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Banco pequeno dá mais dinheiro, mas é preciso cuidado

É possível encontrar boas oportunidades nos papéis emitidos por bancos pequenos e médios, que contam com a cobertura do FGC e pagam juros bem maiores

Dinheiro: bancos grandes, que passaram a concentrar valores maiores de aplicações depois dos problemas dos bancos médios e pequenos, pagam hoje bem menos para o médio investidor e exigem prazos maiores (Dado Galdieri)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 13h21.

São Paulo - Apesar do inferno astral dos bancos pequenos e médios, com vários rebaixamentos de notas de crédito, quedas de rentabilidade, liquidações e vendas – a última, do BicBanco para o China Construction Bank - é possível encontrar boas oportunidades nos papéis emitidos por essas instituições, que contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito ( FGC ) e pagam juros bem maiores.

Aplicações até R$ 250 mil são garantidas pelo FGC em caso de quebra do banco, o que elimina o risco de CDBs, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Estas duas últimas contam também com rendimento isento de imposto de renda para pessoas físicas. Os ganhos podem variar de 104% a 110% da taxa do CDI, ou o equivalente entre 10,15% a 10,72% ao ano, considerando um CDI igual à Selic de 9,75% ao ano.

Já os bancos grandes, que passaram a concentrar valores maiores de aplicações depois dos problemas dos bancos médios e pequenos, pagam hoje bem menos para o médio investidor e exigem prazos maiores para chegar a 100% do CDI. Até porque o volume de crédito não está crescendo tanto a ponto de exigir maior captação dos bancos.

Risco de atraso no pagamento

O investidor deve estar preparado, porém, para eventuais riscos no recebimento das garantias, como ocorreu recentemente com o Banco Rural, que teve os pagamentos aos investidores suspensos por quase três meses depois de um juiz do Trabalho congelar os valores para pagamento de dívidas trabalhistas da Vasp. O controlador da empresa aérea, Wagner Canhedo, teve negócios com o banco. A questão só foi resolvida no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em outro caso, do BVA, houve problemas com o registro dos CDBs na Cetip e os investidores também tiveram de esperar mais de um mês pelos valores. O ganho elevado pode até compensar esses imprevistos, mas o investidor deve estar preparado. “O risco é o investidor entrar num papel e logo em seguida ocorrer um problema com o banco, pois aí não deu tempo de acumular uma gordura de ganhos e o resultado final pode ser ruim”, diz George Waschsmann, sócio da GPS, empresa de gestão de patrimônio.


Por isso, ele recomenda que, além da garantia do FGC, o investidor analise a saúde do banco em que está aplicando. “O risco é demorar dois, três meses para receber, apesar de nos valores maiores, aplicados em DPGEs (Depósito a Prazo com Garantia Especial), o pagamento ser feito em três dias úteis pelo FGC”, diz. A remuneração é calculada até a liquidação do banco, o que pode reduzir o ganho dos investidores.

Juro maior, ganho melhor

A alta dos juros pelo Banco Central (BC) nos últimos meses para combater a inflação só aumenta a vantagem das aplicações em papéis de bancos pequenos atrelados ao juro diário, afirma Claudia Angélica Martinez, diretora comercial do Banco Máxima. “A demanda por renda fixa cresceu com os juros mais altos, que reduzem o apetite por renda variável e outros ativos de risco”, diz.

Ela destaca as LCIs como “campeãs de audiência” entre as pessoas físicas. “Além da isenção de imposto no rendimento, há ainda o apelo da garantia em uma operação ligada ao mercado de imóveis”, diz a executiva.

A maioria dos bancos menores paga taxas parecidas, em torno de 104% do CDI para prazos de até um ano no CDB, e 101% do CDI para as LCIs de 180 dias. “Abaixo desse prazo, aí a taxa já vai para 90% do CDI”, afirma Claudia, lembrando que é mais difícil emprestar para prazos abaixo de seis meses, por isso a taxa menor. No caso da LCI, o Máxima repassa os recursos para empresas do setor imobiliário, que precisam completar o caixa ou honrar algum compromisso.

