentabilidade das aplicações no Brasil vai se alinhar à internacional. Isso vai acontecer progressivamente, e evitar uma saída drástica de recursos do país", explica o diretor da Anefac.
Diante desse cenário, os especialistas são unânimes ao afirmar que o investidor terá de escolher entre rentabilidade e segurança. "Não dá mais para ficar na zona de conforto, na qual era possível ter altos retornos com risco mínimo. Agora, o investidor terá de buscar outras opções além dos fundos DI se quiser ter maior retorno", diz Storfer.
Não há uma fórmula mágica que indique qual a melhor escolha, mesmo porque isso varia de acordo com o perfil de cada investidor (clique aqui e descubra o seu). Além disso, vale sempre lembrar a máxima que diz que ganhos passados não são garantia de retornos futuros. Porém, alguns pontos podem ser analisados pelo investidor no momento de escolher a aplicação. Confira as dicas dos especialistas:
- Cheque o histórico do fundo e acompanhe a evolução do patrimônio. Saídas significativas de recursos pode indicar que há produtos mais interessantes no mercado.
- Compare as taxas de administração dos diversos produtos, em diferentes instituições. Se a taxa for muito alta, vai acabar comendo seu rendimento.
- O fato de um fundo aplicar parte de seus recursos no exterior não deve ser um fator determinante para sua escolha. Lembre-se que apenas uma pequena parcela dos recursos será investida lá fora - e isso não é suficiente para garantir o retorno desejado.