Brasileiro investe em construção com melhora da economia
Intenção de gastos com materiais de construção cresceu 160% em um ano
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
O aquecimento da economia brasileira não está beneficiando apenas o setor imobiliário e o atacado na construção civil. As vendas de materiais de construção no varejo também devem ser bastante impulsionadas nos próximos meses, como indica a pesquisa de expectativa de consumo realizada pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP) junto aos consumidores da cidade de São Paulo.
De acordo com o estudo, a intenção de gastos com materiais de construção entre julho e setembro cresceu 160% se comparada ao mesmo período do ano passado. Em 2005, os paulistanos pretendiam gastar, em média, 600,75 reais com este tipo de produto. Já este ano, a expectativa de despesa subiu para 1.562,80 reais. "Há vários fatores que, combinados, levam a esse resultado. A construção civil é reativa à situação econômica. Por isso, se a economia cresce, o setor também expande", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sinduscon, o sindicato da construção.
Dentre os fatores que proporcionaram o crescimento do comércio de materiais de construção está o reajuste de 7,7% na renda do brasileiro e a maior oferta de crédito. "Além disso, há a enorme demanda reprimida dos últimos anos. Como a renda estava apertada e os juros muito altos, o consumidor evitou as compras. Agora, com os juros mais baixos e melhores condições de pagamento e de renda, isso tende a mudar", diz Zaidan.
Desde o ano passado, várias medidas de incentivo aos setores imobiliário e da construção civil foram anunciadas, contribuindo para as vendas de materiais de construção. Alguns bancos reduziram as taxas de juros para financiamentos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), o que possibilitou aumento de 95% no volume de crédito concedido nos cinco primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2005. De janeiro a maio, foram emprestados 3,26 bilhões de reais para a compra de mais de 40 mil imóveis . "Normalmente quem compra uma casa ou apartamento faz alguma alteração, mesmo que seja pequena. No caso de usados, até mesmo reforma", afirma a consultora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo.
Neste mesmo sentido contribuiu a MP do Bem, ao isentar de imposto sobre ganho de capital os proprietários que venderem um imóvel para comprar outro num prazo de 180 dias. "Muitos redirecionam os recursos que seriam utilizados no pagamento do tributo para uma reforma", diz Ana Maria.