Grade de CDBs de bancos menores

A procura pelos papéis de bancos menores aumentou este ano, após o FGC aumentar o valor de garantia de R$ 70 mil para R$ 250 mil. Isso provocou um momento de grandes investidores de private banks e até gestoras de recursos de procurarem papéis de bancos menores, montando carteiras, ou “grades de aplicação”, com aplicações de até R$ 230 mil por instituição.

Aplicando um pouco menos, o investidor garante que o rendimento do papel fique garantido também. “Há privates que montam carteiras com 10 bancos de menor porte e conseguem aplicar R$ 2,3 milhões por cliente”, diz a executiva. Já os gestores conseguem ampliar a rentabilidade de seus fundos multimercados ou de renda fixa ou de crédito com esses papéis.

Financeiras, até 150% do CDI

Para os que aceitam correr mais riscos, há financeiras que chegam a pagar em suas letras de câmbio 135%, 150% do CDI para o investidor. O motivo é o ganho que essas financeiras têm ao emprestar os recursos por taxas muito superiores às pagas ao investidor, às vezes de 12% ao mês, até porque a perda no crédito também é alta. “Mas um private bank de um banco grande não correria o risco de aplicar o dinheiro do cliente num papel assim, a não ser que seja uma financeira muito grande e sólida”, afirma Cláudia.

Ela lembra que os bancos estão sujeitos a maior fiscalização, com auditoria, Índice da Basileia, controles do Banco Central, o que os torna mais “travados” em termos de controles do que uma financeira de menor porte. “Mas tem distribuidoras que vendem de tudo no mercado, bancos, financeiras, e outras que só oferecem bancos, pelo risco de imagem”, afirma. Em geral, os privates montam as grades para os clientes, evitando os bancos pequenos ou financeiras nos quais a instituição não colocaria dinheiro.

As aplicações em instituições menores cresceram bastante com a oferta via internet, diz Cláudia. No caso do Banco Máxima, que começou este ano o sistema, o valor mínimo é de R$ 10 mil, mas a média está em R$ 118 mil, com 9 contas abertas por semana. “Para um banco pequeno é um valor médio alto, já que não temos agência, nem rede de distribuição”, diz.

Nova plataforma de CDBs

E esse canal de distribuição deve aumentar caso fique pronto o sistema de venda de papéis montado em parceria com a Cetip, Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord), que vai permitir a qualquer corretora ter acesso a vários bancos por um sistema só, semelhante ao Tesouro Direto. O cliente só precisará ter conta numa corretora e escolher o papel que achar mais interessante.

Segundo o presidente da ABBC, Manoel Felix Cintra Neto, o sistema deve começar a funcionar em dezembro, inicialmente apenas com CDBs, e integrando os outros, como LCA e LCI, a partir do começo do ano que vem.

A plataforma vai colocar a oferta de todos os bancos, exigibilidades e volume de aplicação. Como se fosse uma divulgação em todas corretoras, financeiras, privates e bancos. “Todo mundo tem tela da Cetip na tesouraria”, afirma Cláudia. O sistema deve, portanto, aumentar a negociação e a liquidez dos papéis. E pode ser até que o sistema permita a volta do mercado interbancário, afirma a executiva. “Estamos torcendo para que o sistema saia o quanto antes”, diz.

“O investidor está pesquisando mais, procurando informação sobre os papéis, querendo saber o que é a LCI e também sobre o banco emissor”, diz Cláudia. E os bancos aproveitam para se diferenciar das instituições que tiveram problemas recentemente, como o Banco Rural, Panamericano, BVA e Cruzeiro do Sul, estes três últimos acusados de inflar os números com operações fraudulentas. “Eles procuram saber melhor onde estão aplicando o dinheiro”, diz.

Problemas com bancos menores

Ela admite que os problemas com outras instituições complicaram a vida dos bancos médios e pequenos. “Mas é preciso ver também que os bancos menores estão fazendo sua lição de casa, estão se ajustando, muitos mudando seu foco de atuação”, diz ela, citando o caso do próprio Máxima, que deixou a parte de empréstimos para pessoas físicas e empresas em geral para se concentrar em crédito imobiliário. “Hoje o banco só trabalha com isso em crédito, e está entrando na área de moedas por meio de cartões pré-pagos”, explica a executiva.

