(Digital Vision/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 21 de fevereiro de 2017 às 05h00.
Última atualização em 1 de março de 2021 às 16h35.
São Paulo - Quer começar a investir logo para a aposentadoria? Antes de correr para a previdência privada, avalie outra alternativa. O Tesouro Direto pode oferecer retornos maiores, especialmente se você ainda tem muito tempo para investir para o futuro.
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Isso porque em fundos de previdência, você pode perder rentabilidade ao pagar altas taxas de administração e de carregamento, para um gestor tomar decisões por você. Já no Tesouro Direto, os custos para investir são bem baixos e, mesmo descontando Imposto de Renda no resgate, o retorno é tradicionalmente maior.
Ao aplicar em títulos públicos, o investidor empresta dinheiro ao governo e é remunerado por isso. Segundo consultores financeiros, esse é o investimento mais seguro que existe, pois a chance de o governo dar calote é muito pequena, mesmo em momentos de economia conturbada.
Para aplicar no Tesouro Direto, o investidor tem que abrir conta em uma corretora, mas depois consegue gerenciar seus investimentos sozinho, pelo site. Por isso, é preciso estar disposto a entender como os títulos públicos funcionam.
No site do Tesouro Direto, há uma lista de diferentes títulos públicos disponíveis, cada um com a sua forma de remuneração. Os títulos indexados ao IPCA, chamados de “Tesouro IPCA+”, são os melhores para investir para a aposentadoria.
Esses títulos rendem uma taxa fixa, definida no momento em que o investidor compra o título (atualmente, em torno de 5% ao ano), mais a variação da inflação, medida pelo IPCA. Uma de suas vantagens é que ele protege o seu dinheiro da inflação, ou seja, garante que você poderá comprar as mesmas coisas independente do aumento generalizado dos preços nesse longo período.
Mas há também uma segunda vantagem, como destaca o consultor financeiro André Massaro. Os títulos indexados ao IPCA têm os prazos de vencimento mais longos, o que é vantajoso para quem investe para o longo prazo.
Para se aposentar, quanto mais distante for o prazo de vencimento do título, melhor. Mas vale lembrar que, quando o título chegar ao vencimento, o investidor pode reinvestir seu dinheiro em novos títulos.
Alguns títulos indexados à inflação pagam juros a cada seis meses, e não somente na data de vencimento. No entanto, nesse caso, a cada semestre, há desconto de Imposto de Renda. Por isso, só vale comprar um título com juros semestrais se você já estiver se aposentado e realmente precisar da renda a cada seis meses.
Os títulos públicos sofrem tributação de Imposto de Renda quando o investidor resgata o dinheiro, que varia entre 22,5%, com resgate em menos de um ano, e 15%, com resgate acima de dois anos.
Para aplicar no Tesouro Direto, o investidor também tem que pagar uma taxa de custódia do título, de 0,3% ao ano. Algumas corretoras também cobram uma taxa de administração de até 2% ao ano, enquanto outras não cobram nada. Confira as taxas no site do Tesouro Direto e veja o passo a passo para investir.
A seguir, EXAME.com mostra uma simulação de rendimento se o investidor aplicar 200 reais, 500 reais ou 1.000 reais por mês, durante 30 anos, no Tesouro IPCA+ 2045. Esse é o título com o prazo de vencimento mais longo na plataforma do Tesouro Direto, sem juros semestrais. Os cálculos foram feitos pelo consultor financeiro André Massaro.
É importante ressaltar que essa é apenas uma estimativa. Não há como saber exatamente quanto o dinheiro vai render por 30 anos, pois a taxa de juros pré-fixada no momento da compra e o IPCA mudam ao longo do tempo.
Nessa simulação, foi considerada a atual taxa de juros pré-fixada dos títulos à venda, de 5,3% ao ano, durante todo o período. Também foi levada em conta a atual inflação, de 5,35% ao ano, durante os 30 anos. Considerou-se que não foi cobrada taxa de administração, que o investidor pagou taxa de custódia de 0,3% ao ano e que foi descontado 15% de Imposto de Renda no resgate.
Investimento mensal durante 30 anos | Valor final | Renda mensal durante 20 anos |
---|---|---|
R$ 200 | R$ 328.149,53 | R$ 1.367,29 |
R$ 500 | R$ 820.373,82 | R$ 3.418,22 |
R$ 1.000 | R$ 1.640.747,65 | R$ 6.836,45 |
Para investir para a aposentadoria, você pode agendar compras periódicas de títulos do Tesouro, uma vez por mês, por exemplo. Mas como saber quanto investir por mês?
No site do Tesouro Direto, uma calculadora estima a rentabilidade dos títulos de acordo com o valor que o investidor está planejando investir. Mas esse é um cálculo difícil de fazer sozinho, pois exige que o investidor saiba responder algumas perguntas.
Quando você quer se aposentar? Qual a renda que deseja ter no futuro? Por quanto tempo espera viver depois de aposentado?
Por isso, tenha calma. Se você tem menos de 35 anos, o importante é começar a investir um valor possível, o quanto antes, e manter regularidade. “É muito complicado fazer essa conta, porque você não sabe ainda qual será o seu padrão de vida e se conseguirá mantê-lo”, explica a professora de economia da graduação do Insper, Juliana Inhasz.
No início, ela sugere investir 10% da renda para a aposentadoria, mas esse valor pode ser maior ou menor, respeitando suas possibilidades. Depois, quando se aproximar dos 40 anos, aí sim é a hora de fazer as contas de quanto será preciso investir para manter seu atual padrão de vida, com a ajuda de um consultor financeiro.
Apesar do Tesouro Direto oferecer rentabilidade maior, ele também tem desvantagens em comparação com a previdência privada. A principal delas é que o investidor está sozinho, ou seja, não tem o amparo do consultor financeiro do fundo e precisa aprender e tomar decisões por conta própria.
Outra desvantagem é que, diferente da previdência privada, no Tesouro Direto o investidor não consegue transformar o dinheiro aplicado em renda mensal. Ele apenas resgata tudo de uma vez, o que exige mais disciplina financeira.
Além disso, no Tesouro Direto não é possível indicar um beneficiário para receber o dinheiro se o investidor falecer antes de se aposentar.