Bancos prevêem recorde no crédito em 2007
Projeção da Febraban mostra que empréstimos podem chegar a 37,7% do PIB no próximo ano
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A concessão de empréstimostende abater recorde no próximo ano, aponta pesquisa daFederação Brasileira de Bancos (Febraban). De acordo com o levantamento, a relação entre crédito e Produto Interno Bruto (PIB) poderá chegar a 37,7% no final de 2007, o maior valor desde o início de 1995, quando o índice era de 37%. Para o final de 2006, os especialistas acreditam que a relação crédito/PIB ficará em 34,3%.
Apesar da projeção positiva, o Brasil ainda é um dos países com a menor oferta de crédito do mundo. Segundo o economista-chefe da Febraban, Roberto Luís Troster, isso é decorrência de uma junção de fatores, que inclui alta taxa de juros da economia (Selic),baixo crescimento do PIB, elevado custo de recuperação de crédito, tributação excessiva edepósitoscompulsórios. Em sua análise, divulgada nesta quarta-feira (9/8), o economista destaca uma pesquisa realizada pelo Ministério da Justiça que estima que, para recuperar uma dívida de 500 reais, a instituição terá uma despesa igual ao valor da operação. "Os custos elevados de recuperação se refletem em taxas mais altas", afirma.
Para o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, a queda dos juros não depende apenas da redução da Selic, mas também de outros fatores, como areduçãodo compulsório- depósito que o Banco Central obriga os bancos a realizarem a fim de controlar a circulação de dinheiro no país. "Os recolhimentos elevam nossos custos do crédito", diz. De acordo com a Febraban, em junho, foram recolhidos 155 bilhões de reais em compulsórios, valor superior ao total de crédito à indústria. O Brasil, segundo a Febraban, é o país com os mais elevados recolhimentosdessa espéciedo mundo.
"A atual políticado governomostra avanços e retrocessos. Por um lado, subiu atributação[PIS-Cofins], elevou recolhimentos compulsórios e créditos direcionados, mas por outro, melhorou os indicadores macroeconômicos e foram feitos alguns avanços institucionais", afirma Troster. Segundo o economista, para que seja possível baixar os juros aos tomadores finais de crédito, é preciso melhorar ainda mais a dinâmica macroeconômica, além de racionalizar impostos e reduzir o compulsório.