LCI e poupança

No caso da LCI, a isenção faz o papel ser um grande concorrente das cadernetas de poupança, apesar de seu prazo de resgate ser maior que o da caderneta, que permite saques todo o mês. E, com garantia do FGC até R$ 250 mil e registro do papel e do lastro na Cetip, a operação se torna bastante segura. “O investidor médio mais desconfiado deixa de ser escravo da poupança, basta conhecer um pouco mais de mercado que há opções conservadoras”, diz Cláudia.


De maio para cá ela estima que a demanda por LCI no Máxima triplicou, com picos em junho e setembro. “Somente de junho a setembro, captamos mais que o dobro do registrado de janeiro a maio”, diz a executiva.

No caso, o cuidado é para que o rendimento da LCI supere o da poupança. A LCI tem de pagar pelo menos 80% do CDI, se não, não compensa, diz a executiva.

Sistema mais saudável

O aumento do limite de garantia do FGC foi fundamental para a saúde do sistema financeiro, diz Cláudia. O empoçamento de liquidez nos grandes bancos continua, criando problemas para eles sobre onde aplicar o excesso.

Já nos bancos menores, houve o problema da credibilidade pelos problemas com algumas instituições e o investidor migrou para o grande banco. “Agora, como novo limite e o investidor separando o joio do trigo, surge apetite por outras opções de investimento”, diz. Segundo Cláudia, não dá para ter um sistema financeiro com quatro bancos apenas. “Em um mercado sem concorrência, quem perde é o cliente”, diz.

Cláudia montou uma tabela para o investidor comparar as taxas oferecidas em CDBs e LCIs. Como são isentas de IR, as LCIs, mesmo oferecendo um juro menor, trazem um ganho líquido final mais elevado para o investidor. A tabela mostra qual teria de ser a taxa do CBD para, depois do pagamento do imposto, empatar com a isenta.

PRAZO% DO CDIEQUIVALE AO RENDIMENTO BRUTO DO CDB ( %)
361104%126%
181102%127,50%
150100%129%
12098%126,50%
9095%122,50%
6091%117,40%

Tabela IR

0 ? 180 dias181 ? 360 dias361 ? 720 diasMais de 720 dias
22,50%20%17,50%15%

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São Paulo - Apesar do inferno astral dos bancos pequenos e médios, com vários rebaixamentos de notas de crédito, quedas de rentabilidade, liquidações e vendas – a última, do BicBanco para o China Construction Bank - é possível encontrar boas oportunidades nos papéis emitidos por essas instituições, que contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito ( FGC ) e pagam juros bem maiores.

Aplicações até R$ 250 mil são garantidas pelo FGC em caso de quebra do banco, o que elimina o risco de CDBs, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Estas duas últimas contam também com rendimento isento de imposto de renda para pessoas físicas. Os ganhos podem variar de 104% a 110% da taxa do CDI, ou o equivalente entre 10,15% a 10,72% ao ano, considerando um CDI igual à Selic de 9,75% ao ano.

Já os bancos grandes, que passaram a concentrar valores maiores de aplicações depois dos problemas dos bancos médios e pequenos, pagam hoje bem menos para o médio investidor e exigem prazos maiores para chegar a 100% do CDI. Até porque o volume de crédito não está crescendo tanto a ponto de exigir maior captação dos bancos.

Risco de atraso no pagamento

O investidor deve estar preparado, porém, para eventuais riscos no recebimento das garantias, como ocorreu recentemente com o Banco Rural, que teve os pagamentos aos investidores suspensos por quase três meses depois de um juiz do Trabalho congelar os valores para pagamento de dívidas trabalhistas da Vasp. O controlador da empresa aérea, Wagner Canhedo, teve negócios com o banco. A questão só foi resolvida no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em outro caso, do BVA, houve problemas com o registro dos CDBs na Cetip e os investidores também tiveram de esperar mais de um mês pelos valores. O ganho elevado pode até compensar esses imprevistos, mas o investidor deve estar preparado. “O risco é o investidor entrar num papel e logo em seguida ocorrer um problema com o banco, pois aí não deu tempo de acumular uma gordura de ganhos e o resultado final pode ser ruim”, diz George Waschsmann, sócio da GPS, empresa de gestão de patrimônio.


