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BC começa a elevar juros em julho, diz Barclays

A previsão é de que a taxa Selic chegue a 10,75% no final de 2010

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Após um ano do colapso do banco Lehman Brothers, episódio que marcou a crise financeira global, o Brasil já se encontra em um momento de forte recuperação econômica. A recessão no país acabou antes do que muitos imaginavam. O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou crescimento de 1,9% entre abril e junho. Com a expectativa de continuidade da recuperação, os analistas do banco britânico Barclays revisaram suas projeções e apontaram uma provável elevação da Selic (taxa básica de juros) já a partir de julho de 2010.

A  estimativa do banco é de que a taxa Selic, atualmente de 8,75%, chegue a 10,75% até o final do ano que vem, um aumento significativo em relação ao patamar de 9,25% previsto pela instituição anteriormente. “O Banco Central deve começar a agir mais cedo do que estávamos esperando”, afirmou Barclays, em relatório.

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No entanto, os analistas ressaltam que se houver qualquer sinal de inflação ou piora dos resultados econômicos, essa tendência de aumento dos juros básicos deve ser revista pelo Banco Central.

As expectativas dos analistas do Barclays são otimistas em relação à recuperação americana. Segundo eles, o PIB dos EUA deve crescer cerca de 5% no primeiro trimestre de 2010, o que deve ser bastante favorável para os mercados de ações e créditos do Brasil.

“Um ciclo virtuoso, impulsionado pelo crescimento positivo e menor aversão ao risco, deve continuar a canalizar os fluxos de capitais para o Brasil e é provável que o real continue valorizado frente ao dólar”, afirmou O Barclays em relatório.

As projeções para o crescimento real do PIB também foram revistas. Em 2009, o banco vê uma contração do PIB de 0,3%. Para 2010, o crescimento previsto passou de 4,3% para 4,8%.

2010: ano-chave

Os analistas do Barclays preveem que as taxas de juros reais baixas, as fortes perspectivas de crescimento interno e o cenário global mais promissor devem preparar o caminho para uma recuperação do investimento ao longo de 2010 no Brasil.

Além disso, os recentes resultados positivos apresentados nos mais variados setores da economia brasileira serão responsáveis pela aceleração do crescimento sustentado a partir do terceiro trimestre do ano que vem.

Quanto mais fortes forem as perspectivas de crescimento, tanto no Brasil quanto no exterior, mais o balanço de pagamentos brasileiro será afetado. No entanto, na opinião do Barclays, o Brasil não deve ter problemas para financiar um possível déficit de conta corrente.

O banco britânico manteve a previsão do dólar para 1,75 real até o final do ano.

Em relação a inflação, em 2009 e grande parte de 2010, ela deve se manter estável. No entanto, a revisão para cima do crescimento do PIB para 2010 deve refletir no aumento da inflação mais para o final do próximo ano.

A ressalva importante feita pelos analistas do banco é que na mesma época em que as políticas monetárias vão estar se normalizando, acontecerão as eleições presidenciais e a sucessão do presidente do BC. E isso por si só já embute grandes riscos econômicos e desafios ao país, segundo o Barclays. Caso Henrique Meirelles deixe a presidência do BC para disputar o governo de Goiás, como se especula, não se sabe quem será seu sucessor e se ele terá independência suficiente para elevar os juros em uma época muito próxima à eleição.

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