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Brasileiro parece incoerente ao investir, mostra pesquisa

Otimista com mercado de ações em 2013, investidor brasileiro deseja ser mais conservador neste ano, e espera altos retornos na renda fixa

O investidor brasileiro está otimista demais? (Dreamstime)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2013 às 07h00.

São Paulo – Que o investidor brasileiro é conservador não é nenhuma novidade. Mas de acordo com a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores da Franklin Templeton, o brasileiro também é aparentemente incoerente na forma de investir. Em 2013, a maior parte dos investidores está otimista em relação ao mercado de ações , mas não está disposta a adotar estratégias mais arrojadas. E mesmo com o menor patamar de juros da história, a rentabilidade esperada pelos brasileiros nos próximos dez anos é a segunda maior no mundo.

Em relação ao otimismo, os brasileiros não estão sós: 66% têm boas expectativas em relação ao mercado de ações em 2013, enquanto a média dos 19 países da pesquisa também ultrapassa os 60%. E da mesma forma que, no Brasil, 62% dos entrevistados pretendem adotar estratégias mais conservadoras neste ano, no mundo a média também passa dos 50%.

“Os investidores acreditam que o mercado tem potencial de apreciação, mas não estão pagando para ver. Talvez por conta da crise ainda estejam cautelosos”, diz Marcus Vinícius Gonçalves, head da Franklin Templeton no Brasil, lembrando que o investidor de forma geral é altamente intolerante a perdas, mesmo no curto prazo. “O investidor não quer ser o primeiro. Quer seguir a tendência, não ditá-la”, completa.

Os brasileiros também estão otimistas em relação aos retornos que terão neste e nos próximos dez anos. Nesse quesito, estão bem mais entusiasmados que o resto do mundo, e parecem fora da realidade. Para este ano, os investidores brasileiros esperam um retorno de 13,50%, e para os próximos dez anos, uma rentabilidade média de 21,30% ao ano. É a segunda maior expectativa dos 19 países pesquisados, atrás apenas dos indianos, que esperam 22,10% ao ano na próxima década. A média mundial é de 13,5% ao ano para os próximos dez anos.

Além disso, 77% dos brasileiros entrevistados esperam atingir seus objetivos de investimento sem precisar investir em ações. A incoerência reside no fato de que o Brasil está em uma era de juros nominais e reais baixos, com uma taxa básica de juros (Selic) de 7,50% ao ano. As aplicações de renda fixa, no entanto, rendem menos que isso, uma vez que além de dificilmente pagarem a Selic cheia, ainda costumam ser corroídas por taxas e imposto de renda.

De acordo com Marcus Vinícius Gonçalves, essa alta expectativa de retornos na realidade atual é o que mais difere o Brasil dos demais países pesquisados. Ele explica que isso se deve aos altos retornos recentes no mercado de renda fixa, no mercado imobiliário e até mesmo na Bolsa, se olhado o horizonte de dez anos. Mas alerta que olhar para o passado pode ser arriscado, uma vez que as perspectivas futuras não são as mesmas.


A alta aversão a risco do investidor brasileiro também pode se dever ao seu objetivo de investimento, diz Gonçalves. Comprar um imóvel é a prioridade de 36% dos investidores, enquanto nos Estados Unidos, esse é o objetivo de apenas 8% deles. O principal objetivo, apontado por 60% dos americanos, é a aposentadoria. “A meta do investidor brasileiro ainda é muito ligada à necessidade básica da casa própria”, observa o head da Franklin Templeton.

Talvez isso também explique o otimismo do investidor brasileiro em relação ao mercado imobiliário. Apesar da forte alta dos últimos anos e dos recentes sinais de acomodação do mercado, 27% dos brasileiros acreditam que os imóveis são o investimento que obterá o melhor desempenho em 2013, e 23% acham que este será o melhor ativo dos próximos dez anos.

