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BM&FBovespa explica como planeja atrair 5 milhões de pessoas físicas

Bolsa investe no lançamento de novos produtos e na melhoria da tecnologia para o fechamento de operações

Edemir Pinto, presidente da bolsa: 5 mi de investidores não é meta inatingível (.)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, acredita que a meta de atrair para a bolsa 5 milhões de pessoas físicas em cinco anos não é inatingível. Apesar de todos os esforços, menos de 600.000 brasileiros que investem em ações - contra 90 milhões americanos. Para atrair pequenos e grandes investidores, a BM&FBovespa vai investir 300 milhões de reais neste ano, melhorar a tecnologia para a realização de operações e lançar novos produtos. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Edemir Pinto à corretora XP:

Meta de 5 milhões de pessoas físicas em cinco anos: Agora os brasileiros estão mais preparados para estar na bolsa. No passado, entravam na alta e saíam na baixa. Mas o trabalho de educação feito pela bolsa e pelas corretoras fez com que os pequenos investidores amadurecessem e entendessem que trata-se de um investimento que pressupõe um retorno de médio e longo prazos. Em 2008, quando o estrangeiro foi embora, as pessoas físicas é que ficaram e ganharam. Esse amadurecimento mostra que ter 5 milhões de investidores não é uma meta inatingível. Nos EUA, são 90 milhões de pessoas físicas, o que equivale a 30% da população. No Japão, são 27 milhões. São dois exemplos de mercados mais maduros em que a cultura de bolsa está disseminada. A mesma coisa pode ser feita no Brasil.

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Negociações de alta frequência: Após as pessoas físicas, acreditamos que nossa segunda maior fonte de crescimento serão as negociações em alta frequência. Em alguns países da Europa e nos EUA, esses investidores respondem por 60% do volume transacionado. Temos que prospectar esses fundos que negociam papéis em alta frequência e trazê-los para o Brasil. Estamos desenvolvendo o "co-location" para permitir que esses investidores tenham seu servidor dentro da bolsa e possam "cuspir" ordens de compra e venda o tempo todo. O volume de operações desses fundos é muito grande. Eles não têm muito dinheiro, mas provém muito giro. Então podem dar uma possibilidade de saída melhor para os demais investidores. Vamos investir 300 milhões de reais em tecnologia neste ano para melhorar a capacidade e a velocidade de processamento de ordens na bolsa. A previsão para 2011 é de mais 200 milhões de reais.

Ações de empresas estrangeiras no Brasil: Estamos no caminho de permitir que os investidores brasileiros - mesmo os pequenos - possam comprar ações da Apple ou da Microsoft pela plataforma da BM&FBovespa. Os bancos responsáveis pela custódia dos papéis vão trazê-los para o Brasil para que sejam negociados aqui. É o que chamamos de BDR não-patrocinado. O Deutsche Bank será o primeiro a fazer isso. Dez ações negociadas nos EUA estarão disponíveis no Brasil dentro de 60 dias. Outros bancos já apresentaram propostas e também vão fazer o mesmo em breve. Também fechamos um acordo com o CME Group, que controla a bolsa de Chicago, o maior mercado de derivativos no mundo. Já temos uma plataforma para que os estrangeiros possam negociar papéis na BM&FBovespa pela plataforma do CME. Agora vamos fazer uma plataforma única para que os brasileiros possam negociar papéis lá fora.


ETFs: Os fundos de índices de ações (ETFs) ainda são algo que não está na cultura do brasileiro. Lá fora, 30% a 40% do volume negociado nas bolsas é por meio de ETFs. No Brasil, ainda não há uma família muito grande de índices. Mas é interessante para a pessoa física, que pode comprar uma carteira de ações como se fosse um único papel. É só questão de tempo para disseminarmos a cultura dos ETFs no país.

IPOs: Queremos que 200 novas empresas sejam listadas na BM&FBovespa em cinco anos. Acho que boa parte delas será de pequeno e médio porte. Fizemos um acordo com o parque tecnológico de São José dos Campos (SP) para que empresas incubadas possam adotar as práticas de governança necessárias para se financiarem no mercado, dentro do segmento conhecido como Bovespa Mais [de pequenas e médias empresas]. No Brasil, o valor médio das empresas que chegam à bolsa é de 2 bilhões de dólares. No exterior, é de 150 milhões a 200 milhões de dólares. Nos EUA, esse valor caiu muito nos últimos anos. Para trazer o tíquete médio brasileiro para baixo, há um trabalho grande de prospecção dos bancos de investimento, dos private equities, dos escritórios de advocacia. Há 15.000 empresas brasileiras que faturam entre 100 milhões e 400 milhões de reais. Muitas delas poderiam estar no Bovespa Mais.

Concorrência: Eu discordo que haja um monopólio no mercado brasileiro de bolsas. Há algumas empresas brasileiras que negociam na Bolsa de Nova York um volume equivalente ao dobro do que é transacionado em São Paulo. E a CVM permite que qualquer um venha ao Brasil e monte uma bolsa. O que precisamos é investir em alta tecnologia para entregar o melhor serviço a um custo baixo. Se fizermos isso, não teremos motivo para nos preocupar caso um concorrente venha e se instale no Brasil.

Tarifas: Nossa bolsa não é cara. Temos preços competitivos. Um terço de nosso volume vem dos estrangeiros, que operam em todo o mundo. E eles não reclamam. O que existe é um modelo de preços diferente. Nas bolsas estrangeiras, o investidor tem o custo pela operação realizada, outro pela custódia do papel e um terceiro pela liquidação financeira. Aqui o investidor paga pela compra ou venda do papel e o resto vem embutido. Mas a somatória dos custos é igual.


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