Mercado imobiliário

Quanto custa ter um imóvel nos EUA

Em várias cidades americanas, preços fazem os valores cobrados em São Paulo ou no Rio de Janeiro parecerem piada

A duas quadras da praia mais famosa de Miami, Artécity tem apartamentos que custam em média 500.000 dólares. (Divulgação)

A duas quadras da praia mais famosa de Miami, Artécity tem apartamentos que custam em média 500.000 dólares. (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 19h29.

São Paulo – O estouro da bolha imobiliária e o real valorizado escancararam as portas do mercado americano para investidores brasileiros em busca de pechinchas ou do glamour de ter uma casa fora. O maior alvo da febre é Miami, mas cidades como Nova York, Los Angeles, Las Vegas e até Houston, no Texas, também estão no radar verde-e-amarelo. Pela alta concentração de imóveis que funcionam como segunda residência, essas cidades apresentam descontos ainda maiores que as moradias principais.

Miami, a queridinha dos brasileiros, apresenta descontos que variam de 30% a 40% em relação ao preço máximo antes da crise. Mas a cidade com os maiores descontos é Las Vegas, onde os preços hoje estão de 60% a 70% abaixo do pico alcançado antes do estouro da bolha. “O potencial de valorização é grande em todo o país. Mas é claro que não é possível prever de quanto será, nem quando essa alta vai ocorrer”, diz Wade Hundley, CEO da ST Residential, maior proprietária de condomínios residenciais dos Estados Unidos.

Dona de cerca de 7.000 unidades residenciais para locação ou venda em todo o país, a ST comercializa imóveis de médio e alto padrão, bem localizados, cujos preços variam de 200.000 a alguns milhões de dólares. O preço do metro quadrado de alguns empreendimentos, porém, pode parecer uma piada para moradores de capitais como Rio, São Paulo e Brasília. Não à toa, a maioria dos clientes brasileiros da ST vem dessas cidades.

Em Reno, Nevada, está o metro quadrado mais barato, que custa apenas 1.250 dólares, ou 2.200 reais pelo câmbio da última quarta-feira. Isso é menos do que o preço do metro quadrado na comunidade de Paraisópolis, a região mais barata de São Paulo. Um carioca certamente acharia interessante morar no Havaí, onde o metro quadrado de uma propriedade da ST pode custar cerca de 7.500 dólares, ou 13.300 reais, menos do que a média em bairros como Lagoa, Ipanema e Leblon.

Em Miami, um imóvel em South Beach, a praia mais famosa da cidade, pode custar cerca de 15.000 dólares, ou 26.500 reais. Mas os empreendimentos da ST na capital da Flórida custam entre 3.000 e 8.000 dólares o metro quadrado, ou 5.300 a 14.100 reais, semelhante aos bairros paulistanos mais valorizados, como Vila Nova Conceição e Vila Olímpia.


Primeiro lançamento no Brasil

A ST Residential lançou seu primeiro empreendimento para ser comercializado na terra brasilis nesta semana, um condomínio em South Beach, a duas quadras da praia, cujos apartamentos custam entre 380.000 e 650.000 dólares. Mas a intenção é trazer também outros empreendimentos, mesmo de fora de Miami, entre eles condomínios em Las Vegas e Houston. Para isso, foi feita uma parceria com a Abyara, empresa da Brasil Brokers, e com a Halmoral Group, especializada em vender imóveis para brasileiros em Miami.

Os preços descontados cobrados pelas empresas que vendem esses imóveis a estrangeiros se deve à sua origem na crise. Eles foram arrematados em leilão, após terem sido retomados pelos bancos em razão das hipotecas não honradas. A ST, no caso, foi formada em 2009 com esse propósito, pela união de quatro fundos de private equity dos ramos imobiliário, hoteleiro e de bens de consumo.

A companhia arrematou a carteira de imóveis e empréstimos do Corus Bank of Chicago, resgatado pelo governo americano. Os ativos foram adquiridos por 2,7 bilhões de dólares, mas custaram cerca de 7 bilhões de dólares para ficar de pé. Deste valor, 600 milhões foram injetados pela própria ST para concluir as construções inacabadas. Até hoje, 40% das propriedades arrematadas já foram vendidas.

Os imóveis

Lançado na última terça-feira, o Artécity fica a duas quadras de South Beach, Miami, e tem 138 unidades disponíveis, de um ou dois quartos, de 100 metros quadrados, em média. Como em toda propriedade da ST, as facilidades são fartas, incluindo cozinha planejada com eletrodomésticos, sala de ginástica, duas piscinas, segurança e controle de acesso, estacionamento subterrâneo, valet, lounge e áreas comuns ajardinadas.

“Gastamos cerca de 700.000 dólares só com paisagismo”, diz Wade Hundley, lembrando que é prática da empresa fazer melhorias nos condomínios. Tanto que algumas áreas do Artécity ainda estão em obras. É possível comprar um apartamento até decorado, mas quem optar pela versão “nua” terá de providenciar o piso e a pintura.

A ST aproveitou para apresentar mais dois empreendimentos aos brasileiros. O The Ogden, que fica numa das vias principais de Las Vegas, no centro do Distrito de Entretenimento, e o Mosaic, próximo ao Hermann Park e ao Museum District em Houston. Ambos possuem apartamentos equipados com eletrodomésticos e elementos sofisticados de decoração, além de armários e varanda. Os condomínios contam com uma série de comodidades, como sala de ginástica, sistema de segurança, piscinas, serviço de concièrge e até espaço especial para animais de estimação.

No The Ogden, as unidades têm um, dois ou três quartos, variam entre 75 e 190 metros quadrados e custam a bagatela de 200.000 a 400.000 dólares. Já no Mosaic, as unidades são lofts de um ou dois quartos e área de 62 a 275 metros quadrados, com preços mais salgados – entre 200.000 e 1.200.000 dólares.


Perfil dos compradores brasileiros

Embora tenha começado a vender no Brasil apenas agora, a ST Residential já está acostumada com os clientes brasileiros. No sul da Flórida – onde 85% dos clientes da ST são estrangeiros – os brasileiros já representam 30%, atrás apenas dos venezuelanos e à frente de mexicanos e argentinos. No total, os investidores tupiniquins representam 10% dos clientes da ST.

“São pessoas de alta renda ou classe média alta que buscam tanto investimentos como uma segunda residência”, diz Peggy Fucci, vice-presidente da ST Residential. Ela explica que alguns investidores compram várias propriedades e nunca sequer visitaram os empreendimentos; outros precisam de uma segunda residência por motivos profissionais, para instalar os filhos que vão estudar nos Estados Unidos ou até como casa de veraneio. “Acreditamos que em 2012 os brasileiros passem a representar 20% dos nossos clientes”, acrescenta Peggy.

Como fazer para comprar

O procedimento para comprar um imóvel nos Estados Unidos é mais fácil do que parece. O comprador recebe um contrato em português e faz um depósito de 10% do valor do imóvel. O único documento necessário é o passaporte. O negócio é fechado entre 30 e 45 dias. Se for o caso, o procedimento para financiar é semelhante ao que é adotado no Brasil, e os bancos americanos financiam até 70% do valor restante (após o depósito dos 10%).

Para manter uma residência lá fora também não é preciso pagar impostos, apenas declará-la. A não ser, é claro, que o proprietário ganhe dinheiro com aluguéis ou com a venda do imóvel. Nesse caso, as alíquotas variam de acordo com a renda do proprietário, mas a declaração pode ser feita do Brasil mesmo.

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