Jovens “traumatizados” com a crise

Apesar da menor propensão em investir em ações em relação ao resto do mundo, os brasileiros esperam aplicar, em média, 24,5% de sua carteira em ações em 2013. O percentual médio em janeiro deste ano era de 21,4%. Nos próximos dez anos, o percentual médio sobe para 32,3%. “Na margem, o brasileiro vai investir mais em Bolsa, então faz algum sentido aquele otimismo. Não será um movimento dramático, mas o brasileiro vai tomar uma atitude”, diz Marcus Vinícius Gonçalves.

Ele comenta, porém, que surpreendentemente, os mais jovens (25 a 34 anos) têm menor propensão a investir em ações. “Mais de dois terços deles na pesquisa global não veem as ações como essenciais para suas metas de longo prazo. Acredito que a crise de 2008 tenha impactado essas pessoas de maneira desproporcional”, observa Gonçalves, que lembra que os jovens são os que mais deveriam considerar as ações, por terem mais tempo para fazer o investimento dar bons frutos.

O arrojo dos jovens, no entanto, se mostra na sua maior propensão em investir fora de seu país. Nesse sentido, os brasileiros estão em linha com o resto do mundo. Hoje, 70% das carteiras dos brasileiros estão alocadas no Brasil, mais ou menos o mesmo que a média global. Em dez anos, os investidores globais pretendem alocar, em média, 39% das carteiras no exterior, enquanto que no Brasil a intenção é investir 31% das carteiras fora.

Metodologia da pesquisa

Para a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores 2013, a Franklin Templeton coletou respostas de 9.518 pessoas em 19 países: Brasil, Chile, México, Canadá e Estados Unidos nas Américas; Austrália, China, Japão, Hong Kong, Índia, Malásia, Coréia do Sul e Cingapura na região Ásia-Pacífico (APAC); e Espanha, França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido na Europa.

Os entrevistados tinham entre 25 e 65 anos de idade na América Latina e na Ásia, e 25 anos ou mais na Europa e América do Norte. Todos deviam ter um valor mínimo, definido para cada país, em algum tipo de investimento. Os questionários foram respondidos entre 14 e 25 de janeiro de 2013.

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São Paulo – Que o investidor brasileiro é conservador não é nenhuma novidade. Mas de acordo com a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores da Franklin Templeton, o brasileiro também é aparentemente incoerente na forma de investir. Em 2013, a maior parte dos investidores está otimista em relação ao mercado de ações , mas não está disposta a adotar estratégias mais arrojadas. E mesmo com o menor patamar de juros da história, a rentabilidade esperada pelos brasileiros nos próximos dez anos é a segunda maior no mundo.

Em relação ao otimismo, os brasileiros não estão sós: 66% têm boas expectativas em relação ao mercado de ações em 2013, enquanto a média dos 19 países da pesquisa também ultrapassa os 60%. E da mesma forma que, no Brasil, 62% dos entrevistados pretendem adotar estratégias mais conservadoras neste ano, no mundo a média também passa dos 50%.

“Os investidores acreditam que o mercado tem potencial de apreciação, mas não estão pagando para ver. Talvez por conta da crise ainda estejam cautelosos”, diz Marcus Vinícius Gonçalves, head da Franklin Templeton no Brasil, lembrando que o investidor de forma geral é altamente intolerante a perdas, mesmo no curto prazo. “O investidor não quer ser o primeiro. Quer seguir a tendência, não ditá-la”, completa.

Os brasileiros também estão otimistas em relação aos retornos que terão neste e nos próximos dez anos. Nesse quesito, estão bem mais entusiasmados que o resto do mundo, e parecem fora da realidade. Para este ano, os investidores brasileiros esperam um retorno de 13,50%, e para os próximos dez anos, uma rentabilidade média de 21,30% ao ano. É a segunda maior expectativa dos 19 países pesquisados, atrás apenas dos indianos, que esperam 22,10% ao ano na próxima década. A média mundial é de 13,5% ao ano para os próximos dez anos.

