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Dinheiro para sempre

Ele pode render eternamente ou ser infinito apenas enquanto durar - só depende de você

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Em geral, nosso desejo é que o "para sempre" do título desta reportagem vá muito além do "infinito enquanto dure" de Vinícius de Morais. Mas, em algumas situações, nem uma fortuna de 40 bilhões de dólares é suficiente para garantir isso. Foi o que aconteceu com o sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei, um país do Oriente Médio lotado de poços de petróleo. Hoje, Bolkiah, que já foi considerado o homem mais rico do mundo, está pobre. Dos 40 bilhões de dólares que tinha no banco, restaram "apenas" dez. Longe de ser pouco dinheiro, o que sobrou para ele seria suficiente para qualquer mortal resolver todos os seus problemas financeiros para o resto da vida. Mas não basta para quem estava acostumado a ter torneiras de ouro nos banheiros, fazer apostas de um milhão de dólares em uma única noite em Las Vegas e promover festas exclusivas com direito a show do cantor Michael Jackson.

Por falar nele, o irmão mais famoso dos Jackson Five é outro péssimo exemplo de administração de dinheiro. Os gastos anuais do astro pop passam dos 10 milhões de dólares. Há três anos, Jackson está atolado até o pescoço por causa de um empréstimo estimado em 200 milhões de dólares que tomou na tentativa de sanear sua vida financeira. Por aqui também há exemplos desse tipo. Quem não se lembra do milionário Jorginho Guinle, que, de amante de Marilyn Monroe, passou a morar num modesto apartamento na Gávea, no Rio de Janeiro, e que hoje só tem motorista... de táxi? Ele, que nunca trabalhou em toda a sua vida, conseguiu dilapidar uma fortuna avaliada em 12 milhões de dólares.

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Mas o que Bolkiah, Jackson e Guinle fizeram de errado? Como conseguiram fazer evaporar um volume de dinheiro suficiente para garantir, pelo resto da vida, a segurança financeira de muita gente? "Eles simplesmente perderam o controle de suas finanças", diz Márcio Verri, estrategista-chefe da Boston Asset Management, administradora de recursos do BankBoston. Foram perdulários e erraram numa questão básica: não ajustaram seus gastos à receita. "É uma regra simples do mundo dos negócios. Mais saídas que entradas dilapidam qualquer fortuna, por maior que ela seja", diz Verri. Seria essa, então, a fórmula ideal para manter o padrão de vida para sempre?

Não, essa história começa antes. Primeiro, é preciso saber o que "viver bem para sempre" quer dizer no seu caso. E isso você só vai conseguir se tiver bem claro o que entende por riqueza, um conceito bastante elástico. Para alguns, significa viver no luxo, ter helicóptero e dinheiro em conta na Suíça. Outros se contentam em não esquentar a cabeça com prestações atrasadas. Numericamente, o conceito de riqueza de Michael Jackson está milhões de dólares distante do seu. "Mas riqueza é diferente de renda", dizem Thomas Stanley e William Danko, autores do livro O Milionário Mora ao Lado (Editora Manole), resultado de uma pesquisa de mais de 20 anos sobre milionários nos Estados Unidos. "Se você tem uma renda alta e gasta tudo, não é rico. Apenas tem um padrão de vida elevado." É o que acontece com o cantor americano, por exemplo, que ganha muito e gasta mais ainda. Na visão dos dois autores, ser rico é acumular. Portanto, decida: vale mais a pena satisfazer um desejo agora ou ter dinheiro no bolso no futuro?

TRABALHAR ENRIQUECE

Você pode achar que não. Mas definido o conceito inicial de riqueza, o próximo passo é ganhar dinheiro. Porque, sem entrada, não há o que acumular, por mais econômico que você seja. Você pode receber uma herança ou ganhar na Sena, mas a fonte mais comum de renda ainda é o trabalho. E o único jeito de mantê-lo rentável é investindo em educação. Esteja sempre atento ao mercado, avisa Glória Pereira, autora do livro A Energia do Dinheiro (Editora Gente). "Se ele não estiver comprando seu trabalho, você precisará se mexer", diz.

Depois de ganhar o dinheiro, é preciso investir o que sobrar. Isso quer dizer que você não deve viver além de suas posses. O ideal, na verdade, seria até que vivesse um pouco aquém, para não ficar sempre no zero a zero. Pense em você como uma empresa que deve ter um fluxo de caixa bem administrado. Quem não está habituado a controlar gastos pode começar anotando-os diariamente. A tarefa exige disciplina e organização, e há variáveis difíceis de ser controladas até mesmo por quem é superorganizado. Traduzindo: você precisa estar preparado para não ter garantias -- isso inclui seu emprego também. Por isso, é essencial planejar-se no curto e no longo prazo -- saiba o que você quer, quando quer e quanto isso vai custar. Ter objetivos ajuda a dar forma àquele dinheiro acumulado no banco. "A solução é pensar nele como seu instrumento de ação, um meio e não o fim", sugere Glória.

SEU DINHEIRO, SEU FUNCIONÁRIO

Não se iluda: com exceção de Warren Buffet e de George Soros -- dois grandes investidores de Wall Street --, ninguém fica rico investindo. "Se fosse fácil, todo mundo parava de trabalhar e ia para a bolsa de valores", afirma Verri. Bons investimentos, entretanto, podem turbinar seu patrimônio. Mas suas economias necessitam de cuidados. Conferir com atenção o extrato do banco, fazer uma análise detalhada da rentabilidade de seus investimentos de tempos em tempos, verificar se a estratégia continua adequada são conselhos úteis. "Posso ser dono de uma mina de ouro, mas se não explorar o potencial que ela oferece, não vou me beneficiar", diz Glória.

Como você já deve ter percebido, não há fórmula mágica para garantir um futuro tranqüilo que não inclua trabalho e dedicação. Mas não se assuste. Não estamos querendo que você se torne um unha-de-fome hoje para poder esbanjar depois. É preciso bom senso para não cair nos extremos. Trate sua vida financeira como ela merece -- seja para viver no luxo agora, seja para ter tranqüilidade para sempre.

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