Por isso, ele recomenda que, além da garantia do FGC, o investidor analise a saúde do banco em que está aplicando. “O risco é demorar dois, três meses para receber, apesar de nos valores maiores, aplicados em DPGEs (Depósito a Prazo com Garantia Especial), o pagamento ser feito em três dias úteis pelo FGC”, diz. A remuneração é calculada até a liquidação do banco, o que pode reduzir o ganho dos investidores.

Juro maior, ganho melhor

A alta dos juros pelo Banco Central (BC) nos últimos meses para combater a inflação só aumenta a vantagem das aplicações em papéis de bancos pequenos atrelados ao juro diário, afirma Claudia Angélica Martinez, diretora comercial do Banco Máxima. “A demanda por renda fixa cresceu com os juros mais altos, que reduzem o apetite por renda variável e outros ativos de risco”, diz.

Ela destaca as LCIs como “campeãs de audiência” entre as pessoas físicas. “Além da isenção de imposto no rendimento, há ainda o apelo da garantia em uma operação ligada ao mercado de imóveis”, diz a executiva.

A maioria dos bancos menores paga taxas parecidas, em torno de 104% do CDI para prazos de até um ano no CDB, e 101% do CDI para as LCIs de 180 dias. “Abaixo desse prazo, aí a taxa já vai para 90% do CDI”, afirma Claudia, lembrando que é mais difícil emprestar para prazos abaixo de seis meses, por isso a taxa menor. No caso da LCI, o Máxima repassa os recursos para empresas do setor imobiliário, que precisam completar o caixa ou honrar algum compromisso.

Grade de CDBs de bancos menores

A procura pelos papéis de bancos menores aumentou este ano, após o FGC aumentar o valor de garantia de R$ 70 mil para R$ 250 mil. Isso provocou um momento de grandes investidores de private banks e até gestoras de recursos de procurarem papéis de bancos menores, montando carteiras, ou “grades de aplicação”, com aplicações de até R$ 230 mil por instituição.

Aplicando um pouco menos, o investidor garante que o rendimento do papel fique garantido também. “Há privates que montam carteiras com 10 bancos de menor porte e conseguem aplicar R$ 2,3 milhões por cliente”, diz a executiva. Já os gestores conseguem ampliar a rentabilidade de seus fundos multimercados ou de renda fixa ou de crédito com esses papéis.

Financeiras, até 150% do CDI

Para os que aceitam correr mais riscos, há financeiras que chegam a pagar em suas letras de câmbio 135%, 150% do CDI para o investidor. O motivo é o ganho que essas financeiras têm ao emprestar os recursos por taxas muito superiores às pagas ao investidor, às vezes de 12% ao mês, até porque a perda no crédito também é alta. “Mas um private bank de um banco grande não correria o risco de aplicar o dinheiro do cliente num papel assim, a não ser que seja uma financeira muito grande e sólida”, afirma Cláudia.

Ela lembra que os bancos estão sujeitos a maior fiscalização, com auditoria, Índice da Basileia, controles do Banco Central, o que os torna mais “travados” em termos de controles do que uma financeira de menor porte. “Mas tem distribuidoras que vendem de tudo no mercado, bancos, financeiras, e outras que só oferecem bancos, pelo risco de imagem”, afirma. Em geral, os privates montam as grades para os clientes, evitando os bancos pequenos ou financeiras nos quais a instituição não colocaria dinheiro.

As aplicações em instituições menores cresceram bastante com a oferta via internet, diz Cláudia. No caso do Banco Máxima, que começou este ano o sistema, o valor mínimo é de R$ 10 mil, mas a média está em R$ 118 mil, com 9 contas abertas por semana. “Para um banco pequeno é um valor médio alto, já que não temos agência, nem rede de distribuição”, diz.

Nova plataforma de CDBs

E esse canal de distribuição deve aumentar caso fique pronto o sistema de venda de papéis montado em parceria com a Cetip, Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord), que vai permitir a qualquer corretora ter acesso a vários bancos por um sistema só, semelhante ao Tesouro Direto. O cliente só precisará ter conta numa corretora e escolher o papel que achar mais interessante.

