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A carteira de investimentos ideal para o aposentado

Especialistas recomendam priorizar renda fixa, sem abrir mão das ações de primeira linha

Uma carteira balanceada de acordo com a idade garante uma aposentadoria tranquila (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h48.

São Paulo - Para grande parte da população, aposentadoria é sinônimo de queda brusca no poder aquisitivo. Mas quem consegue poupar e construir um bom patrimônio pode até manter o padrão de vida e atingir a tão sonhada tranquilidade. Preservar o que foi acumulado e consumir os recursos de maneira controlada são os novos desafios. Para especialistas em finanças pessoais, essa não é mais uma fase de acumulação e busca por rentabilidade.

Conforto, plano de saúde e medicamentos podem gerar despesas realmente altas. Então é melhor não arriscar. "O montante acumulado é para o resto da vida. Não pode haver perdas porque a pessoa pode não ter mais tempo de recuperar", alerta o planejador financeiro Francis Brode Hesse.

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A carteira de investimentos agora precisa ser consistente e protegida, evitando qualquer tipo de alavancagem e investimento de alto risco. Isso não quer dizer migrar todos os recursos para aplicações conservadoras, mas sim balancear e rebalancear a carteira de acordo com a idade e com as modalidades de investimento com as quais o aposentado se sinta mais à vontade.

Imóveis, títulos públicos, CDBs e mesmo ações continuam como opções de diversificação. O que mudam são as proporções e níveis de risco. A seguir, especialistas em finanças e investimentos dão as dicas para a montagem da melhor carteira de aplicações para depois da aposentadoria.

 <hr>                                  <p class="pagina"><strong>Setor público X Setor privado</strong><br><br>A composição da carteira pós-aposentadoria vai depender, entre outros fatores, do benefício que cai na conta do aposentado todo mês. Se o valor for próximo ao salário da ativa, como é o caso dos servidores públicos, é provável que a composição da carteira não precise se modificar muito, pelo menos em um primeiro momento. "Quem acabou de se aposentar pode, na prática, continuar a acumular patrimônio", diz Gilberto Pouso, superintendente executivo de gestão de patrimônio do banco HSBC. </p> 

Mas essa é uma situação particular. Quando a perspectiva é a magra aposentadoria do INSS conjugada com o consumo dos recursos acumulados durante a vida inteira, o melhor é reduzir a porção aplicada em renda variável e privilegiar os investimentos conservadores, observando a proporção mais adequada para a sua idade.

Renda fixa X Renda variável

Não é que a renda variável deva ser abolida da vida do aposentado. O que muda é a necessidade de proteção da carteira e o objetivo dos investimentos. A prioridade não é mais a busca por rentabilidade e o acúmulo de patrimônio, e sim a consistência dos ganhos e a preservação do que já foi construído.

O consultor financeiro Gustavo Cerbasi ensina que a proporção de renda variável na carteira deve se relacionar à idade e ir diminuindo com o tempo. Em geral, basta subtrair de 80 a idade para obter essa proporção aproximada. Por exemplo, uma pessoa de 65 anos pode ter até 15% da carteira compostos por renda variável; ao chegar aos 75 anos, essa proporção não deve ultrapassar os 5%.

A mesma regra vale para cada tipo de ativo. Tomando o exemplo da pessoa de 65 anos, 85% de sua carteira de ações devem ser voltados para os papéis mais “conservadores”, de empresas que pagam bons e frequentes dividendos. Os 15% dedicados ao risco podem permanecer voltados para ações mais voláteis, de empresas que reinvestem a maior parte de seus lucros e que ainda têm chances de valorização. A maior ressalva é em relação aos IPOs, desaconselháveis na aposentadoria.

No mercado imobiliário também é possível encontrar essas duas frentes. A "conservadora" é composta pelos imóveis de baixa vacância, fáceis de alugar e baratos de manter, como as pequenas salas comerciais. A mais "arrojada", por outro lado, é formada pelos imóveis com potencial de valorização no médio e longo prazo.

