Caixa de empresas sai reforçado do primeiro trimestre
Pesquisa mostra que, apesar de queda de receitas e de lucros, ebitda cresceu e endividamento manteve-se estável no período
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
O caixa das empresas saiu fortalecido do primeiro trimestre e surpreendeu analistas de mercado. O maior sinal foi o aumento do ebitda (resultado operacional antes de despesas financeiras líquidas, depreciação, amortização e arrendamentos). Esse parâmetro, para as empresas que compõem o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), apresentou alta de 5,9% no primeiro trimestre, em relação a igual período do ano passado. Comparando-se com os últimos três meses de 2003, o desempenho foi ainda melhor: 9,3%. A conclusão é de estudo da corretora Espírito Santo Research. O trabalho consolida o resultado de 54 companhias que respondem por 98,7% do Ibovespa, representando 11 setores econômicos.
Para os analistas, o aumento da margem operacional foi uma surpresa. Somado, o resultado das empresas pesquisadas atingiu 26,583 bilhões de reais. Na comparação entre os primeiros trimestres, 75% da amostra apresentou números positivos. O destaque ficou para o setor elétrico, cujo ebitda somou 4,126 bilhões de reais, com alta de 40% sobre o registrado de janeiro a março de 2003. Segundo a Espírito Santo Research, o setor foi beneficiado pelas elevadas tarifas praticadas, principalmente no segmento residencial. O aumento da receita combinado com a estabilidade da moeda permitiu o resultados operacionais e financeiros positivos.
Entre as empresas, a liderança coube à Perdigão, do setor de alimentos. Com 146,3 milhões em caixa, avançou 312,1% sobre 2003. Conforme os analistas, a empresa foi beneficiada, juntamente com a Sadia, pela gripe aviária (influenza) que afetou importantes países produtores no início do ano e elevou o preço médio do frango no mercado mundial.
Recuos
As empresas de papel e celulose apresentaram a maior retração de ebitda (-7,4%) na mesma comparação, ao fechar o trimestre com 1,267 bilhão de reais. Para os analistas, embora o preço médio da celulose no mercado mundial estivesse 6% superior ao do primeiro trimestre do ano passado, a valorização do real frente ao dólar reduziu a rentabilidade das exportações.
A Embraer foi a companhia que mais perdeu caixa em razão disso, com queda de 30,9%, para 301 milhões de reais em relação ao início de 2003. Pesaram contra o desempenho as despesas também geradas pelo aprendizado para desenvolver a aeronave Embraer 170 e a revisão de receitas e custos de alguns contratos com o governo. Tal revisão impactou negativamente a margem bruta em 1,2 ponto percentual. Por último, o ebitda também foi pressionado pelas maiores despesas com vendas.
Outros resultados
Para a corretora, a consolidação de resultados das 54 companhias indica relativa estabilidade. A receita líquida total, 77,320 bilhões de reais, foi 6,4% maior que a dos três primeiros meses de 2003, mas ficou 2,9% abaixo do obtido no último trimestre do mesmo ano. O lucro líquido, 12,763 bilhões, caiu nos dois comparativos: -4,8% sobre o último trimestre de 2003 e -3% sobre o primeiro. Nesta conta, a Petrobras foi a empresa que mais prejudicou as contas, pois seu lucro líquido caiu 26,8% na comparação com o início do ano passado.
A Espírito Santo Research também constatou estabilidade no nível de endividamento líquido da amostra. A estabilização do câmbio foi um dos fatores que auxiliou as empresas. As empresas fecharam março com dívida líquida total de 113,311 bilhões de reais, 1,7% maior que os 111,464 bilhões do último trimestre do ano passado. Dos 11 setores econômicos pesquisados, apenas quatro registraram alta do endividamento absoluto, em relação a dezembro de 2003: consumo, petróleo, concessões rodoviárias e petroquímica.