Segundo o presidente da ABBC, Manoel Felix Cintra Neto, o sistema deve começar a funcionar em dezembro, inicialmente apenas com CDBs, e integrando os outros, como LCA e LCI, a partir do começo do ano que vem.

A plataforma vai colocar a oferta de todos os bancos, exigibilidades e volume de aplicação. Como se fosse uma divulgação em todas corretoras, financeiras, privates e bancos. “Todo mundo tem tela da Cetip na tesouraria”, afirma Cláudia. O sistema deve, portanto, aumentar a negociação e a liquidez dos papéis. E pode ser até que o sistema permita a volta do mercado interbancário, afirma a executiva. “Estamos torcendo para que o sistema saia o quanto antes”, diz.

“O investidor está pesquisando mais, procurando informação sobre os papéis, querendo saber o que é a LCI e também sobre o banco emissor”, diz Cláudia. E os bancos aproveitam para se diferenciar das instituições que tiveram problemas recentemente, como o Banco Rural, Panamericano, BVA e Cruzeiro do Sul, estes três últimos acusados de inflar os números com operações fraudulentas. “Eles procuram saber melhor onde estão aplicando o dinheiro”, diz.

Problemas com bancos menores

Ela admite que os problemas com outras instituições complicaram a vida dos bancos médios e pequenos. “Mas é preciso ver também que os bancos menores estão fazendo sua lição de casa, estão se ajustando, muitos mudando seu foco de atuação”, diz ela, citando o caso do próprio Máxima, que deixou a parte de empréstimos para pessoas físicas e empresas em geral para se concentrar em crédito imobiliário. “Hoje o banco só trabalha com isso em crédito, e está entrando na área de moedas por meio de cartões pré-pagos”, explica a executiva.

LCI e poupança

No caso da LCI, a isenção faz o papel ser um grande concorrente das cadernetas de poupança, apesar de seu prazo de resgate ser maior que o da caderneta, que permite saques todo o mês. E, com garantia do FGC até R$ 250 mil e registro do papel e do lastro na Cetip, a operação se torna bastante segura. “O investidor médio mais desconfiado deixa de ser escravo da poupança, basta conhecer um pouco mais de mercado que há opções conservadoras”, diz Cláudia.


De maio para cá ela estima que a demanda por LCI no Máxima triplicou, com picos em junho e setembro. “Somente de junho a setembro, captamos mais que o dobro do registrado de janeiro a maio”, diz a executiva.

No caso, o cuidado é para que o rendimento da LCI supere o da poupança. A LCI tem de pagar pelo menos 80% do CDI, se não, não compensa, diz a executiva.

Sistema mais saudável

O aumento do limite de garantia do FGC foi fundamental para a saúde do sistema financeiro, diz Cláudia. O empoçamento de liquidez nos grandes bancos continua, criando problemas para eles sobre onde aplicar o excesso.

Já nos bancos menores, houve o problema da credibilidade pelos problemas com algumas instituições e o investidor migrou para o grande banco. “Agora, como novo limite e o investidor separando o joio do trigo, surge apetite por outras opções de investimento”, diz. Segundo Cláudia, não dá para ter um sistema financeiro com quatro bancos apenas. “Em um mercado sem concorrência, quem perde é o cliente”, diz.

Cláudia montou uma tabela para o investidor comparar as taxas oferecidas em CDBs e LCIs. Como são isentas de IR, as LCIs, mesmo oferecendo um juro menor, trazem um ganho líquido final mais elevado para o investidor. A tabela mostra qual teria de ser a taxa do CBD para, depois do pagamento do imposto, empatar com a isenta.

PRAZO% DO CDIEQUIVALE AO RENDIMENTO BRUTO DO CDB ( %)
361104%126%
181102%127,50%
150100%129%
12098%126,50%
9095%122,50%
6091%117,40%

Tabela IR

0 ? 180 dias181 ? 360 dias361 ? 720 diasMais de 720 dias
22,50%20%17,50%15%
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