 <hr>                                                                <p class="pagina"><strong>Diversificar sempre</strong><br><br>A máxima da diversificação para minimizar os riscos, tão apregoada pelos especialistas, continua valendo para o aposentado. "Para se proteger, o ideal é manter investimentos em dois tipos de renda fixa e dois tipos de renda variável", aconselha Gustavo Cerbasi.<br><br>No quesito renda fixa, o consultor recomenda priorizar os ativos corrigidos pela inflação, que preservam melhor o poder de compra do aposentado. É o caso das Notas do Tesouro Nacional (NTNs) e aplicações no mercado imobiliário, diretamente ou por meio de fundos. Nesses casos, é importante evitar a concentração de investimentos em um mesmo bairro e fugir dos fundos que concentrem boa parte do capital em um único empreendimento, por exemplo.<br><br>Já na frente variável, além dos dividendos é bom observar a correlação negativa entre as empresas. Isto é, preferir as empresas cujas atividades sejam complementares, como importação e exportação. Isso pode neutralizar perdas, pois quando o valor das ações cai em um setor, tende a subir em seu "oposto", e vice-versa.<br><br><strong>Imóveis X Fundos imobiliários</strong><br><br>Imóveis podem ser investimentos rentáveis, seguros e, é claro, funcionais, o que os torna ativos bastante interessantes para a aposentadoria. Mas para tirar bom proveito dessa modalidade, o ideal é ter patrimônio suficiente para diversificar bastante, por meio da aquisição de, digamos, uns cinco imóveis em localizações distintas.<br><br>Se essa diversificação for inviável, pode ser que um fundo imobiliário seja mais interessante, desde que o capital da entidade seja pulverizado para neutralizar os riscos. Essa modalidade de aplicação permite que o cotista participe de investimentos bastante rentáveis e relativamente seguros, como shopping centers e grandes edifícios comerciais.<br><br>É claro que é bom levar em conta a modalidade com a qual se tem mais familiaridade e desenvoltura. Algumas pessoas gostam de se envolver mais com seus investimentos, o que as leva a preferir os imóveis aos fundos. Mas é preciso medir os riscos: despesas em caso de vacância, depreciação do bem, referências do inquilino e fiador. "Imóvel pode dar dor de cabeça. Um despejo, por exemplo, pode não ser tão rápido, mesmo com a nova lei do inquilinato", diz o planejador financeiro Francis Brode Hesse.<br><br>Outro cuidado, na aposentadoria, é o planejamento cuidadoso quando se torna necessário vender um imóvel. "É importante haver um planejamento para não precisar vender a toque de caixa e acabar fazendo um mau negócio", recomenda Hesse.</p> 

 <hr>                                                    <p class="pagina"><strong>Fundos X Investimento direto</strong><br><br>Alguns ativos de renda fixa, como CDBs, Letras Hipotecárias e Tesouro Direto permitem um investimento direto com custos atraentes. Essa modalidade, no entanto, pressupõe um envolvimento maior do investidor, que deve acompanhar o mercado e conduzir uma estratégia por conta própria.<br><br>Os fundos, por outro lado, são mais convenientes. "Se a pessoa nunca se envolveu muito com o mercado e dedicou a vida ao trabalho, os fundos podem ser mais indicados. Não é o caso de se comparar rentabilidade, mas conveniência", explica Gustavo Cerbasi.</p> 

E quem ainda está planejando a aposentadoria?

Nesse caso, o ideal é combinar investimento de longo prazo e busca de rentabilidade. Os fundos de previdência se mostram boas opções, com vantagens tributárias para o investidor, especialmente aquele que deixa seu dinheiro aplicado por muito tempo. As taxas de administração e carregamento, por outro lado, podem ser bem altas em relação a outros fundos.

Entre os planos de previdência, os mais vantajosos certamente são os fundos de pensão, patrocinados por empresas que contribuem com uma parcela que pode ser igual à contribuição de seus empregados. Além dessa evidente vantagem em relação aos chamados planos abertos, seus custos são irrisórios para os participantes.

Especialistas recomendam os fundos de previdência para a formação de um patrimônio para a aposentadoria, e os demais tipos de investimentos - por meio de fundos ou não - como diferenciais na busca da rentabilidade.

"É bom ter um plano de previdência privada com participação em ações. O diferencial pode ser investir com um grau maior de risco, em um fundo de ações ativo, terrenos em construção e imóveis na planta, por exemplo. E não se esquecer de ter uma frente conservadora para necessidades imediatas", recomenda Gustavo Cerbasi.

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