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É hora de comprar a casa própria

Com a queda dos juros, as prestações já cabem no bolso. E o preço dos imóveis, em alta, ainda está acessível

Thaimi, Américo e seu filho Pedro: negócio de ocasião
DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 21h15.

Como milhões de brasileiros, a promotora pública Thaimi Ferreira, de 33 anos, teve ao longo de toda a vida uma imagem ruim dos empréstimos bancários. Fresca na memória esteve sempre a lembrança dos maus bocados pelos quais seu pai passou na década de 80 para ficar em dia com as prestações da casa própria. Na época, o salário sofria a corrosão da inflação a cada dia, enquanto as prestações eram corrigidas regiamente. "Eu tinha muito receio de pegar um empréstimo por causa das taxas de juro cobradas", diz Thaimi, casada com o fisioterapeuta argentino Américo Elvira, de 50 anos. O medo dos bancos começou a ser controlado quando os dois encontraram em maio o imóvel que procuravam fazia dois anos na área nobre do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Thaimi e Américo tinham metade dos 500 000 reais pedidos pelo imóvel de quatro quartos e 553 metros quadrados, perfeito para receber nos finais de semana os três filhos do primeiro casamento de Américo. A outra metade do pagamento dependia da venda de dois apartamentos em nome da promotora pública. Para não se ver obrigada a negociá-los por qualquer preço, Thaimi aceitou procurar um banco e diz ter ficado bem impressionada com o que ouviu. "Contratamos um financiamento de 20 anos, com juros de 12,5% ao ano, além da taxa referencial (TR), mas pretendemos quitar a dívida bem antes disso", diz ela.

Com o contínuo aumento dos prazos de pagamento e a queda dos juros, mais e mais brasileiros estão conseguindo conciliar orçamento e prestação da casa própria. No primeiro semestre, os financiamentos imobiliários no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram 6,9 bilhões de reais, superando em 67% o volume de operações no mesmo período de 2006. Por mais de uma década, não fez muito sentido imobilizar capital na compra de um imóvel. Os preços estavam estagnados, os aluguéis mantinham-se estáveis e as aplicações financeiras de pouco risco rendiam uma fábula. Essa lógica virou do avesso nos últimos tempos. O valor dos imóveis começou a subir em áreas nobres de várias capitais e grandes cidades do interior -- o que aumentou as expectativas de elevação dos aluguéis. Ao mesmo tempo, o retorno dos investimentos em renda fixa diminuiu e já está bem próximo de um dígito. "Quem tem vida familiar e profissional definida e ainda não é dono do próprio teto deve pensar na compra de um imóvel", diz o especialista em finanças Mauro Halfeld, autor do livro Seu Imóvel -- Como Comprar Bem.

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Apesar das mudanças do mercado, muita gente se pergunta se não seria o caso de esperar mais um pouco para procurar um imóvel. Afinal, as taxas cobradas nos empréstimos estão cada vez menores; e os prazos, mais longos. Quem fez um financiamento de 200 000 reais em abril de 2005 para pagar em parcelas fixas por dez anos desembolsa 3 900 reais por mês. Os que fizeram um empréstimo semelhante no final de agosto, após as últimas quedas dos juros, pagam 3 000 reais -- ou seja, uma economia mensal de 900 reais. O raciocínio que sugere esperar um pouco mais para comprar ou trocar de casa seria perfeito se as previsões não indicassem um aumento nos preços dos imóveis. Na Espanha, na Grã-Bretanha e em todos os outros países que passaram por um boom imobiliário nas últimas décadas, o valor do metro quadrado disparou à medida que os juros caíam -- obedecendo à velha lei da oferta e da procura. Os imóveis residenciais em algumas regiões da Espanha e da Grã-Bretanha chegaram a subir 300% nos últimos dez anos. Os analistas esperam um movimento semelhante por aqui. "Não me surpreenderia com um aumento superior a 150% em dez anos no Brasil", diz Halfeld.

Atenção
Com a perspectiva de o Brasil obter a nota de grau de investimento das agências internacionais de risco, a valorização das ações de small caps já começou. Apesar do cenário positivo, não dá para esquecer as peculiaridades desse nicho. Alguns fundos de small caps costumam exigir longos prazos de resgate e, por isso, nem sempre o investidor terá seu dinheiro à mão na semana em que decidir fazer o saque.

Quem está interessado em imóveis localizados em bairros onde o preço do metro quadrado já aumenta mais de 20% ao ano deve começar a se mexer. Nem contando com a previsão mais otimista de queda dos juros valeria a pena esperar muito mais tempo. Na maior parte das áreas nobres das capitais brasileiras, um percentual próximo desse patamar é uma realidade. Também é preciso levar em conta que, na atual conjuntura, o comprador da casa própria está competindo com os investidores, que aos poucos abandonam os fundos de renda fixa e correm para ativos reais, como o setor imobiliário e a bolsa de valores. "Isso leva ao aumento da procura por imóveis e, portanto, à elevação dos preços em cidades onde o estoque é limitado, como São Paulo e Rio de Janeiro", diz Ana Maria Castelo, especialista em crédito imobiliário da FGV Projetos. Leia nas páginas a seguir como tirar vantagem da guerra dos bancos, confira os bairros que mais se valorizam e saiba quais são as dez coisas que seu corretor não vai dizer, mas que você deveria saber.

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