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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu a marca histórica de 60.000 pontos às 10h06 desta quinta-feira (27/09), quando o Ibovespa, seu principal indicador, cravou 60219 pontos, com alta de 0,84%, e estabeleceu o novo recorde. O valor negociado chegou a 47,67 milhões, e o número de transações foi de 3167 negócios.
O marco é festejado pelo mercado por alguns motivos. Primeiro, mostra que a Bovespa superou as turbulências mundiais causadas pela eclosão da crise das hipotecas americanas em julho. Apanhada pelo temor de que a inadimplência dos mutuários americanos pudesse contaminar a economia real em proporções desconhecidas, a bolsa viu os estrangeiros aumentarem sua aversão ao risco e liquidarem suas posições para se resguardar em opções mais seguras, como os títulos públicos do Tesouro dos Estados Unidos.
O resultado foi uma intensa saída de capitais da bolsa em julho e agosto, quando o saldo dos investimentos estrangeiros ficou negativo em 3,386 bilhões de reais e 3,992 bilhões de reais, respectivamente. Como os estrangeiros eram o maior grupo de investidores nesses meses - sua participação foi de 35,5% e 33,1% no volume de negócios em julho e agosto -, as vendas pressionaram as cotações dos papéis. No pior momento da crise, em 16 de agosto, o Ibovespa fechou em 48.015 pontos - o nível mais baixo do ano, desde os 47.926 pontos obtidos em 13 de abril. A queda acumulada entre 23 de julho, dia anterior ao início da crise do subprime, e 16 de agosto chegou a 17,27%.
Outra razão para as comemorações do mercado é a demonstração de que a imagem do Brasil mudou junto aos investidores mundiais, à medida em que o país provou estar mais resistente aos solavancos globais. Mesmo em meio à crise, o Brasil não deixou de acumular reservas internacionais, ao contrário de turbulências anteriores, que provocaram uma saída maciça de recursos. O país aumentou em 9 bilhões de dólares as reservas entre 23 de julho e 25 de setembro, quando a cifra alcançou 162,5 bilhões de dólares.
Sinais de recuperação
Após o corte de 0,5 ponto da taxa básica de juros dos Estados Unidos, para 4,75% ao ano, promovido pelo Federal Reserve em 18 de setembro, os recursos estrangeiros começaram a voltar para o pregão. Entre 1º e 20 de setembro, o saldo de investimentos externos na Bovespa estava positivo em 2,197 bilhões de reais. No acumulado do ano, porém, ainda há um déficit de 1,795 bilhão de reais.
A aceleração da bolsa também mostra que os negócios caminham para a normalidade. O último recorde registrado antes do terremoto do mercado financeiro internacional ocorreu em 19 de julho, quando o Ibovespa marcou 58.124 pontos. Mas, depois de superados os solavancos, os investidores voltaram com fôlego e novos recordes foram registrados - o primeiro em 24 de setembro, aos 58.719 pontos. Desde então, a Bovespa estabeleceu novas marcas em três vezes, sem considerar os 60219 pontos de hoje.
A volta das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) também assinala a maior tranqüilidade do mercado. A fabricante de placas de madeira Satipel foi a primeira a testar o apetite dos investidores, ao realizar estrear na Bovespa em 21 de setembro. É verdade que a calma não significa euforia: o preço de distribuição dos papéis, 13 reais por ação, ficou no piso das estimativas dos bancos coordenadores.