Minhas Finanças

Indicação de Wolfowitz para o Banco Mundial afetará pouco o Brasil

Para especialistas como o ex-embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, a ida de Paul Wolfowitz para a instituição não influenciará o fluxo de recursos para o país

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A indicação de Paul Wolfowitz para presidir o Banco Mundial (Bird) causou perplexidade no cenário internacional. Secretário-assistente de Defesa dos Estados Unidos e um dos principais defensores da política conservadora do presidente George W. Bush, Wolfowitz é visto como alguém bem distante dos principais valores da instituição, como o desenvolvimento mundial e o combate à pobreza. Para o Brasil, porém, os efeitos da troca de comando no Bird serão pequenos.

Segundo o jornal americano The New York Times, ao enviar Wolfowitz para o Bird, em substituição a James Wolfensohn, que preside a instituição desde 1995, Bush pretende difundir, agora no plano econômico, os mesmo preceitos que guiaram sua gestão em termos de política externa: o combate à corrupção pública e a identificação entre democracia e modernidade. Uma das principais críticas dos "falcões" da Casa Branca (a ala mais conservadora do governo Bush, à qual Wolfowitz pertence) é que os organismos multilateriais de desenvolvimento têm sido condescendentes com governos corruptos, que desviam as verbas que deveriam ser aplicadas em projetos sociais, de acordo com o The New York Times.

Para o ex-embaixador do Brasil em Washington Paulo Tarso Flecha de Lima, é bastante provável que Wolfowitz condicione a liberação de recursos a um certo "democratismo", isto é, à exigência de maior abertura dos regimes políticos. O maior problema, para Flecha de Lima, é o que este conceito significa para o ex-secretário americano. "Bush e Wolfowitz têm uma noção muito peculiar do que seja democracia. Basta ver o que aconteceu no Iraque", afirma Flecha de Lima (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre o que significa o governo Bush para o Brasil).

Recursos

Mas, mesmo que o Bird dê uma guinada em suas políticas e condicione os financiamentos a critérios como democracia e combate à corrupção, o Brasil seria pouco afetado. "Não temos nada a temer. As instituições brasileiras são bem sólidas", afirma o ex-embaixador.

Ricardo Sennes, diretor-executivo da Prospectiva, consultoria especializada em relações internacionais, concorda com Flecha de Lima. "Em relação aos empréstimos para o Brasil, não haverá muito impacto, porque o Brasil é mais dependente hoje do FMI [Fundo Monetário Internacional] que do Bird", diz.

O primeiro empréstimo do Bird para o Brasil foi feito em 1949. Tratava-se de 75 milhões de dólares para projetos de energia e telecomunicações. Desde então, o banco já financiou 380 operações no país, somando cerca de 33 bilhões de dólares. O planejamento estratégico do banco colocou à disposição do país 7,563 bilhões de dólares para financiar projetos de infra-estrutura, desenvolvimento regional e combate à pobreza no período de 2004 a 2007.

Perfil

O Banco Mundial foi criado durante a Segunda Guerra Mundial, para ajudar na reconstrução da Europa no pós-guerra. A instituição tem se destacado no apoio a vítimas de desastres naturais e no financiamento de países em desenvolvimento. Atualmente, 184 nações estão associadas ao banco.

O Banco Mundial é composto, na verdade, por cinco instituições comandadas por um único presidente. O Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird) é seu braço mais conhecido. Seu objetivo é apoiar iniciativas em países de "classe média", com bons antecedentes de pagamento. Já a Associação Internacional de Desenvolvimento (Aid) é voltada para o apoio às nações mais pobres, concedendo, por exemplo, empréstimos sem cobrar juros.

A Corporação Financeira Internacional (IFC, em inglês) é a instituição destinada a apoiar projetos da iniciativa privada, além de prestar assessoria técnica a governos e empresas. O quarto braço do Banco Mundial é a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (Amgi), que estimula investimentos estrangeiros em países em desenvolvimento, por meio da cessão de garantias aos investidores que aportem capital nessas regiões. O último ramo do Banco Mundial é o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi), que lida com a mediação e resolução de divergências entre investidores estrangeiros e os países nos quais aplicam seu dinheiro.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Minhas Finanças

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2756; prêmio acumulado é de R$ 2,8 milhões

Endividamento das famílias brasileiras cai para 78,5% em julho

Mega-Sena sorteia nesta quinta-feira prêmio estimado em R$ 3,5 milhões

Veja quem deve pagar o licenciamento obrigatório no mês de agosto em SP

Mais na Exame