Bolsas asiáticas iniciam a semana em queda
Investidores temem maior rigor da China na fiscalização do mercado de capitais. Operações com ienes também contribuem para baixa
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A Bolsa de Xangai, na China, voltou a fechar em baixa nesta segunda-feira (5/3), pressionada pelo aumento das especulações a respeito de um eventual reforço na fiscalização dos órgãos reguladores sobre a utilização ilegal de empréstimos bancários para a compra de ações. O índice Xangai Composto perdeu 1,6% e encerrou aos 2.785,31 pontos. O Shenzhen Composto baixou 0,7%, aos 725,82 pontos.
O resultado negativo também foi influenciado pela queda das ações tipo "B", denominadas em moeda estrangeira, depois que o presidente da Bolsa, Zhu Congjiu, afastou a possibilidade de uma fusão entre as ações tipo "A" (em moeda local) e tipo "B".
Segundo os analistas, uma provável redução da liquidez pode levar o Xangai Composto a romper a barreira psicológica dos 2.500 pontos no curto prazo. Na abertura do congresso da Assembléia Nacional do Povo, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse que o governo empregará um amplo conjunto de medidas para combater o excesso de liquidez no sistema bancário.
As ações dos bancos estiveram entre as mais negociadas do dia, em queda depois que o primeiro-ministro prometeu controlar os empréstimos de médio e longo prazos. De acordo com os analistas, isso fará com que os bancos tenham mais dificuldades para manter o atual ritmo acelerado de crescimento dos lucros.
No mercado cambial chinês, o yuan continuou a se valorizar frente ao dólar, ajudado pela queda da moeda americana diante do iene. No mercado de balcão, às 4h40 (hora de Brasília) o dólar estava cotado a 7,7445 yuans, contra 7,7465 yuans no fechamento de sexta-feira. No sistema automático de preços, às 4h25, o dólar valia 7,7428 yuans, de 7,7480 yuans na sexta-feira. As informações são da Dow Jones.
Ásia em queda
As bolsas asiáticas começaram a semana em queda generalizada, influenciadas principalmente pela preocupação dos investidores com a valorização do iene. A cotação da moeda japonesa deve ser impulsionada pelo abandono de posições vendidas nas operações conhecidas como "carry trades". Nessas operações, os investidores se aproveitavam das baixas taxas de juros japonesas para realizar empréstimos em ienes e comprar moedas estrangeiras. A recente valorização do iene pode fazer com que tais operações deixem de ser lucrativas.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou abaixo dos 19 mil pontos pela primeira vez desde 19 de dezembro. O índice caiu 4%, para 18.664,88 pontos. O principal motivo para o resultado, além da alta do iene, foi a expectativa de um balanço decepcionante a ser apresentado pelo HSBC após o fechamento da bolsa. As ações do banco recuaram 2,5%. A peso-pesado China Mobile caiu 6%.
A Bolsa de Taipé, em Taiwan, teve hoje a maior queda em pontos dos últimos 33 meses, influenciada por um discurso fortemente pró-independência do presidente Chen Shui Bian e pela continuação do resultado negativo nos mercados da região. O índice Taiwan Weighted caiu 3,7%, para 7.344,56 pontos. Falando no domingo a um grupo pró-independência da ilha, Chen afirmou que Taiwan "deveria ser independente e ter seu próprio nome", em um discurso que foi considerado pelos analistas como uma provocação à China. Segundo os operadores, as declarações de Chen levantaram o receio de que o ambiente político provoque uma fuga de investimentos estrangeiros. O setor mais prejudicado foi o de turismo, pois os investidores consideram que o discurso presidencial afasta a possibilidade de que Taiwan levante as restrições à entrada de turistas chineses.
Na Coréia do Sul, a Bolsa de Seul seguiu a tendência dos demais mercados e também fechou em queda, com o índice Kospi marcando uma perda de 2,7%. aos 1.376,15 pontos. A siderúrgica Posco, com desvalorização de 8,5%, e as empresas de construção civil lideraram a baixa. A possibilidade de um aperto monetário na China, para onde se destina a maior parte das exportações da Posco, prejudicou as ações da siderúrgica, embora as medidas já fossem amplamente esperadas. O receio de uma súbita desvalorização do iene também afetou o resultado.
Na Bolsa de Sydney, na Austrália, a baixa resultou do temor de uma queda no preço das commodities e de um novo recuo no pregão de hoje do mercado acionário americano. O índice S&P/ASX 200 caiu 2,3%, aos 5.653,60 pontos. O maior impacto negativo veio dos papéis da BHP Billiton, que se desvalorizaram 2,9%. Rio Tinto baixou 2,5% e Woodside Petroleum perdeu 4,2%.
Nas Filipinas, os investidores também se mostraram preocupados com a possibilidade de mais um dia de queda nos mercados internacionais, liderados pelas bolsas dos Estados Unidos. O índice PSE Composto da Bolsa de Manila afundou 4,5%, para 2.997,88 pontos.
O mercado indonésio também seguiu a trilha de descida das demais bolsas asiáticas e o índice JSX Composto da Bolsa de Jacarta fechou em baixa de 3,48%, aos 1.698,82 pontos. A principal blue chip, Telkom, recuou 3,7%, após a queda de suas ADRs em Nova York.
Com informações da Agência Estado.