Além disso, 77% dos brasileiros entrevistados esperam atingir seus objetivos de investimento sem precisar investir em ações. A incoerência reside no fato de que o Brasil está em uma era de juros nominais e reais baixos, com uma taxa básica de juros (Selic) de 7,50% ao ano. As aplicações de renda fixa, no entanto, rendem menos que isso, uma vez que além de dificilmente pagarem a Selic cheia, ainda costumam ser corroídas por taxas e imposto de renda.

De acordo com Marcus Vinícius Gonçalves, essa alta expectativa de retornos na realidade atual é o que mais difere o Brasil dos demais países pesquisados. Ele explica que isso se deve aos altos retornos recentes no mercado de renda fixa, no mercado imobiliário e até mesmo na Bolsa, se olhado o horizonte de dez anos. Mas alerta que olhar para o passado pode ser arriscado, uma vez que as perspectivas futuras não são as mesmas.


A alta aversão a risco do investidor brasileiro também pode se dever ao seu objetivo de investimento, diz Gonçalves. Comprar um imóvel é a prioridade de 36% dos investidores, enquanto nos Estados Unidos, esse é o objetivo de apenas 8% deles. O principal objetivo, apontado por 60% dos americanos, é a aposentadoria. “A meta do investidor brasileiro ainda é muito ligada à necessidade básica da casa própria”, observa o head da Franklin Templeton.

Talvez isso também explique o otimismo do investidor brasileiro em relação ao mercado imobiliário. Apesar da forte alta dos últimos anos e dos recentes sinais de acomodação do mercado, 27% dos brasileiros acreditam que os imóveis são o investimento que obterá o melhor desempenho em 2013, e 23% acham que este será o melhor ativo dos próximos dez anos.

Jovens “traumatizados” com a crise

Apesar da menor propensão em investir em ações em relação ao resto do mundo, os brasileiros esperam aplicar, em média, 24,5% de sua carteira em ações em 2013. O percentual médio em janeiro deste ano era de 21,4%. Nos próximos dez anos, o percentual médio sobe para 32,3%. “Na margem, o brasileiro vai investir mais em Bolsa, então faz algum sentido aquele otimismo. Não será um movimento dramático, mas o brasileiro vai tomar uma atitude”, diz Marcus Vinícius Gonçalves.

Ele comenta, porém, que surpreendentemente, os mais jovens (25 a 34 anos) têm menor propensão a investir em ações. “Mais de dois terços deles na pesquisa global não veem as ações como essenciais para suas metas de longo prazo. Acredito que a crise de 2008 tenha impactado essas pessoas de maneira desproporcional”, observa Gonçalves, que lembra que os jovens são os que mais deveriam considerar as ações, por terem mais tempo para fazer o investimento dar bons frutos.

O arrojo dos jovens, no entanto, se mostra na sua maior propensão em investir fora de seu país. Nesse sentido, os brasileiros estão em linha com o resto do mundo. Hoje, 70% das carteiras dos brasileiros estão alocadas no Brasil, mais ou menos o mesmo que a média global. Em dez anos, os investidores globais pretendem alocar, em média, 39% das carteiras no exterior, enquanto que no Brasil a intenção é investir 31% das carteiras fora.

Metodologia da pesquisa

Para a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores 2013, a Franklin Templeton coletou respostas de 9.518 pessoas em 19 países: Brasil, Chile, México, Canadá e Estados Unidos nas Américas; Austrália, China, Japão, Hong Kong, Índia, Malásia, Coréia do Sul e Cingapura na região Ásia-Pacífico (APAC); e Espanha, França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido na Europa.

Os entrevistados tinham entre 25 e 65 anos de idade na América Latina e na Ásia, e 25 anos ou mais na Europa e América do Norte. Todos deviam ter um valor mínimo, definido para cada país, em algum tipo de investimento. Os questionários foram respondidos entre 14 e 25 de janeiro de 2013.

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